domingo, 15 de agosto de 2021

ARENGA 602

 Eu acho que o governo devia agir assim. Eu acho que o governo devia agir assado. Eu acho que eu acho que as autoridades não correspondem aos anseios da sociedade. E tome eu acho isso, e tome eu acho aquilo, e haja saco para tanto eu acho.                        Quem acha não tem certeza. Apenas admite a possibilidade de ser, o que não exclui a de não ser. Entra dia sai dia, semanas, meses, anos e a mesma cantilena enjoativa do achismo. A única coisa que muda na futricagem dos achadores disso e daquilo são os nomes das “autoridades” a que eles se referem omitindo as aspas porque autoridade só é verdadeira em quem se faz respeitar pelo caráter e dignidade que passam longe da pilantragem com pose de autoridade sem aspas. Ora é uma “autoridade” que matou o marido, ora é uma “autoridade” que passou a mão na bunda de alguém, ora é uma “autoridade” apanhada com o rego entre as nádegas recheado de dinheiro roubado, ora é uma comissão de investigação de “autoridades” presidida por uma “autoridade” investigada, ora é um empresário que é ao mesmo tempo “autoridade” como ministro do STF. O que não falta é assunto para o achismo das Candinhas entrincheiradas atrás de microfones.

              O que dizem os futriqueiros do achismo em suas análises e comentários políticos tem tanto valor quanto o que dizem as "autoridades". Isto é, nenhum valor porque nada do que dizem uns e outros não corresponde à realidade. Se os futriqueiros dizem que os bancos, o agribiuzinesse e empresários ávidos por lucro são benéficos à sociedade, as "autoridades" dizem defender os interesses da sociedade ao tampo em que instituem mumunhas como orçamento secreto, emendas parlamentares cartões corporativos, entre muitas outras formas de extorquir a sociedade cujos interesses dizem zelar.

              Até deus devia ter recorrido ao “eu acho que” em vez de afirmar categoricamente em Levítico 19:15 para não cometer injustiça num julgamento porque é o que faz nosso STF sem qualquer acanhamento. A verdade é que nada é verdade. Tudo é mentira. Quando os baba ovos de qualquer sistema vigente fazem apologia de bancos, sistema financeiro, grandes empresas, crescimento econômico e coisas do gênero, desrespeitam o discernimento de quem o tem porque a verdade é diferente segundo quem não tem rabo preso. Eis o que dizem Joseph Stiglitz, Ladislau Dowbor, Eduardo Moreira e mais alguns gatos pingados: “Os cinco maiores bancos do país lucraram, apenas neste trimestre, R$ 23 bi, completamente livres de impostos. Seus patrimônios somados já ultrapassam o PIB brasileiro”. E mais: “O crescimento não é sustentável nem do ponto de vista ambiental e nem do social; em que não agimos em conjunto, como uma comunidade, para atender nossas necessidades comuns, de certa forma porque o individualismo desabrido e o fundamentalismo do mercado erodiram qualquer sentido de comunidade e levaram a uma exploração selvagem de indivíduos inocentes e desprotegidos e a uma crescente divisão social”.

No mesmo sentido, este trecho do artigo do fabuloso jornalista Mauro Santayana, intitulado COMO OS BANCOS LUCRAM COM A FOME NO MUNDO, onde se lê o seguinte: “Enquanto a Alemanha obriga os países europeus a cortarem até o osso seus orçamentos sociais – deixando como saldo o aumento espantoso do número de suicídios ou das pessoas mortas por falta de assistência médica do Estado e, a cada dia, mais trabalhadores obrigados a buscar, na lata de lixo, o que comer – os bancos continuam acumulando, e de forma criminosa, dinheiro e poder como nunca”. Logo mais adiante, no mesmo artigo: “O HSBC mundial, que ganhou no governo FHC o banco Bamerindus, e que tem no Brasil o seu terceiro mercado mais lucrativo do mundo, teve de pagar quase dois bilhões de dólares de multa, em acordo feito com o governo norte-americano, por ter, comprovadamente, lavado dinheiro do tráfico de drogas”.

Mais uma vez e sempre, olha o velho Marx: OS FILÓSOFOS SE PREOCUPAM EM ANALALIZAR O MUNDO, MAS O MUNDO PRECISA É SER MODIFICADO    . 






Nenhum comentário:

Postar um comentário