terça-feira, 11 de novembro de 2014

ARENGA SETENTA E DOIS


Aqui nesse nosso rincão chamado Brasil as coisas ainda são mais bárbaras do que nos rincões que abrigam outros seres também tão bárbaros que praticam cerimonias religiosas antes de jogar bomba em cima de criancinhas para tomar o petróleo de seus pais. Era bem assim que agiam os seres intermediários entre o bicho peludo e andando de quatro que fomos e o bicho pelado andando de dois que somos. Também eles realizavam cerimônias grotescas antes de sangrar alguém para que daquilo resultasse mais poder para seus deuses. O livro O Mundo de Sofia, na página 36, o autor e filósofo Jostein Gaarder, apresenta um aspecto interessante da mitologia na afirmação de que os criadores de mitos daquela época ainda não tinham tido a ideia de um deus que pode tudo e criavam seus deuses que também tinham problemas como eles, os bichos pludos. Assim, os sacrifícios ajudavam os deuses em suas lutas contra suas adversidades. Quando os jovens de hoje derem lugar a jovens de melhor nível espiritual, o que deve demorar prá burro (A palavra burro não veio intencionalmente), terão momentos de satisfação ao tomarem conhecimento da lenda do Martelo de Thor cuja narração começa ainda na página 36 daquele interessantíssimo livro que a juventude está perdendo por preferir a imbecilidade de futucar telefone e enferrujar sua capacidade cerebral.

Desviou do que se falava. Falava-se do fato de ser nosso povo brasileiro ainda mais bárbaro do que aqueles bárbaros de sacrificam criancinhas rechonchudas e esquálidas para lhes tomar o que tem. Quem viveu o bastante para compreender o mecanismo do relógio da vida fica triste de ter de viver num ambiente de pessoas inocentes como crianças. É curioso o fato de haver idosos com a mesma imaturidade espiritual dos jovens. Um idoso que embarca num ônibus e viaja três ou mais centenas de quilômetros para fazer oração, comprar imagens de santos e depositar caridade no cofrão com uma rachadura por onde entram cédulas de dinheiro lá na Lapa é alguém que não aprendeu absolutamente nada da vida, e é exatamente por falta desse aprendizado que a vida foi conduzida tão mal que os cientistas da ONU concluíram que no meio deste século a coisa não vai estar para brincadeira. Os jovens abobalhados nem estão aí para a situação a ser enfrentada por seus filhos. Não tem limite a crueldade de quem monta um sistema político que fica mais forte à medida que fica mais fraca a capacidade de raciocínio do povo que administra. Até lembra os bárbaros que sacrificavam as pessoas para que seus deuses ficassem mais fortes. É da inocência e da falta de maturidade e de conhecimento de outra coisa que não sejam trabalho e bobagens, que resultou no impasse em que se encontram as condições de garantia de vida sob o olhar indiferente dos pais e das mães que ostentam orgulhosamente suas barrigas estufadas sem que nem lhes passe pela cabeça o que vai enfrentar aquela criança.

“Once upon a time”. Desnecessário dizer que isto significa “era uma vez” porquanto o “ingreis” já é a segunda língua falada no Brasil. Portanto, once upon a time morava um povo que andava nu e que desconhecia o significado da palavra “infelicidade”. Quando alguém apontou para o mar e todos olharam, viram três caravelas que se chamavam Santa Maria, Pinta e Niña e a partir daquele dia a palavra infelicidade nunca mais deixou aquele pedaço de chão e seu povo se tornou de uma infelicidade tão grande que até perdeu o discernimento e se porta de modo ridículo perante a comunidade internacional tão estúpida que não percebe estar cavando sua sepultura com a fome insaciável de criar riqueza, quando o grande mote para uma vida saudável e alegre de uma alegria duradoura está na simplicidade. Uma presidente da república que usa sapatos ao custo de mil e duzentos reais pode ser qualquer coisa, menos uma líder de um povo pobre e ignorante onde bancos não tem compostura em anunciar um lucro de um bilhão a cada mês. Quando o próprio banco declara esta exorbitância é porque a quantia é muito maior, o que deixa uma interrogação em cima da cabeça de quem pensa por não conseguir encontrar explicação para a indiferença demonstrada por quem ajunta uma fábula de riqueza bem na cara de multidões de necessitados ávidos pelas maravilhas da vida de rico que a televisão lhes esfrega na cara a todo momento. Há exemplos na história mostrando o desastre em que resulta a situação de autoridades elevadas ao nível de deuses e povo considerado como tendo a obrigação de alimentar todas as vontades das divindades políticas acasteladas em templos onde a fartura de tudo é de fazer inveja a Salomão. A imprensa noticia que a Polícia Federal tenta em vão há sete meses ouvir Lula sobre o mensalão. Não dá para deixar de tirar o chapéu para quem afirmou que tudo de ruim vem da ignorância do povo, fato evidente na escolha que o povo brasileiro faz para seus representantes. Inté.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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