sábado, 3 de março de 2018

ARENGA 477


Creditar o bem-estar social ao desenvolvimento de empresas é tão falso quanto combater violência com violência maior. Isto é facilmente percebível. Basta que se disponha a pensar. Qualquer empresa tem por único objetivo o lucro, o que seria justificável se esse lucro tivesse um limite baseado na sensatez de remunerar adequadamente o trabalho que têm os empresários para adquirir bens e pô-los à disposição de quem deles necessite, poupando-lhes de maior esforço e gasto na tarefa de obtê-los. Mas a realidade é diferente. Graças à presença ainda forte da lembrança dos tempos de bicho que faz os humanos ainda terem o mesmo comportamento de bicho ao avançar ferozmente sobre as posses das outras pessoas, num comportamento individual, portanto egoísta e antissocial. Não é este o comportamento de absolutamente todos os empresários, tirar o mais que puder das pessoas que procuram seus serviços? Portanto, arrancar da sociedade tudo aquilo que for possível sem limite para deter a ganância superior à ganância da fera por comida porquanto esta para de comer quando não suporta mais. A única preocupação dos empresários com a sociedade é que a sociedade tenha muitos consumidores que paguem pontualmente as prestações de suas compras. Portanto, restrita puramente ao aspecto material. Acontece que o ser humano não é só matéria. O lado espiritual é infinitamente mais importante. Todo o mal da humanidade é reduzir sua espiritualidade a igrejas feitas de tijolos, cimento e seres humanos paramentados e tão longe da verdadeira espiritualidade quanto aqueles que os têm como guias espirituais. É aí que a humanidade erra fragorosamente porque a espiritualidade está é no respeito mútuo, na observação de que a presença do outro precisa não só ser levada em conta e respeitada, mas, também e principalmente estimada em função de sua elevada importância dado que a companhia para o ser humano é tão importante quanto respirar. Os comportamentos prejudiciais de seres humanos para com outros seres humanos mostram o quanto distante estão eles da verdadeira espiritualidade. Um exemplo: Um certo doutor Nilzon, em Salvador, quando fui acometido por um problema cardíaco, queria me submeter a uma intervenção cirúrgica desnecessária só para ganhar dinheiro. Um dentista aqui de nossa Vitória da Conquista, me fez um implante dentário que depois teve de ser desfeito com considerável sofrimento para mim. A explicação para o insucesso foi de não haver base óssea suficiente. Ora, se assim fosse, por que fazer o procedimento? São inúmeras as demonstrações de desconsideração com o outro. Estes são exemplos típicos do comportamento de empresários.

Em torno desta coisa simples da falta de união e do descompasso na vida dos seres humanos, escritores, filósofos e uma incontável papagaiada de microfone tergiversam inútil e superficialmente sobre os problemas que os afligem. O livro OS ERROS FATAIS DO SOCIALISMO, do escritor F. A. Hayek, procura demonstrar o porquê de não funcionar na prática o socialismo, enquanto que o filósofo Norberto Bobbio, na página 126 do livro ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE diz textualmente o seguinte: Estado socialista ou Estado de não-liberdade. Falta aos intelectuais e aos papagaios de microfone um salto para fora da realidade atual já inteiramente superada a fim de que se lhes vislumbrem novos horizontes. A falta de liberdade que o filósofo afirma haver num Estado socialista só pode ser entendida como erro de considerar socialismo uma prática política. A ideia de socialismo vai anos luz além desta mesquinharia porque ela envolve uma elevação espiritual ainda fora do alcance dos brutamontes seres humanos capazes de se matarem mutuamente por Deus e por dinheiro. Socialismo, na verdade, é sinônimo da convicção da realidade de ser o comportamento cooperativista em uma sociedade na qual o resultado do trabalho de seus trabalhadores é usado em benefício de todos, objetivando alcançar uma forma ideal para a vida coletiva da qual os seres humanos não podem prescindir.

Em termos de Histórica da Humanidade, a atual fase não demora a sucumbir uma vez que precisa escamotear a verdade e convencer as pessoas de que a mentira é que é a verdade. É tão sem pé nem cabeça a atual civilização que a prostituição, embora tida como atividade aviltante, proporciona posição social mais alta do que qualquer outra forma de trabalho considerado nobre e que proporcione maior benefício à coletividade. O mesmo se observa com as atividades lúdicas. Brincadeiras passam a ser consideradas tão importantes que seus executores passam a ser “famosos” e “celebridades” além de milionários. Por trás disso rola tantas coisas que a massa bruta de povo sequer imagina. As pessoas mais valorizadas socialmente são aquelas, na verdade, as de menor valor. O “mistério” que transforma em rei com vida de rei por cantar ou chutar bola basta para determinar o fim da atual cultura porque a elevação espiritual é que faz com que o homem possa ser considerado importante. Essa modalidade de vida cujo objetivo primeiro é a riqueza logo provará ser um grande fiasco. Desta forma de vida resulta a monstruosidade demonstrada na matéria publicada pela escola de alfabetização política também conhecida como blog Outras Palavras, matéria intitulada A EPIDEMIA DE JOVENS RECLUSOS EM SEUS QUARTOS, no seguinte teor: “O fenômeno dos “hikikomori”, jovens em auto reclusão, torna-se uma epidemia no Japão, atinge um milhão de pessoas, e avança no Ocidente. Quais suas bases?  -  Eles estão entre os 14 e 25 anos e não estudam nem trabalham. Não têm amigos e passam a maior parte do dia em seus quartos. Dificilmente falam com os pais e parentes. Eles dormem durante o dia e vivem à noite para evitar qualquer confronto com o mundo exterior. Eles se refugiam nos meandros da Web e das redes sociais com perfis falsos, único contato com a sociedade que abandonaram. São chamados de hikikomori, palavra japonesa para “ficar de lado”. Na Terra do Sol Nascente já atingiram a cifra alarmante de um milhão de casos, mas é equivocado considerá-lo um fenômeno limitado apenas às fronteiras japonesas. É um mal que assola todas as economias desenvolvidas – As últimas estimativas falam de milhares de casos italianos de hikikomori, um exército de presos que pede ajuda.  -   Também do ponto de vista médico, o hikikomori sofre de uma classificação nebulosa. No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a “Bíblia” da psiquiatria, ainda está registrada como síndrome cultural japonesa: uma imprecisão que tende a subestimar a ameaça do distúrbio no resto do mundo e cria consequências perigosas. Muitas vezes é confundido com síndromes depressivas e, nos piores casos o jovem é carimbado com o rótulo de dependência em internet.” Isto prova de modo irrefutável não passar de deslavada mentira a pregação dos meios de comunicação através da papagaiada de microfone de que o consumismo proporciona bem-estar social. O estado mórbido em que se encontram estes jovens submetidos a um tipo de loucura deve-se unicamente à ação criminosa dos empresários e de suas marionetes, os papagaios de microfone, que os insufla ao consumismo e os transforma em robôs. Monstruosidade é palavra mais adequada para o comportamento de quem leva a juventude a tamanho estado de morbidez em troca de fortunas cuja única finalidade é encher caixas-fortes nos infernos fiscais para dar direito a fazer pose na revista Forbes.

Absolutamente toda a infelicidade humana decorre do crime monstruoso de se instruir o recém-nascido a acreditar em duas grandes falsidades ao presenteá-lo com um crucifixo e uma caderneta de poupança. O resultado de tal aprendizado é um adulto capaz de encontrar algo de sério em vez do ridículo no ato do Papa beijar o pé de um infeliz como meio de combater a infelicidade, ou de pedir aos violentos que se tornem pacíficos como meio de promover a paz. O Papa pode beijar os dois pés da humanidade inteira e pedir durante toda sua vida por paz que será pura perda de tempo porque a humanidade será infeliz enquanto tiverem a riqueza e o poder por objetivos maiores. Seu principal objetivo deve ser a elevação espiritual que requer maior apreço ao conhecimento do que ao ouro que fez a infelicidade do Midas mitológico e fará dos Midas das caixas-fortes nos infernos fiscais. Quem viver, verá. Inté.

 

 

 

 

 

 

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