Só as
entrelinhas do que se lê e ouve revelam o motivo pelo qual persiste o sistema
capitalista que trouxe o mundo à situação em que se encontra. A vulgaridade lhe
é indispensável para implantar a indiferença pelos assuntos nobres. Estes, para
os capitalistas, são questão de dinheiro porque o seu ego se alimenta de
riqueza. A revista Forbes prova esta realidade. Lá, monstros espirituais sem a
mínima noção de sociabilidade desfilam acintosamente com suas fortunas tiradas
da massa por eles levada à incapacidade mental de encontrar nada de errado
naquilo. Tão fora da realidade estão estes senhores, imbecis incapazes de
enxergar depois do nariz. O filósofo Platão mostrou na alegoria O Mito da
Caverna o domínio que a convicção depois de implantada pode exercer sobre as
pessoas, mesmo a convicção de algo irreal, uma falsidade ou mentira. Com o Mito
da Caverna Platão demonstrou de forma prática e de fácil compreensão o quanto é
difícil fazer alguém aceitar a realidade depois de ter sido convencido da
falsidade. Platão inventou uma situação na qual algumas pessoas nasceram e
sempre viveram no interior de uma caverna, tendo como único panorama as sombras
de quem passava do lado de fora, projetadas no fundo da caverna por uma
fogueira que ficava do outro lado do caminho por onde passavam pessoas e
bichos, caminho esse que ficava entre a fogueira e a entrada da caverna. Como
as pessoas dentro da caverna não podiam se virar e a única coisa que viam era a
parede onde as sombras se moviam, estavam absolutamente certas de que tudo que
existia no mundo eram aquelas sombras. Determinado dia, alguém por algum motivo
conseguiu sair da caverna e conheceu a realidade da vida. Voltou para comunicar
a seus companheiros ser outra a realidade e foi morto por eles por desrespeito
à realidade. Com esta ficção, Platão convida a um passeio pelo mundo das
ideias, passeio que só de ouvir falar o sistema capitalista se borra porque o
uso da inteligência lhe é tão prejudicial quanto cryptonita para o super-homem.
À medida
que aumenta o número de pessoas que pensam tende a enfraquecer a base do
capitalismo, do mesmo modo como acontece com a religiosidade porquanto não se
sustentariam não fosse a tramoia ardilosamente armada para manter o pensamento
absorvido na luta pela sobrevivência, o que dá origem à indiferença em relação
às outras coisa da vida, mesmo ante a realidade de serem as pessoas ocupadas os
que não desfrutam do resultado de sua ocupação. É tão injustificável ter de
trabalhar durante a vida para tudo se resumir a uma velhice mendigando mísera
aposentadoria que mal dá para comer, quanto injustificável é perder a vida numa
guerra estípida sem questionar o motivo pelo qual se vai guerrear. O
comportamento destes pobres jovens que vão se matar mutuamente porque seu
comandante lhes ordenou é o mesmo comportamento do cão que avança sobre quem
seu dono o instigar.
A vida não
pode ser vivida sem pensar sobre o que se vive. Este é o comportamento do burro
para o qual não há necessidade de se explicar nada. Basta colocar-lhe a carga
no lombo e tá acabado. Com Gente não deve ser assim. Alguém já parou prá pensar
o motivo pelo qual as pessoas sem qualquer valor moral ou intelectual são
célebres e famosas? Por trás disso aí há uma malandragem tão grande que estes
pobres jovens futucadores de telefone nem de longe imaginam porque a imaginação
envolve a nobre atividade de pensar, coisa que estes imbecis nem sabem o que é.
Se soubessem, descobririam que a juventude será substituída pela velhice e que
a velhice é uma coisa horrorosa para quem nada aprendeu na escola da vida. Para
gente assim, incapaz de um único ato inteligente, a velhice será um grande
sofrimento, e a morte, simplesmente um pavor. Mas quando se percebe a
realidade, sabe-se perfeitamente que a morte nada tem de apavorante, salvo para
os espíritos medíocres. É tudo uma questão de pensar. Inté.
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