sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

ARENGA NÚMERO QUATRO


 

Não se pode desconhecer que nosso desassossego predomina sobre o sossego, a infelicidade sobre a felicidade, a guerra sobre a paz, a desarmonia sobre a harmonia e a competição sobre a cooperação. Cumpre saber o motivo pelo qual isto ocorre, se queremos sossego, felicidade, harmonia, e a ninguém mais é dado desconhecer que a competição gera violência. Este aparente enigma deixa de intrigar quando se analisa o comportamento individual das pessoas. Percebe-se então que os vexames são buscados voluntariamente por cada um. Percebe-se também que tal comportamento decorre do fato de ignorar que daquele comportamento resulte uma situação vexatória. Em determinado escritório desta nossa cidade, vi uma senhora grávida que manuseava dinheiro e as fichas de um fichário, sendo que para esta segunda operação ela umedecia o dedo na boca para melhor desgarrar uma ficha da outra, comportamento que pode afetar seriamente a saúde daquela mulher e a criança dentro dela. Se ela pudesse ver os germes transferidos do dinheiro e das fichas para sua boca e dali para o sangue que nutre sua criança, tal convencimento certamente a impediria de agir assim.

Do mesmo modo, ignorar o indivíduo a maneira correta de agir socialmente também é fonte de vexames para a sociedade. Os pobres diabos que buzinam na madrugada, que berram ao celular, que passam na frente de quem espera o elevador, que praticam vilanias em busca de riqueza, que acreditam ser a caridade sua única obrigação para com os deserdados pela sorte, estes tem comportamento tão danoso para a sociedade quanto tem aquela mulher lambedeira de dedo para si e seu filho ou filha. Entende-se a razão pela qual os Mestres do Saber afirmam que a infelicidade humana tem uma única causa: A IGNORÂNCIA.

É a ignorância dos conduzidos que dá sustentação aos condutores da sociedade. A política e a religião determinam o destino da humanidade e ambas só se mantém devido à ignorância que produz a indiferença quanto as coisas verdadeiramente importantes. Se a política visa a luxúria de poucos, a religião torna o resto indiferente à realidade e convictos de que só Deus pode melhorar o mundo. Nestas duas instituições está a força que subjuga a humanidade.

A situação em que nos encontramos pode ser representada no seguinte exemplo: Suponhamos a criação de duas grandes e influentes instituições. A primeira seria um imenso clube recreativo no qual a única participação de seus duzentos milhões de sócios se limitaria ao pagamento das mensalidades, uma riqueza fabulosa a ser administrada por pessoas cuja personalidade e caráter foram moldados por uma cultura na qual a desonestidade prevalece sobre a honestidade, o enriquecimento a qualquer custo é considerado a base da felicidade, e o sofrimento dos que sofrem é problema dos próprios sofredores que não quiseram escolher o caminho correto lá na encruzilhada do livre arbítrio. A segunda instituição deste exemplo teria por função manter os pagadores das mensalidades eternamente num mundo tão fantasioso que passam de geração a geração a convicção de que um velhinho viaja pelo espaço numa carroça puxada por veados voadores.

Estas duas instituições se completam na formulação do comportamento de quem paga impostos e dízimos para manutenção de fabulosas riquezas e vida faustosa para poucos em suntuosos palácios onde realmente se vive um mundo de fantasia.

Arengaremos mais depois de esvaziados os sacos. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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