sábado, 22 de fevereiro de 2014

ARENGA NÚMERO CINCO


 

Um sábio afirmou que sua convivência com as pessoas comuns causava nele um mal-estar equivalente ao mal-estar provocado por doença. Quer dizer, pessoa comum é doença mental para quem tem a mente elevada. Pessoas comuns são aquelas para as quais a vida se resume em aprender uma atividade, exercê-la para ganhar dinheiro para comprar carro, apartamento, casar, ter filhos, tentar ficar rico, e, como disse o sábio Leonardo da Vince, encher latrinas. O sábio, ao contrário das pessoas comuns, como nos ensinam os Grandes Mestres do Saber, dão maior importância aos assuntos relacionados à espiritualidade porque a utilidade destes transcende a vulgaridade da vida das pessoas comuns.

Aqui estão alguns exemplos de comportamento das pessoas comuns: Estava eu, pessoa apenas um milionésimo menos comum, numa sala de espera aguardando a vez de ser atendido quando um telefone celular de alguma pessoa comum soltou um berro semelhante ao apito de um navio, causando-me susto tão grande que quase arremessou longe o livro que eu lia. Na semana anterior, na mesma sala, também fui impedido de ler meu livro porque um pai (pessoa comum) berrava no celular enquanto sua inocente filhinha subia na mesinha do centro da sala e pulava de lá aos gritos enquanto sua mãe (pessoa comum) olhava indiferente para a televisão e folheava uma destas revistas sobre as futilidades das pessoas comuns. Em outra ocasião, esperava eu um elevador, quando uma senhora (pessoa comum) que acabara de chegar entrou no elevador, e eu que chegara primeiro, fiquei do lado de fora. Buzinar carros e roncar motos na madrugada, despertando quem dorme, às vezes a custo de medicamento, é também comportamento de pessoas comuns.

A mente destas pessoas é inferior à dos sábios, nem sempre por desinteligência, mas por falta de oportunidade de elevar-se a um plano superior. A sabedoria do sábio vem menos da inteligência do que dos objetivos sobre os quais ela, a mente, tem por prioridade posto que a atividade de pensar é a praia deles, os sábios, enquanto que o dinheiro e invejar os americanos das bundas brancas é o mundo das pessoas comuns. Exercer a atividade de pensar eleva a espiritualidade e diminui a brutalidade. Platão afirmava que a atividade de governar deveria ser exercida por filósofos (pessoas que pensam).

Assim, razão de sobra tem o sábio para não gostar da companhia de pessoas comum como nós, uns mais, outros menos. Se os bichos atendem suas necessidades fisiológicas em qualquer lugar, para as pessoas comuns também nada significa a presença de outras pessoas.

A absolutíssima maioria dos brasileiros é composta de pessoas comuns, embora haja em muitos deles inteligência superior à de quem já superou esta fase, faltando-lhes tão somente aprender como se comportar socialmente. Papagaios televisivos com microfones na asa, quer dizer, na mão, ensinam por refinamento social requintes fúteis como usar vários garfos e várias facas numa refeição, em que tipo de taça deve ser servido determinado tipo de vinho, ou que vinho é apropriado para acompanhar carne ou peixe. Entretanto, comportamentos adequados para se viver em sociedade sem molestar as outras pessoas, só são encontrados nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, mas tais ensinamentos passam ao largo das pessoas comuns.

Entretanto, a capacidade fabulosa de pensar pode transformar espiritualmente bichos em gente do mesmo modo como a natureza fez com o físico.

Arengaremos mais depois de descansados os sacos. Inté.

 

 

 

 

  

 

 

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