No meu
tempo de menino as histórias começavam com um “Era uma vez...”. Hoje, como o
“chic” é falar ingreis, nossa história vai começar com um “Once upon a time”.
Lá, muito, muito longe, no tempo dos reis, príncipes e princesas, um homem de grande
inteligência, sabedoria, conhecimento e elevado senso de moralidade e
solidariedade humana foi aconselhado a se tornar conselheiro de algum príncipe.
Quem o aconselhava era um seu amigo que também era um sábio e acreditava que da
sensatez e sabedoria do aconselhado resultariam sabias soluções em benefício do
povo governado pelo príncipe que o tivesse como conselheiro.
A história
tem quinhentos anos de idade e foi criada por Thomas More. Está na página 25 do
livro A UTOPIA, editora Martin Claret, Coleção Obra Prima de Cada Autor.
Trata-se de uma observação de um homem sensato sobre a insensatez da forma de
governar de sua época, o que fica evidenciado na resposta do homem sábio e
honrado que fora aconselhado a participar do governo de algum príncipe. Esta
foi a resposta: “Em
primeiro lugar, os príncipes preocupam-se apenas com a guerra ou a arte da
cavalaria, cujo conhecimento não possuo nem desejo. As artes da paz são
desprezadas: esforçam-se com mais aplicação em empregar todos os meios, bons ou
maus, para aumentar os seus domínios, do que governar com justiça e paz os que
já possuem. Para mais, os conselheiros dos reis julgam-se todos tão sábios que
dispensam o auxílio de outrem; outros, ainda, vergonhosamente compartilham e
aplaudem a opinião insensata de seus superiores. Todo o seu esforço se dirige
no sentido de obterem as boas graças dos favoritos dos príncipes”.
Estas afirmações definem com absoluta
correção a situação atual, quando os governos de todas as sociedades do mundo
são exercidos por insensatos obedientes às ordens de seus superiores, os ricos
donos do mundo, uns e outros incapazes de perceber já ir muito longe a época
dos reis e dos príncipes, adotando o mesmo comportamento insensato de aumentar
os seus poderes e domínios com o único objetivo de acumular riquezas para serem
trocados por mais poderes e domínios que resultariam em mais riquezas para
produzirem mais poderes e domínios, círculo vicioso que continua a pleno vapor.
Até os qualificativos de “reis”, “príncipes” e “princesas” mantêm-se em voga e
os descalabros a cada dia são maiores, situação ainda mais vexatória em função
do incremento populacional do que os censurados por Morus há quinhentos anos. A
decadência da qualidade de vida proveniente da correria insana, do barulho, da
ingestão e respiração de venenos, da ignorância que produz toda a infelicidade
do mundo e que é propositadamente fomentada pelos governos dos atuais “príncipes”
através do constante fechamento de escolas ou dos maus-tratos aos professores
obrigados a dedicar mais tempo aos “bicos” do que à educação de seus alunos em
busca da sobrevivência, isso e a maldita cultura do TER, produzem uma sociedade
tão infeliz que destruirá a possibilidade de felicidade das criancinhas de hoje
cujos pais idiotizados e frequentadores de igrejas dizem amar.
A destruição dos recursos naturais de
onde provém a vida é a mais cabal prova da ignorância humana, procedimento
apregoado pelos “príncipes” obedientes a seus superiores, os ricos donos das
indústrias de carros, saúde, segurança, moradias, educação e armas para
promover a matança necessária ao controle da população de frequentadores de
igrejas apenas na quantidade necessária para por em funcionamento as máquinas
de produzir dinheiro e infelicidade. A ameaça já quase realidade de faltar
terras com capacidade de produzir alimentos nada significa para os “príncipes”
e seus apaniguados da ilha de riqueza num oceano de pobreza.
Enquanto se busca da infelicidade,
lotam-se os templos dedicados à adoração de divindades e de “príncipes”. Não
tem outra finalidade os tais Institutos Lula, FHC, Sarney. JK, e sabe-se lá
quem mais. Inté.
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