sexta-feira, 6 de novembro de 2015

ARENGA 186





O instinto de destruição que leva as crianças a arrebentar seus brinquedos é inato no ser humano. Como a natureza os dotou com a capacidade de pensar, ante a realidade de não se poder viver senão em coletividades, concluíram pela necessidade de conter a própria selvageria que se corresse solta acabaria por inviabilizar a sociedade. Criaram normas punitivas aos comportamentos antissociais e instituições destinadas a aplicá-las aos infratores. Entretanto, como os encarregados de zelar pela comunidade, sendo também dotados do mesmo instinto animal, acabaram usando da autoridade conferida pela comunidade para praticarem atos a ela prejudiciais em vez de protegê-la. Tal prática criminosa desenvolveu através dos tempos de tal modo que atualmente aqueles protetores ou administradores públicos, como vieram a ser chamados, deixaram a condição de empregados da comunidade e se autoproclamaram uma casta privilegiada de senhores absolutos com poder ilimitado sobre a sociedade que se vê na obrigação de cumprir suas ordens sem direito de opinar sobre coisa nenhuma. Lançam na cara de quem lhes garante a despensa abastecida não lhes interessar a opinião pública. Tendo por justificativa a complexidade proveniente do incremento populacional, multiplicaram as normas de comportamento de forma tão complicada que se fez necessária a profissão de jurista para interpretá-las. Um conjunto de normas passou a ter denominação de Lei e o conjunto das leis passou a ser Sistema Jurídico, havendo, inclusive, justamente para complicar, várias leis sobre o mesmo assunto, e uma infinidade de penduricalhos acrescentando modificações a determinados artigos destas leis. No frigir dos ovos, afinal, é tudo uma canalhice por ser a enrolação a praia dos canalhas.  

De toda esta embromação resulta na realidade escabrosa de que a lei passa a ser a vontade do seu intérprete, o que equivale a dizer que a lei passa a ser favorável à vontade de quem tiver maior poder de “molhar” a consciência do jurista. Assim, é ridícula a pose dos cientistas políticos na televisão a discutir sobre Democracia, Capitalismo, Constituição Federal, Ações Governamentais, Economia Política. Tudo não passa de baboseira porque absolutamente nada beneficiará a população enquanto ela ficar a esperar pelas autoridades. Basta subir num murundu e olhar para o mundo. O panorama descortinado, para o povo, apenas para o povo, supera o Inferno de Dante. Inté.  

 
 
 
 
 

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