sábado, 2 de outubro de 2021

ARENGA 613

 

 

Nem mesmo os economistas comprovadamente favoráveis à luta por justiça social deixaram tão claramente exposta a necessidade de se combater o acúmulo de riqueza como foi o historiador Edward McNall Burns. Na página 624 do segundo volume de História da Civilização Ocidental, ao fazer referência às consequências do governo do endiabrado Napoleão Bonaparte, entre os frutos negativos o historiador cita o fato de não ter Napoleão pensado em impor restrição à atividade econômica dos ricos. Bingo! Matou a cobra e mostrou o pau (o pau que matou a cobra, claro). Jamais um economista foi tão explícito sobre a inconveniência social de se permitir que pessoas pobres de espírito e sociabilidade, mas ricas em selvageria e desumanidade explorem a classe trabalhadora por meio da escravidão do emprego e acumulem fortunas tão grandes que por não terem o que fazer com tanto dinheiro, esbanjam em futilidades e, numa atitude de escárnio, pavoneiam-se como os mais ricos do mundo para uma plateia de desesperados que não podem satisfazer suas necessidades primárias.

Cabe observar que mesmo os economistas não vendidos como são os que insuflam o compra/compra como ato de prosperidade social, quando, na verdade, o objetivo do compra/compra é enriquecer cada vez mais os ricos e destruir a natureza, mesmo os economistas que se colocam contra tamanha insanidade não vão tão diretamente à causa da desarrumação do mundo como foi o historiador quando mencionou ser desastrosa a política de permitir o acúmulo de riqueza. Não é precisa ser inteligente para saber que desta prática resulta em acúmulo de pobreza. 

 Não deve haver mais espaço no atual ponto de evolução humana para se permitir o instinto de bicho que orientava o primitivo a levar para a caverna tudo que os braços conseguissem abraçar continue orientando avarentos a açambarcarem tudo aquilo que lhe permita sua avidez mórbida por riqueza. 

A teoria do estado mínimo defendida por economistas da consciência prostituída tem por objetivo abrir o campo à ação mesquinha e antissocial da avareza dos ajuntadores de riqueza. Filósofos mostraram à humanidade que levou o Estado nasceu da necessidade de conter a brutalidade inata do ser humano que embora negada por outros filósofos mostra sua fúria incontida no horror das guerras e na indiferença ao sofrimento do semelhante. Assim, tendo o Estado o dever nobre de assegurar paz e harmonia, deve ser forte o bastante a fim de ter sucesso nesta atividade. 

No entanto, o que se tem é que em função do único e verdadeiro poder que existe no mundo, o poder do dinheiro, grupos de avarentos ajuntadores de riqueza chamaram a si o poder que cabia ao estado de promover justiça social e implantaram um regime de injustiça social, mantendo a humanidade envolvida em brincadeiras para que não perceba o malogro de uma situação em que moleques incapazes de fazer um O com um copo enriqueçam enquanto jovem tem de ralar a bunda em bancos escolares por mais de uma dezena de anos sem ter a mesma facilidade. É, pois, de se perguntar: para que serve, um Estado que apesar de custar os olhos da cara da sociedade é inútil?     

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