terça-feira, 8 de agosto de 2023

ARENGA 691

 

Só o próprio povo pode salvar-se do desastre que já se manifesta. Deus não o livrará dos incêndios se ele transformou Sodoma e Gomorra em cinzas. Não livrará o povo das enchentes se ele afogou até os animais no Dilúvio. Não poupará o povo das guerras se ele comandou com seus superpoderes guerras sangrentas onde até crianças eram passadas a fio de espada em favor dos israelitas. Nem livrará o povo das crises porque tanto Abraão quanto Moisés e Isac foram vítimas de braba crise de fome por seguirem orientação de deus. Mas, se o povo é tão estúpido que por não saber encontrar-se em perigo vive a cultuar escoiceadores de bola e cantadores de bobagem que elevam à categoria de reis e lhes dá tanta riqueza como se fossem reis de verdade, quem salvará o povo da hecatombe resultante do processo de transformar tudo em dinheiro inclusive o tempo, como dizem ter orgulho em fazer os americanos de bunda branca?

Como esperança não deixa de haver assim tão facilmente, e há muitas pessoas tentando mostrar ao povo o caminho da salvação, só há um jeito que é apegar-se a estes salvadores. Mas eis que também aqui surge o problema mencionado por mestre Rousseau de não se poder ser claro com quem é desatento. Desta forma, como serem claros os salvadores do povo se o povo é desatento e ligado em escoiceadores de bola, cantadores de bobagens, divindades e futucação de telefone?

Seguinte: voltando outra à teimosia da esperança em nunca desanimar, o negócio é esperar que nossos salvadores mudem seu método de ação e em vez de apenas escreverem livros nos quais se atêm exclusivamente em análises dos problemas, passem a ter por prioridade um trabalho de desemburrecimento coletivo para fazer com que a massa ignara se torne capaz de se desligar do que se liga e passar a se ligar no que não se liga.

E assim encerramos mais essa “prosa” lembrando que só a opinião pública tem o poder de mudança, mas como a opinião pública é moldada pela mídia forjada na forma da cultura do venha a mim e os outros que se danem, tudo estará perdido sem que se mude tal estado de coisas porque para a cultura em voga o normal é justamente o anormal. Portanto, ou muda, ou muda.   

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