sábado, 31 de março de 2018

ARENGA 480


Fracassaram os filósofos denominados pacifistas, aqueles que segundo Henry Thomas, na página 131 de História da Raça Humana, procuraram ensinar aos homens a arte de viver em paz, em contraposição à arte de guerrear e matar ensinada com sucesso por Alexandre, O GRANDE. O fato de ter sido em épocas passadas alguém considerado grande por ser hábil em guerrear e matar é resultado da eterna obtusidade humana recusando-se a evoluir espiritualmente como mostra a realidade atual quando futilidades e imbecilidades são motivos para que alguém seja considerado célebre e famoso. As tentativas de convencer os seres humanos a viver de modo mais condizente com sua condição de ser capaz de pensar têm sido tão infrutíferas quanto as tentativas de conter a infelicidade e a violência através dos beijos e pedidos do Papa, autoridade inútil por não se impor pela força, mas por beijos e pedidos. Todavia, não há como deixar de reconhecer haver mérito naqueles que lutaram e lutam por um mundo pacífico, luta justificada uma vez que muita coisa considerada impossível de acontecer em determinado tempo acontece em outro tempo. Não é por outro motivo que se diz ser o tempo o senhor da razão. Este raciocínio deve ter tido origem no filósofo Thomas Paine, que há mais de duzentos anos afirmou: “O tempo faz mais convertidos que a razão”, conforme consta na introdução do seu livro Senso Comum. Efetivamente, nada como a experiência adquirida com o passar do tempo para convencer da necessidade de substituir por outros, comportamentos até então tidos como absolutamente justificáveis. Fartos são os exemplos desta realidade. Se antes seria risível falar-se em mulher grávida ou viúva de outra mulher, atualmente a imprensa noticia e as pessoas não se espantam em ouvir que a “celebridade” Daniela Mercury manifesta a seus admiradores tão vulgares quanto ela que gostaria de ficar grávida de sua namorada, e sobre a viúva de Marielle Franco. Da mesma forma, o fenômeno da morte. A tendência de descabelar-se que tinham as pessoas ante o cadáver de um ente querido foi substituída atualmente por um comportamento de maior tranquilidade. O pavor à morte, na verdade, só se justifica pela incapacidade de raciocinar sobre a realidade de que indiscutível da substituição do vigor físico que mantém as emoções por um desânimo tão profundo que a vida deixa de despertar interesse por ter-se tornado realmente tão desagradável que a morte passa a ser aceita com tranquilidade. Não é à toa que ao morrer pessoas apresentam ar de felicidade.

Os filósofos costumam ser considerados ou malucos ou pessoas dotadas de grandes conhecimentos e inteligência privilegiada, um tipo de extraterrestre. Mas isto  não é verdade porque a única diferença entre um filósofo e qualquer pessoa é que o filósofo se põe a pensar sobre a vida enquanto as demais pessoas, embora também pensem, mas o pensamento delas não pode lhes proporcionar as condições necessárias para ter uma visão mais profunda sobre as coisas porque está tão envolvido com a lida diária quanto estavam nossos antepassados peludos cuja única preocupação era sobreviver num mundo dominado por feras maiores, mais fortes e imensamente mais ferozes do que eles, e onde só se tinha comida quando achada ao acaso. Na página 16 do livrinho de bolso Boas Vindas à Filosofia, Marilena Chauí diz que certa vez perguntaram a um filósofo qual a finalidade da filosofia e ele respondeu que era evitar que as pessoas dessem sua aceitação imediata às coisas sem maiores considerações. Não é à toa que num de seus contos Machado de Assis afirma que toda informação deve ser purificada no cadinho da verdade antes de ser aceita como verdadeira. O hábito de não se pensar sobre o que se ouve tem sido a causa de toda a tragédia humana que se esconde atrás de uma cortina da falsa felicidade tecida com os festejamentos do pão e circo que faz alarde sobre a gravidez de Xuxa e que Juliana Paes gosta de sair sem calcinha, o que é próprio de quem não pensa em como viver melhor, razão pela qual vive pior. A vida precisa ser encarada com mais realidade e menos fantasias. Sobre a morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, espancada e jogada pela janela de um sexto andar em São Paulo, em tom poético, alguém dizia que ela não morrera, mas que fora chamada para o lado de Deus e hoje se encontra nas cores do arco-íris. Ora tudo isto é algo de uma imbecilidade sem fim porque a morte não decorre de chamamento algum, principalmente ter uma criança de passar por tamanho sofrimento a fim de ir para o lado de Deus. Na mesma linha está a afirmação registrada na reportagem sobre a biografia do ex-Beatle George Harrisson, publicada pela revista Época de janeiro deste ano, com título DEUS, LSD E POLÍTICA. Ali diz ter sido mística a sensação do jovem Beatle a primeira vez que consumiu a droga LSD, sensação comparada ao misticismo que envolveu um perseguidor de cristãos chamado Paulo, que durante uma viagem a cavalo, ofuscado por uma inexplicável luz incandescente, caiu da sela, ouviu a voz de Cristo e se tornou São Paulo o grande pregador do cristianismo. Dito assim, faz crer haver vantagem no que aconteceu com o Paulo que virou São Paulo. Mas a realidade histórica mostra que por ordem do imperador um soldado matou São Paulo justamente por pregar a palavra de Cristo numa época em que ela era proibida porque afirmava que César não era Deus. Vindo depois o imperador a perceber a possibilidade de usar a palavra de Deus como grande excelente auxiliar na arte de manter a massa bruta de povo na mansidão a enquanto a política lhe atochava o ferro, adotou a palavra de Deus e até hoje ela é usada pela política dos habitantes dos palácios que trabalham três dias na semana, têm metade do ano de folga, o erário à disposição e tão superiores que são tratados por EXCELÊNCIAS, razão pela qual as igrejas não pagam impostos sobre as fortunas mostradas na revista Forbes.

Por falta de pensar é que a humanidade vive presa a tradições que em nada correspondem à realidade. A religião é uma fonte inesgotável de informações que se analisadas sem fanatismo provar-se-ão totalmente infundadas. Não é por outro motivo que cérebros geniais afirmaram e afirmam ser a religiosidade uma grande farsa. Confrontando com a realidade da vida o que pregam as religiões, percebe-se haver uma grande diferença entre o aquilo que ela diz ser e aquilo que realmente é. Um exemplo: No capitulo Oriente versus Ocidente, página 30 do livro Filosofia, de Stephen Law, Editora Zahar, há uma informação que contradiz frontalmente com a informação religiosa, tanto no que diz respeito ao poder absoluto de Deus, quanto a emanar de Deus a luz da qual provém a sabedoria que conduz à paz e à tranquilidade. Da leitura daquele capítulo e do seguinte, intitulado A Queda de Roma, deduz-se que o período do maior apogeu do poder da religião correspondeu a um período tão obscuro da existência humana que foi denominado Idade das Trevas. Nesta fase da Idade Média o poder da igreja era tão absoluto que a não observação dos seus dogmas era punida com pena de morte dolorosa executada na fogueira, e o Papa era mais poderoso do que qualquer governante do mundo ocidental, tão poderoso que o Papa Clemente VII não permitiu que o rei Henrique VIII se divorciasse da rainha Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena, por quem estava apaixonado. Cai por terra, pois, a realidade religiosa de supor ser absoluto o poder de Deus representado pelo Papa porque se põe contra ela a realidade histórica segundo a qual os religiosos eram simplesmente massacrados por adorar Deus em vez de Cesar. Depois, outro imperador, Constantino, ante a possibilidade do desmoronamento do seu império, do mesmo modo como desmoronou o antigo Templo de Salomão, e como também precisa desmoronar o moderno templo de Salomão, de São Paulo, onde estelionatários tomam dos pobres as fortunas mostradas pela Revista Forbes.

A realidade histórica mostra ter sido a tentativa de unificar o império romano o motivo pelo qual o imperador decretou como oficial a religião cristã, o que deixa claro depender a religião da vontade do homem e não da vontade de Deus. Nem podia ser de outra forma porque ao contrário de ter Deus criado o homem à sua imagem, foi o homem o criador de Deus à imagem do próprio homem. Vários historiadores afirmam que os primeiros homens levados a pensar (razão pela qual são chamados de filósofos) foram alguns gregos que se puseram a desconfiar da afirmação até então pacificamente aceita de que as coisas existem porque uma entidade divina mandou que elas existissem. Para raciocinar não é preciso ter uma inteligência privilegiada. Se a humanidade ainda não chegou também à conclusão dos primeiros pensadores é simplesmente por se recusar a meditar sobre a realidade da vida. Deus só existe porque a ideia de sua existência é incutida na personalidade do recém-nascido de modo tão eficiente que ele se torna adulto certo de não haver necessidade de se pensar a respeito da possibilidade de haver erro nesta informação, embora todas as evidências levam à conclusão contrária. Diz-se, por exemplo, que os pobres têm a preferência de Deus. No entanto, são os que mais sofrem. Só eles são arrastados e soterrados como consequência de temporais. Só eles choram no corredor dos hospitais e passam fome convencidos da necessidade do sofrimento por ser ele purificador. São contradições que não resistem à menor análise. Diz-se que a vontade de Deus é suficiente para fazer existir as coisas. No entanto, as igrejas são postos de arrecadação de dinheiro e criminosos têm procuração de Deus para agir em nome dele. Uma única questão é suficiente para se concluir pela inexistência de Deus: a necessidade de se esconder, de ser uma ideia, na verdade uma ideia colocada na memória das pessoas quando chegaram por aqui.   

Em meio à barbárie que caracteriza o comportamento humano do Polo Norte ao Polo Sul, destaca-se com louvor nossa república de bananas habitada por Neandertais, onde as pessoas consideradas a fina flor não passam de imbecis tão imbecis que estão inseminando as mulheres com esperma dos americanos das bundas brancas para que seus filhos nasçam com aspecto diferente do resultante de sua origem proveniente da mistura de brancos, índios e negros. Não pode haver maior baixeza espiritual num povo do que se envergonhar de sua origem. Vi, com estes olhos que até home as mulheres elogiam, um professor mulato meu conhecido e grande amigo ilustrar um livro que escreveu com uma fotografia de um menino louro dizendo ser ele quando criança. Nosso país só não é uma vergonha maior porque faz parte de um mundo tão bárbaro que os presidentes das diversas repúblicas, segundo notícia na Revista Quatro Rodas, precisam de automóveis blindados para aguentar explosões e ataque químico, carregando, inclusive, armamento e reserva de sangue do mesmo tipo do sangue do presidente que transporta. Por isso, graças à incivilidade do mundo, não causa espécie o fato de só existir inidoneidade no Brasil para pobres e pretos, realidade que acaba de ser confirmada pela decisão do governo de considerar a Construtora Odebrecht como não inidônea depois da roubalheira que ela praticou contra esta massa bruto de povo que deve de logo ir providenciando seu pote de vaselina porque há pelaí um banqueiro pretendendo ser presidente da república. Inté.    

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