sexta-feira, 20 de novembro de 2015

ARENGA 189




Só as entrelinhas do que se lê e ouve revelam o motivo pelo qual persiste o sistema capitalista que trouxe o mundo à situação em que se encontra. A vulgaridade lhe é indispensável para implantar a indiferença pelos assuntos nobres. Estes, para os capitalistas, são questão de dinheiro porque o seu ego se alimenta de riqueza. A revista Forbes prova esta realidade. Lá, monstros espirituais sem a mínima noção de sociabilidade desfilam acintosamente com suas fortunas tiradas da massa por eles levada à incapacidade mental de encontrar nada de errado naquilo. Tão fora da realidade estão estes senhores, imbecis incapazes de enxergar depois do nariz. O filósofo Platão mostrou na alegoria O Mito da Caverna o domínio que a convicção depois de implantada pode exercer sobre as pessoas, mesmo a convicção de algo irreal, uma falsidade ou mentira. Com o Mito da Caverna Platão demonstrou de forma prática e de fácil compreensão o quanto é difícil fazer alguém aceitar a realidade depois de ter sido convencido da falsidade. Platão inventou uma situação na qual algumas pessoas nasceram e sempre viveram no interior de uma caverna, tendo como único panorama as sombras de quem passava do lado de fora, projetadas no fundo da caverna por uma fogueira que ficava do outro lado do caminho por onde passavam pessoas e bichos, caminho esse que ficava entre a fogueira e a entrada da caverna. Como as pessoas dentro da caverna não podiam se virar e a única coisa que viam era a parede onde as sombras se moviam, estavam absolutamente certas de que tudo que existia no mundo eram aquelas sombras. Determinado dia, alguém por algum motivo conseguiu sair da caverna e conheceu a realidade da vida. Voltou para comunicar a seus companheiros ser outra a realidade e foi morto por eles por desrespeito à realidade. Com esta ficção, Platão convida a um passeio pelo mundo das ideias, passeio que só de ouvir falar o sistema capitalista se borra porque o uso da inteligência lhe é tão prejudicial quanto cryptonita para o super-homem.

À medida que aumenta o número de pessoas que pensam tende a enfraquecer a base do capitalismo, do mesmo modo como acontece com a religiosidade porquanto não se sustentariam não fosse a tramoia ardilosamente armada para manter o pensamento absorvido na luta pela sobrevivência, o que dá origem à indiferença em relação às outras coisa da vida, mesmo ante a realidade de serem as pessoas ocupadas os que não desfrutam do resultado de sua ocupação. É tão injustificável ter de trabalhar durante a vida para tudo se resumir a uma velhice mendigando mísera aposentadoria que mal dá para comer, quanto injustificável é perder a vida numa guerra estípida sem questionar o motivo pelo qual se vai guerrear. O comportamento destes pobres jovens que vão se matar mutuamente porque seu comandante lhes ordenou é o mesmo comportamento do cão que avança sobre quem seu dono o instigar.

A vida não pode ser vivida sem pensar sobre o que se vive. Este é o comportamento do burro para o qual não há necessidade de se explicar nada. Basta colocar-lhe a carga no lombo e tá acabado. Com Gente não deve ser assim. Alguém já parou prá pensar o motivo pelo qual as pessoas sem qualquer valor moral ou intelectual são célebres e famosas? Por trás disso aí há uma malandragem tão grande que estes pobres jovens futucadores de telefone nem de longe imaginam porque a imaginação envolve a nobre atividade de pensar, coisa que estes imbecis nem sabem o que é. Se soubessem, descobririam que a juventude será substituída pela velhice e que a velhice é uma coisa horrorosa para quem nada aprendeu na escola da vida. Para gente assim, incapaz de um único ato inteligente, a velhice será um grande sofrimento, e a morte, simplesmente um pavor. Mas quando se percebe a realidade, sabe-se perfeitamente que a morte nada tem de apavorante, salvo para os espíritos medíocres. É tudo uma questão de pensar. Inté.

 
 
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 
 




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