segunda-feira, 18 de outubro de 2021

ARENGA 618

 

No século XVIII, um italiano chamado Cesare Beccaria escreveu um livro chamado Dos Delitos E Das Penas, no qual demonstrou ser mais compreensivo e solidário do que deus e a justiça brasileira com quem incorreu no erro e na infelicidade de eliminar a vida de um semelhante. Enquanto deus recomendou em Mateus 35:15,21 que deve ser morto aquele que matou, e enquanto a justiça brasileira impõe a estes infelizes sofrimento impiedoso em cárceres imundos e doentios, quando, por outro lado, manda para casa ladrões de milhões e para a prisão uma mulher pobre que roubou um pouco de comida, Beccaria, na contramão destas insanidades, aconselhou que o criminoso fosse educado para que pudesse ser capaz de entender a necessidade da vida social e os deveres imprescindíveis que dela decorrem.

Mas, que diabo será que faz a humanidade ser tão estúpida que ignora os conselhos sábios e põe em prática os maus conselhos? Veja-se, por exemplo que Beccaria também aconselhou o seguinte: “As vantagens da sociedade devem ser distribuídas equitativamente entre todos os seus membros”. É o que se tem? Não é. O que se tem é serem acatados os conselhos de consciências prostituídas que a soldo de ricos perdulários e ignorantes de sociabilidade que recomendam uma política baseada na iniciativa privada, fundamentada num monstro chamado mercado, que na verdade é uma ferrenha disputa especulativa de vida ou morte entre monstros entrincheirados no sistema financeiro parasitário, tão obcecados por riqueza que de suas bocas escorre baba de dragão quando diante da perspectiva de avançar de garras e presas sobre mais um milhão. Estes parasitas são grandemente prejudiciais à sociedade porque ao tomar para si apenas as vantagens alcançadas pela sociedade, evitam que elas possam servir a todos como aconselhou Beccaria, dando origem a multidões de infelizes e revoltados despossuídos de tudo que, por sua vez, darão origem à violência e os males dela decorrentes. De tal modo está a estupidez enraizada na personalidade humana que se endeusa uma tal de democracia cujo mérito maior é deixar a responsabilidade pela escolha das autoridades a cargo de uma estúpida massa bruta de povo ou proletariado sem a menor noção de cidadania e cujo maior desejo de cada um de seus integrantes é se tornar também um rico parasita da sociedade.

Assim, desde que se tem notícia da humanidade depois da formação de grupos é como se fosse incapaz de perceber a necessidade de solidariedade entre os seres humanos visto nunca ter deixado de haver exploradores e explorados. Ironicamente, é como se nada tivesse mudado em relação aos tempos anteriores do barbarismo de bicho-fera se se acredita que as guerras têm a paz por objetivo e se fomenta a violência latente no espírito colocando armas na mão da população.

     

 

  

 

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