“Quando chegam perto da morte, pessoas que não
são religiosas são mais propensas a acreditar em Deus ou na vida após a morte”. Esta
declaração na imprensa é tão falsa quanto a que dá conta de um canceroso curado
pelas orações a Madre Tereza de Calcutá, razão pela qual o papa vai
transformá-la em santa. Comentei esta notícia no Jornal do Brasil da seguinte
forma: “todo o mal do mundo tem uma única causa: a ignorância”. Mas aposto
um tostão furado como não será publicado o comentário ao lado dos outros comentários
beatos que surgirão em abundância. Por que será que os milagres só acontecem
aqui, ali e acola, sempre distantes? Quando eu era jovem e imbecil como todo
jovem, a primeira vez que vi o filme A Vida de Cristo fiquei intrigado porque
ele salvou apenas duas pessoas do leprosário. E as outras? Saí do cinema
pensando sobre isso. Hoje, aos oitenta, percebo que a resposta está nas
palavras de Rui Barbosa que copiei no comentário, quando disse que todo o mal
do mundo nasce da ignorância. Os meios de comunicação que bradam contra a
corrupção são os mesmos que dão sustentação ao caos e promovem alienação mental
bastante para permitir a corrupção. Promover a ignorância é o trabalho nefasto
dos papagaios de microfone e dos escritores assalariados por força do contrato
de trabalho assinado com os meios de comunicação dos ricos donos do mundo. O
ser humano considerado normal dentro do atual padrão de vida é o mais anormal
dos seres vivos. É o sujeito que troca sua paz pela guerra de ajuntar riqueza.
É nesse clima que se diz ter sido o próprio governo americano quem provocou a
destruição das Torres Gêmeas para justificar a guerra contra os terroristas
cujas armas lhes foram vendidas pelos próprios americanos, o que não é
descartável dado ao estado de selvageria que orienta a política no mundo
inteiro. Por aqui, corre agora a fala de que a degeneração dos nascituros
provém de uma vacina alterada que o governo aplicou na população em vez do
alarde dos papagaios de microfone sobre ser a doença proveniente de picada de mosquito,
o que também não é de se descartar. A cada vez que o mosquito é acusado pela
doença, tem-se a impressão de que o papagaio de microfone vai dizer que o
mosquito nega as acusações.
A
hipocrisia, falsidade, interesses escusos, malandragem, desonestidade, enfim,
tudo que é contrário ao interesse da sociedade é o que orienta os responsáveis
pela administração da riqueza pública. Por que motivo o povo não pode
participar das decisões das quais depende seu bem-estar e o futuro de seus
filhos? Simplesmente não pode, e tá acabado. Não tem de ser assim e o porquê de
não poder está aí na cara de todo mundo. Basta tirar os olhos da igreja, do axé
e do futebola para ver a situação em que se encontra esta sociedade parva de
brasileiros capazes de se submeterem à conversa fiada de faltar dinheiro na
previdência para garantir o descanso dos trabalhadores aposentados, quando a
imprensa dá conta de bilhões e mais bilhões roubados através de mil e uma
falcatruas.
A afirmação
de que os descrentes viram crentes com a aproximação da morte é tão falsa quanto
a que informa ser deficitária a previdência. O empregado de Edir Macedo, o Datena,
afirmou em seu programa de horrores que o homem sem Deus é capaz de cometer os
piores crimes. Ora, quem comete crimes são justamente os homens de Deus, os
patrões de Datena, estelionatários que espoliam os ignorantes vendendo-lhes
falsas esperanças. Quem é sem Deus é por ter lido muito, como prova a
inexistência de ateu analfabeto. Quem lê muito aprende sociabilidade e,
portanto, se torna incapaz de cometer crime por ter tomado conhecimento da
necessidade de harmonia entre os membros de uma sociedade para que ela possa
funcionar a contento. Inté.
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