terça-feira, 19 de abril de 2016

ARENGA 249

Para brutamontes espirituais ligados na bíblia, axé e futebola, assuntos políticos ou ambientais são irrelevantes porque Deus é o responsável por tudo, de forma que para ter uma vida com menos atribulações a única coisa que o homem pode fazer é adular Deus. Antigamente, ensina a bíblia, adulava-se Deus imolando e esquartejando animais para oferecer-Lhe o sangue e pedaços de carne, ou ainda sangrando pessoas como Abraão ia fazer com seu próprio filho por ordem do Senhor que dizem ser muito bondoso. Hoje se puxa o saco divino através de representantes de Deus, fantasiados, bebendo o sangue de Cristo na forma de vinho e servindo uma espécie de bolacha santa aos fiéis, na realidade infiéis porquanto se negam a juntar forças com aqueles que buscam paz e a verdadeira irmandade inexistente na religião, o se percebe no fato de haver religiosidade desde tempos imemoriais e nunca ter havido irmandade fora das falas nas igrejas. Ao contrário, historiadores mostram que as disputas pela cadeira de papa contam com assassinatos e as mesmas artimanhas da politicagem. Na bíblia, é o próprio Deus que mata mais gente do que todas as guerras considerando a população moderna coma dos tempos bíblicos.
Quem, de sã consciência, pode encontrar lógica no fato de se lavar o beijar o pé de mendigo? Não seria melhor molhar-se o bolso? Dizem, e não se pode descartar assim sem mais nem menos, haver representantes de Deus que passam unguentos sagrados na vagina de mulheres de maridos puladores de cerca a fim evitar que elas contraiam possíveis infecções por eles contraídas em suas aventuras extraconjugais. Também se acredita conquistar graças divinas batendo a cabeça na parede, botando a bunda prá cima e a cara prá baixo ou cepando fora a cabeça de quem tem modo diferente de louvar o Senhor Todo Poderoso que tudo sabe, mas não sabia onde estavam Adão e Eva depois da trepada, nem que Abraão lhe era fiel, e nem da esculhambação que reinava em Sodoma e Gomorra, pois, segundo Gênesis 14,21, disse precisar saber se eram verdadeiros  os rumores sobre a putaria que reinava por lá e que não é menor do que a que reina por cá, capaz de tornar célebres, famosas e ricas pessoas de nenhum valor moral, espiritual ou intelectual por escoicearem bolas e mostrarem a bunda, enquanto quem rala a sua nos bancos escolares por anos a fio torna-se escravo da profissão e da falsa necessidade de ficar rico, sendo que a tudo isso se junta o fato tenebroso de ser o poder político exercido por bandidos, sob a mais completa indiferença da juventude que prefere futucar telefone e conversar bobagens do que lutar pelo futuro dos filhos que nenhum motivo terão para recordar deles com prazer quando faltar água, comida e ar para respirar.
A inocência dos imaturos frequentadores de igreja, futebola e axé equipara-se à inocência daquela mulher encantada com a festa do Quarto Centenário do Rio de Janeiro que disse entusiasmada nunca mais perder outro quarto centenário do Rio. Para estes pobres espirituais o destino do homem já teria sido traçado de lá do céu desde que ele nasce até quando morre. Evita-se, entretanto, cogitar não haver diferença entre os humanos tidos como obra prima de Deus e as feras no que diz respeito à concepção, gestação e nascimento.
Talvez por infelicidade, para quem evoluiu espiritualmente aprendendo com os Grandes Mestres do Saber, chega a ser repugnante a vida em meio a adultos tão infantis quanto as criancinhas que acreditam em Papai Noel. Nunca existiu Deus nenhum. A primeira vez que ouvi tal declaração proferida pelo homem mais inteligente e culto que já vi na vida, o saudosíssimo professor de filosofia do direito Alto de Castro, eu era ainda mais inocente do que os outros jovens da minha época e tomei um susto. Estudos e observação da vida por oitenta anos me convenceram da realidade de que tudo que existe é fruto das mudanças constantes da natureza, e que nosso destino é traçado por nós mesmos, não passando de aproveitadores inescrupulosos quem engana com essa baboseira de divindades.
O bem-estar que as igrejas garantem estar no céu e que os ricos garantem estar na riqueza jamais será alcançado por meio de tais expedientes porque ele se encontra em cada indivíduo, dentro de cada um de nós. Zé Ramalho tanto acerta quando compara o povo à manada quanto ao dizer que é de dentro do peito que a nave sai. Assim, é inútil procurar a paz em qualquer outro lugar que não em nós mesmos. A decantada felicidade nada mais é do que poder ter satisfeitas as necessidades que apesar de não serem poucas, são, em sua maioria, inteiramente possíveis de serem satisfeitas, excluindo-se apenas as doenças para as quais a ciência ainda não encontrou solução. O problema maior é que o próprio indivíduo produz novas necessidades. Ao vencer uma doença, a ação desastrosa sobre a natureza resulta em que várias outras batem à porta, convidadas pelo próprio dono da casa. Um jovem que vi sacudindo furiosamente um saleiro sobre um imenso saco de pipoca ao lado de imensa caneca de Coca-Cola cujo nome o computador exige ser escrito com maiúsculas a título de lhe atribuir uma importância que não tem. O comportamento daquele jovem está criando um monte de problemas para ele depois de passado o vigor da juventude. Os malditos Mac Donalds do mundo, o agribiuzinesse, o barulho, a produção de riqueza, são outra fonte de infelicidade só comparável aos bancos, às igrejas e ao futebola. Os bancos esfolam o povo e se apresentam como benfeitores. Veja-se na página 177 do livro O Mundo Em Queda Livre, seu autor Joseph E. Stiglitz, economista de renome mundial dizer que os banqueiros receberam bilhões de dólares em vez de punição em troca do prejuízo por eles causado que resultou na crise de 2008. Pertencendo ao mundo maldito dos banqueiros, será que o eminente economista americano esperava encontrar outra coisa em banqueiros que não falta de espírito coletivo, hombridade, honestidade e vergonha em suas caras sisudas como a de Henrique Meireles? Já se disse que o banqueiro não ri com medo de não poder mais parar ao lembrar a facilidade com que extorque a sociedade e ainda passa por gente importante. Também as igrejas tem sido causa de luto e infelicidade para inumeráveis famílias. O futebola, então, nem se fala. Veja-se o livro O Lado Sujo do Futebol, de Amaury Ribeiro Jr. e outros autores para melhor entendimento de quanto dinheiro é desperdiçado ali.
Fechem-se as igrejas, coloque os esportes na qualidade de simples brincadeiras que são, razão pela qual não devem envolver dinheiro, substitua-se nas autoridades o complexo de deuses do Olimpo pelo comportamento de Gandhi e Zé Mojica, adote-se entre os seres humanos comportamento de irmãos, uma vez que somos irmãos, e haverá bem-estar independentemente de divindades porque deixará de haver corredores de hospital abarrotados de chorões, inocentes crianças transformadas em bandidos, seres humanos junto com o catarro da sarjeta a espichar a mão por uma moeda, presídios lotados de infelizes criaturas cuja infelicidade decorre apenas do tratamento que a sociedade lhes dá ao negar-lhes evolução espiritual e dignidade ao tratá-los de modo inferior ao tratamento que se dá a cães e gatos com direito a dentista, médico e psicólogo. Feito isso, pode-se apostar que a felicidade reinará, o que jamais acontecerá enquanto se espera que caia do céu por pedidos do papa. Inté.




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