domingo, 30 de novembro de 2014

ARENGA SETENTA E SEIS


Com tanto sufoco que a gente passa, ainda dizem que nossa sociedade tem melhorado. Aqui, ó. Ela só piora a cada dia. A juventude está cada vez mais afastada da realidade e vivendo um mundo falso que haverá de trazer aos velhos em que se transformarão os jovens muitos sufocos quando chegar o mundo real em que se resume a aventura de viver percebível apenas depois de passado o vigor dos requebramentos e outras imbecilidades. Melhor dizendo, a vida, depois da fase alegre, torna-se desventura para aqueles que conseguiram superar a ignorância da qual resulta todo o mal-estar social que torna pesada a tarefa de viver. A deseducação verificada no relacionamento entre as pessoas é deprimente e produto evidente da ignorância ou do desconhecimento total do que seja uma convivência digna de ser humano. O mais famoso centro educacional deste país de triste sorte, a USP, é também lugar onde ocorrem estupros e outros tipos de crime, enquanto a única preocupação dos estudantes é com a possibilidade de serem canceladas as festas onde requebram os quadris e são cometidos os crimes, em vez de se indignarem com a brutalidade da situação. Pode tal ambiente ser apropriado para pessoas educadas? Evidente que não. O reacionário jornal Folha de São Paulo do dia 29/11/14, certamente contra sua vontade conservadora, publica matéria socialmente importante do médico Julio Abramczyk, intitulada “Crack, AIDS e tuberculose são doenças da pobreza”, onde se lê esta realidade: “A maior incidência de casos (destas doenças) está nas favelas, nos locais com alta densidade domiciliar (mais de seis moradores por domicílio). Bairros com melhores condições socioeconômicas apresentam menor incidência”. É exatamente o que este desarrumado blog vem tentando mostrar a esta juventude parva. O que afirma o cientista é a confirmação de que a proteção vem é do erário e não do céu, coisa imperceptível a quem não tem capacidade de raciocinar. Nem mesmo a realidade aí presente e à vista todos é capaz de fazer perceber o fato de haver maior sofrimento onde há maior religiosidade porque também é o lugar onde é maior a pobreza da qual decorre a ignorância. Nada, entretanto, é capaz de tirar o tapa-olho da turba que lota igrejas e campos de brincadeiras. Quanto mais pobre o lugar, maior a ignorância e a religiosidade. Este fato facilmente encontrado em todo conta pelaí afora nada significa para os cegos da pior cegueira: a cegueira mental de onde provém todo o sofrimento humano.

Se nenhuma das outras sociedades do mundo ainda saiu de um estágio medíocre de desenvolvimento espiritual, ainda mais degradante é a situação da nossa sociedade onde as pessoas saem das igrejas e vão requebrar os quadris ao som do zumbido de balas mais acertadas que perdidas. Como consequência da baixíssima espiritualidade dos seres humanos, nos centros educacionais das sociedades mais civilizadas como a que abriga a Universidade de Cambridge, também abriga uma visão tão deturpada do que seja aprendizado de finura mental que os estudantes daquele famoso cento de ensino realizam concursos para determinar qual a bunda mais bonita, sendo que tal imbecilidade envolve também bundas de homens e de homens que se prezem não fazem questão de ter a bunda bonita, atributo das mulheres. Esta estupidez não nos deve servir de consolo porque é muito triste a situação de ser a nossa sociedade ainda mais bruta do que as outras sociedades do mundo uma vez que por aqui a inversão de valores que predomina em todas elas é mais vigorosa do que nos outros lugares. Está aí, prá não dizer que é mentira, a imprensa noticiando que as empreiteiras patrocinadoras da gatunagem do erário, depois de apanhadas com a mão na botija alheia, como é do seu feitio e causa de sua riqueza, estão pleiteando o privilégio de serem julgadas pelo Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça do país. Para os requebradores de quadris e enchedores de igreja tal notícia nem mesmo lhes interessa embora demonstre perigosa desarrumação social ao demonstrar conivência da justiça com o crime, coisa até então dita apenas à boca pequena e que é agora tornada notória.

Algumas poucas pessoas notaram a falta de empenho dos ministros do Supremo Tribunal Federal em punir os bandidos do Mensalão, livrando-os, inclusive, da acusação de formação de quadrilha. É esta a corte pleiteada pelos empreiteiros para julgá-los. Já outras pessoas perceberam um pouco mais. Perceberam que o doutor Joaquim Barbosa foi o único ministro empenhado em cumprir o dever legal e moral de defender a sociedade. Também houve quem percebesse que se o doutor Barbosa foi perseguido por defender a sociedade dos seus inimigos, o que deixa evidente o absurdo de estarem os adoradores de “famosos” e “celebridades” pagando uma justiça cara para proteger os seus inimigos em vez de defendê-los como é sua obrigação porque para isso é que existe. Assim, se os empreiteiros, inimigos figadais da harmonia social, manifestam preferência pelos juízes que perseguiram o doutot Barbosa, o verdadeiro amigo da sociedade, é porque contam com julgadores não empenhados no cumprimento do seu sagrado dever de defender a sociedade que lhes garante a feira, mas que vive em completo abandono e entregue a uma ignorância de cuja superação depende o futuro das crianças, inclusive das crianças destes inimigos sociais. O que levam os empreiteiros a buscar o STF é que lá os ladrões contam com a proteção dos ministros que escorraçaram o doutor Joaquim Barbosa exatamente por ser severo com ladrões do dinheiro de salvar a vida de infelizes que choram no corredor do hospital. Se o STF fosse ainda comandado pelo Barbosão e seu martelo de Thor, empreiteira nenhuma ia querer ser julgada por lá e isto evidencia uma situação muito grave de desmoralização da justiça, coisa pacífica nesta terra desmoralizada de todas as formas.

O fato de ser o vigor físico o único atrativo a conduzir a juventude não permite que a sociedade saia do barbarismo dos tempos de quando a força física era realmente necessária porque a sobrevivência dependia mais do vigor físico do que da inteligência que naquela época mal despontava ainda. Embora a absoluta maioria da humanidade ainda acredita depender da força física, já existe grande número de pessoas que afirmam o contrário e expressam isso no dizer que o SER é superior ao TER, frase que nada significa para os enchedores de igrejas, latrinas e terreiros de brincadeiras, mas que na verdade encerra toda a sabedoria necessária à felicidade por todos procurada onde não pode ser encontrada exatamente porque quando o TER é preponderante não há lugar para a paz desde quando as atitudes necessárias para se chegar ao TER são atitudes antissociais, contrárias, portanto, à existência de um ambiente favorável à presença de paz sem a qual não se pode falar em felicidade. Nem podia ser de outra forma uma vez que a cultura do TER é fonte de animosidade e promotora de desarmonia uma vez que coloca as pessoas umas contra as outras sempre à espreita de se ludibriarem mutuamente e levar algum tipo de vantagem sobre alguém.

Embora a humanidade já sinta certa vergonha em afirmar que é bom ser pobre, isso em nada diminui sua certeza de necessitar da religiosidade, justa razão para o atraso e a obscuridade mental. Estas pobres criaturas nem de longe desconfiam que a frase dita com muita pomba “Dai a Cézar o que é de Cézar, e a Deus o que é de Deus” significa, na verdade, uma recomendação carregada de esperteza para pagar impostos e fazer orações em vez de questionar não só o destino destes pagamentos, mas também o sistema invertido de valores onde “famosos” e “celebridades” orientam o modo chique e preferido de viver na mediocridade.

As ações contra si mesmos adotadas pelos homens evidenciam o predomínio da irracionalidade sobre a racionalidade que caracteriza alguns seres humanos apenas. Desde os gregos houve quem procurasse a razão da existência das coisas fora das explicações de divindades. Entretanto, o destino de todos é determinado pelo peso bruto da quantidade dos seres não pensantes. É uma verdadeira turba de pés rapados mentais que determina o rumo a ser seguido por todos para desgosto dos poucos que pensam e que são escorraçados para a insignificância, enquanto a tribuna de honra está destinada a “famosos” e “celebridades”. Há um monte de repórteres na porta do hospital onde Pelé está internado. O que eles fazem é para que os jornais e revistas atraiam a atenção de multidões interessadas em saber a situação do Rei nu. O que foi que Pelé já fez de útil para a sociedade a não ser ter saído da pobreza para virar grande milionário? De onde veio sua riqueza? Por que será que a sociedade transforma em reis e deuses as pessoas com destreza necessária para atividades físicas? Por que não gozam do mesmo prestígio as habilidades mentais? Há algo de muito canhestro nisso e a juventude nem desconfia de nada. O rumo da sociedade é decidido por mentalidade inferior, capaz de criar um mundo onde a mediocridade é tão importante a ponto de ser publicada na imprensa a seguinte notícia:

Já que a futura rainha da Inglaterra, Kate, e a eterna rainha dos realities shows, Kim Kardashian, foram as grávidas mais famosas do mundo, é justo que a recuperação pós-maternidade seja objeto de curiosidade. Desde que perdeu 11 quilos, tingiu o cabelo de loiro e reapareceu em decotes abissais, sem indício de amamentação, Kim vem causando comoção. Mas nada se compara à sua selfie – a foto de si mesma – de maiô branco, mostrando seu ângulo mais conhecido. “Vou já para casa” tuitou o pai da criança, o cantor Kanye West. É ele quem está reprogramando visualmente a mulher, aspirando a um visual mais sofisticado. Já disse até que tem como modelo a outra mamãe famosa, Kate, que deixou entrever num jogo beneficente de vôlei que também voltou ao que era, com zero de barriga”.

Os apreciadores deste tipo de cultura constitui a absoluta maioria dos seres humanos, razão pela qual o Mestre do Saber os qualifica como condutores de comida que deixam latrinas cheias como as únicas marcas de sua passagem pelo mundo. A experiência e a leitura que dão conhecimento tornam o velho que lê uma pessoa infinitamente superior espiritualmente ao resto porque não merece outra classificação senão de “resto” a massa ignara que enche as lojas, igrejas, campos de axé e futebola. O refinamento espiritual que torna as pessoas capacitadas para a vida em sociedade não está ao alcance de quem não tem familiaridade com os livros. Amontoados de seres ignorantes, tão ignorantes que são equiparados a manada não formam ambiente onde possa se sentir a gosto um velho cuja leitura e experiência ensinaram que a vida pode ser bem melhor se não fosse a ignorância das pessoas que não levam em conta a existência das outras pessoas e agem como se todos fossem tão ignorantes quanto elas. Aqui ao lado há uma construção cuja estrutura é de ferro e de onde emana uma pancadaria que apesar de imensamente violenta e prejudicial à saúde a ninguém parece incomodar. O fato de nenhum enchedor de latrina se rebelar contra esta situação prova tratar-se de falta de sensibilidade própria de bichos, ambiente impróprio para quem não é bicho e sabe perfeitamente que aquela obra pode ser embargada mediante ação judicial se as pessoas à volta se incomodassem com barulho, sendo de se destacar o absurdo de pertencer a obra a uma instituição educacional. É realmente uma vida desqualificada quando se vive entre bichos apenas ligados na necessidade de TER.

Acometido por uma maldita gripe, não suportando mais tanto sofrimento e mal-estar, fragilidade a que chegarão todos os jovens requebradores de quadris, fui procurar socorro no hospital IBR onde permaneci em grande sofrimento e agonia deitado no colo de Sara por cerca de uma hora, quando fomos avisados de que o médico havia se retirado. Fui a outro hospital onde um médico receitou remédios que custaram mais de cem reais e que nenhuma melhora trouxeram, razão pela qual tiveram o lixo como destino. Depois, outro médico me disse que o procedimento correto do médico que me atendeu seria ter procedido a uma hidratação por soro fisiológico em vez de remédio. É ou não é viver entre bichos? Certa ocasião fui diagnosticado por um médico como necessitando de cirurgia de catarata nos dois olhos e fui parar nas mãos do mercenário Rui Cunha, tido como o mestre dos mestres nessa atividade, e ele confirmou a necessidade da cirurgia pela qual paguei adiantados treze mil e quinhentos reais, vindo a descobrir por acaso não necessitar de cirurgia nenhuma e estou lutando na justiça para receber de volta o que me foi roubado pelo médico ajuntador de fortuna que, inclusive, é pastor e mentiroso como todos os pastores ajuntadores de riqueza. Também já fui enganado para fazer uma cirurgia desnecessária de ponte de safena para que um tal de doutor Nilzon do hospital Santa Izabel em Salvador tomasse meu dinheiro. Isto é lá ambiente para quem não é bicho?

É por não exercer a atividade de pensar no SER que a humanidade está se afundando e levando para o brejo a juventude com os olhos duros no aipede e no aipode. Inté.    

 

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