Há uma
indisposição generalizada em observar a confusão que se faz em torno da tarefa
simples de viver a vida. Livros e mais livros são escritos sobre os mais
diversos assuntos, porém nada sobre a tarefa de viver desvinculada da tarefa de
fazer alguma coisa em troca de dinheiro. Ao contrário, papagaios alardeiam mundo
afora em microfones papagaiamentos massacrando a mente humana até tornar
verdade a mentira de ser preciso comprar cada vez mais coisas num frenesi tão
alucinado que bichos em forma de gente se amontoam esperando o momento de baixarem
as portas de lojas para, em profusão, como estouro de boiada, atender ao
chamamento dos papagaios de microfone. Quando as compras diminuem, os papagaios
metem na cabeça vazia do populacho que isso é muito ruim para a sociedade que é
preciso comprar porque disto depende o desenvolvimento. Acontece que o
desenvolvimento no sentido dado pelos papagaios é que é ruim. O dicionário
indica vários sentidos para a palavra desenvolvimento que podem ser resumido em
“fazer crescer”. Portanto só há vantagem em se desenvolver o que é benéfico
para a sociedade. As indústrias que produzem as coisas que os papagaios
alardeiam, os automóveis, bancos e empreiteiras são terrivelmente nocivos à
sociedade. Se a vida está se tornando inviável e se as crianças irão sofrer
falta dos bens naturais indispensáveis à vida, tal circunstância se deve à ação
de produzir coisas para serem trocadas por riqueza acumulada nas mãos dos
aproveitadores que desde sempre transformaram em dinheiro os recursos naturais com
o único intuito de fazer pose por ter uma montanha de riqueza e fazer bonito na
revista Forbes. Não é à toa que um cara desses que sabem onde tem o nariz falou
que a mentira repetida muitas e muitas vezes vira verdade. Embora não seja
verdade haver vantagem no compra-compra porque ele está destruindo a saúde e
logo destruirá a vida, as cabeças de pouco cérebro tomam esta mentira verdade.
É impossível encontrar alguma correspondência entre a realidade da vida e as
mentiras dos papagaiamentos sobre dólar, cotação, câmbio, superávit, material
humano, capital de giro, capital circulante, tantas coisas mais, e todas falsas
do ponto de vista da harmonia social, que escapam ao meu conhecimento e ao
interesse em digitá-las. As coisas papagaiadas como necessárias à vida servem
apenas para a formação de uma riqueza que de nada serve à sociedade como um
todo, mas tão somente a um grupinho de apaniguados dos palácios dos governos de
onde saem todas as tramoias que o povo nem sequer imagina e nem pode imaginar em
função de sua qualidade de manada para quem a vida se resume em contorcer os
quadris e fazer orações tão inúteis quanto os apelos do papa pela paz ou sua
pregação também antissocial em papagaiar para as cabeças de pouco cérebro que o
aborto e a eutanásia são negativos para a sociedade, quando, na realidade, são
benéficos.
Nenhuma
justificava pode haver para a displicência com que estão sendo encarados os
desastres de secas pavorosas e enchentes monumentais que irão envolver a massa
amorfa de imbecis alheios a tal situação. É como se nada estivesse acontecendo.
Aos domingos os papagaios papagaiam as excelências dos esportes quando deveriam
estar alertando para a situação prevista pelo relatório da ONU sobre as
condições futuras de vida. A matança que os brutos seres humanos empreendem
entre si parece ser de cooperação com a natureza ajudando-a a se livrar da pior
espécie animal de cuja criação teria ela se arrependido e resolvido banir por
absoluta falta de competência para gerir o belo planeta azul em função de tanta
brutalidade. Na sociedade americana se disputa quem teve a glória de matar o
Bin Laden, numa demonstração de animalismo porque matar é próprio de bichos.
Pois, para o religioso povo americano da bunda branca, criador da figura
política do Bin Laden, é motivo de glória que justifica a disputa entre os
soldados cada um reivindicando o direito de ter disparado o tiro que o matou. É
este tipo de gente que é invejada pela sociedade brasileira moralmente aleijada
e tão inferior em termos de evolução espiritual que a prostituição, a jogatina,
o roubo, a amoralidade e a imoralidade orientam seu comportamento. A afirmação
de ser a família a célula mãe da sociedade explica a baixa qualidade moral da
sociedade brasileira porquanto família que se reúne para assistir Fazenda e BBB
não pode ser exemplo de moralidade.
Está tudo
de cabeça para baixo e a humanidade não pode saber por que a constante repetição
da mentira de que o negócio deve ser resolvido no trinta e oito tomou o lugar da
verdade de que o negócio deve ser resolvido no diálogo educado de pessoas
educadas. O problema é que não parece haver pessoas educadas em parte alguma de
um mundo com tanta selvageria porque a educação não prescinde do conhecimento
da sociabilidade ou da necessidade de comportamentos adequados para se viver em
grupo, uma vez que isto é vital para a humanidade. Falam em globalização sob o
princípio animalesco de levar vantagem, defendido pelo Secretário de Estado
americano que aprendeu errado e ensinou errado aos tolos que lhe seguem os
passos e também passaram a pensar que o bom mesmo é aprender a fazer coisas e
convencer o mundo da vantagem de comprá-las. Mas, se tudo está ruim em função
de se adotar a mentira por verdade, por que não sair da mentira e seguir na
direção contrária aos papagaiamentos mentirosos? Dar ouvidos aos papagaios é
destruir a felicidade das criancinhas de hoje. A estupidez de fazer e vender
coisas ou de acreditar ser importante a corrupção do esporte, havendo até
papagaios que aprenderam a papagaiar que o esporte educa. Cientistas afirmam a
necessidade urgente de medidas que revertam a agressão feita à natureza
enquanto os principais falsos líderes do mundo anunciam o começo de tais
medidas para daqui a trinta anos.
Se os
papagaios treinados pelo governo papagaiam que da venda dos carros resultará
bem-estar social, os das fábricas de carros mostram na televisão belos
automóveis fazendo ziguezagues com muita pose e muita mulher gostosa e seminua,
enquanto os papagaios dos bancos garantem ser a maior moleza do mundo comprar
seu carro financiado para fazer bonito pelaí, e os papagaios da religião orientam
para escrever no carro que foi Deus que deu ele de presente àquele felizardo no
seu imaginário compadrio divino. Como se vê, é tudo falsidade e é daí que vem a
infelicidade humana porque a falsidade só gera ambiente negativo. A humanidade
não terá tempo de construir um ambiente civilizado e bom para se viver em
virtude de sua estupidez. Comenta-se que isso não está certo, que aquilo está
errado, mas não se procura endireitar. Que tal começar o endireitamento exigindo
um sistema de educação que torne as crianças socialmente preparadas para viver
em grupo em vez de educadas apenas para serem bichos fazedores de dinheiro?
Inté.
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