terça-feira, 19 de maio de 2015

ARENGA 108

               Esse negócio de inventar ter sonhado como motivo para escrever bestagem é uma coisa muito boa para quem precisa escrever, não sabe escrever, mas tem de escrever por esperneio. É assim que inventei de ter sonhado que algumas pessoas num barco com capacidade limitada precisavam fazer uma travessia para um lugar inóspito onde passariam dois dias. No lugar para onde iam, embora já se tenha dito ser inóspito, custa nada dizer que não havia comida nem bebida, razão pela qual todos deviam levar a provisão necessária para quatro dias, contando um dia de viagem prá lá e outro prá cá, o que fazia ser mais bem-vindo quem comesse e bebesse pouco, porque quanto menos peso na mochila, maior a garantia de segurança da frágil embarcaçãozinha amarrada que balançava ao sabor das ondas à espera. Estas pessoas, no sonho, representavam os politiqueiros, e a embarcação representava a politicagem. Do mesmo modo como era mais valorizado o passageiro que tivesse menos peso nas costas, também entre os politiqueiros acontece de acontecer que aquele a carregar menos safadeza no lombo é o mais bem-vindo ao pedaço. É o que se constata ante a disputa entre adversários politiqueiros pelo lugar de menos safado. Estão sempre a dizer que a safadeza por ele cometida já era praticada há muito tempo, não havendo, por tanto, razão para estranheza.

Estando nós em Brasília, passando pela igreja que Niemayer fez simbolizando mãos voltadas para cima, ocorreu um método infalível para separar gente de povo. Basta pedir que a pessoa olhe para a igreja ou para o Congresso indicando conforme sua opinião quem seja responsável pela transformação das crianças em bandidos. Quem olhar para a igreja é povo e quem olhar para o Congresso e gente. Simples assim. Inté.

 
 

    

 

 

 

 

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