quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

UM PRESENTE COM O PÉ NO PASSADO


 

No meu tempo de menino as histórias começavam com um “Era uma vez...”. Hoje, como o “chic” é falar ingreis, nossa história vai começar com um “Once upon a time”. Lá, muito, muito longe, no tempo dos reis, príncipes e princesas, um homem de grande inteligência, sabedoria, conhecimento e elevado senso de moralidade e solidariedade humana foi aconselhado a se tornar conselheiro de algum príncipe. Quem o aconselhava era um seu amigo que também era um sábio e acreditava que da sensatez e sabedoria do aconselhado resultariam sabias soluções em benefício do povo governado pelo príncipe que o tivesse como conselheiro.

A história tem quinhentos anos de idade e foi criada por Thomas More. Está na página 25 do livro A UTOPIA, editora Martin Claret, Coleção Obra Prima de Cada Autor. Trata-se de uma observação de um homem sensato sobre a insensatez da forma de governar de sua época, o que fica evidenciado na resposta do homem sábio e honrado que fora aconselhado a participar do governo de algum príncipe. Esta foi a resposta: “Em primeiro lugar, os príncipes preocupam-se apenas com a guerra ou a arte da cavalaria, cujo conhecimento não possuo nem desejo. As artes da paz são desprezadas: esforçam-se com mais aplicação em empregar todos os meios, bons ou maus, para aumentar os seus domínios, do que governar com justiça e paz os que já possuem. Para mais, os conselheiros dos reis julgam-se todos tão sábios que dispensam o auxílio de outrem; outros, ainda, vergonhosamente compartilham e aplaudem a opinião insensata de seus superiores. Todo o seu esforço se dirige no sentido de obterem as boas graças dos favoritos dos príncipes”.

Estas afirmações definem com absoluta correção a situação atual, quando os governos de todas as sociedades do mundo são exercidos por insensatos obedientes às ordens de seus superiores, os ricos donos do mundo, uns e outros incapazes de perceber já ir muito longe a época dos reis e dos príncipes, adotando o mesmo comportamento insensato de aumentar os seus poderes e domínios com o único objetivo de acumular riquezas para serem trocados por mais poderes e domínios que resultariam em mais riquezas para produzirem mais poderes e domínios, círculo vicioso que continua a pleno vapor. Até os qualificativos de “reis”, “príncipes” e “princesas” mantêm-se em voga e os descalabros a cada dia são maiores, situação ainda mais vexatória em função do incremento populacional do que os censurados por Morus há quinhentos anos. A decadência da qualidade de vida proveniente da correria insana, do barulho, da ingestão e respiração de venenos, da ignorância que produz toda a infelicidade do mundo e que é propositadamente fomentada pelos governos dos atuais “príncipes” através do constante fechamento de escolas ou dos maus-tratos aos professores obrigados a dedicar mais tempo aos “bicos” do que à educação de seus alunos em busca da sobrevivência, isso e a maldita cultura do TER, produzem uma sociedade tão infeliz que destruirá a possibilidade de felicidade das criancinhas de hoje cujos pais idiotizados e frequentadores de igrejas dizem amar.

A destruição dos recursos naturais de onde provém a vida é a mais cabal prova da ignorância humana, procedimento apregoado pelos “príncipes” obedientes a seus superiores, os ricos donos das indústrias de carros, saúde, segurança, moradias, educação e armas para promover a matança necessária ao controle da população de frequentadores de igrejas apenas na quantidade necessária para por em funcionamento as máquinas de produzir dinheiro e infelicidade. A ameaça já quase realidade de faltar terras com capacidade de produzir alimentos nada significa para os “príncipes” e seus apaniguados da ilha de riqueza num oceano de pobreza.

Enquanto se busca da infelicidade, lotam-se os templos dedicados à adoração de divindades e de “príncipes”. Não tem outra finalidade os tais Institutos Lula, FHC, Sarney. JK, e sabe-se lá quem mais. Inté.

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