segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O ERRO DOS RICOS


A extrema riqueza é produto de crimes mais horrorosos do que os crimes produzidos em consequência da extrema pobreza. Os assassinos ricos são mais assassinos do que os assassinos pobres. Quando um assalto de pobre termina em morte, este resultado não fazia parte do plano de roubar. Ao ladrão interessava apenas o roubo, diferentemente do colarinho branco das construtoras em conluio com as autoridades quando taca fogo numa favela para desocupar o lugar onde construir pelo triplo do valor real um condomínio de luxo ou um terreiro onde as brincadeiras atrairão a atenção dos bichos com forma de gente, incapazes de pensar nesses assuntos. Sabem perfeitamente estes criminosos que vão deliberadamente matar jovens, velhos e crianças. Nem mesmo as mortes premeditadas e friamente executadas por pistoleiros se equiparam à truculência dos assassinos ricos. Os assassinos de aluguel são levados ao crime por pura falta de oportunidade de ser outra coisa na vida, sendo a deseducação e a pobreza que dão origem a estas coisas produzidas propositadamente pelo mundo dos ricos a fim de não lhes faltar quem troque sua vitalidade por um salário mínimo. Além do que o crime de pistolagem é utilizado pelos criminosos ricos.

Em conversa de boteco, ouvi a seguinte história: Em visita a um governador nordestino, certo senador pediu àquele governador seu amigo e parceiro de falcatruas que lhe arranjasse um jagunço. Algum tempo depois, lá no centro da criminalidade de Brasília, o governo central, o senador recebeu do governador um telefonema (pago pela manada) comunicando para mandar ao aeroporto um carro (pago tanto o carro quanto o combustível, a oficina e o motorista, pela manada) buscar a pessoa solicitada que chegaria no vôo de tal hora (com passagem paga pela manada). Ao receber o pistoleiro em seu gabinete, o senador não botou muita fé no nordestino raquítico e lhe perguntou se ele teria coragem de cumprir uma ordem de matar um senador da república, ao que o capiau respondeu: “Corage inté qui não, dotô. O qui nós tem muito é custume”.

A situação insustentável de gatos pingados com tudo e a maioria absoluta da população com nada já provou na Revolução Francesa que não dá certo e não é preciso ser inteligente para perceber isto. Os ricos estão cavando a sepultura de seus filhos e netos com o procedimento irracional de acumular montanhas de dinheiro diante de montanhas de pessoas pobres e necessitadas. Como se não bastasse tal desatino, ainda por cima, são estes necessitados os olheiros que resguardam a riqueza dos ricos, mas os assaltos a condomínios de ricos com a participação destes olheiros mostram claramente o resultado desastroso deste procedimento perigosamente insustentável.

Desde que se tem notícia da existência humana em sociedade, também se tem notícia da existência de explorados e exploradores. Os explorados sempre foram os provedores dos gastos faustosos dos exploradores. Quando se fala nos grandes feitos de generais famosos e descobridores famosos nem sequer se cogita de que nenhum deles sozinho teria feito nada. Os verdadeiros responsáveis por todas as consideradas grandes conquistas são simplesmente ignorados e este modo de procedimento começa a ser questionado. Embora a grande massa humana ainda se encontre na situação de bicho com aspecto de gente, é de se notar que rebeliões estão acontecendo com maior frequência. A religião, por exemplo, o maior engodo utilizado para a subserviência, já é tão contestada a ponto de afirmar a ciência que até o ano de 204l será ela superada pela descrença, coisa só não percebida pela condição de manada em que os ricos ainda conseguem manter o populacho. Basta uma olhadela para os povos com melhor qualidade de vida para se notar ser mais baixa a religiosidade. Só a incapacidade de pensar pode fazer com que se assista ao filme O Livro de Eli e a mortandade entre os orientais sem perceber haver algo de errado na necessidade de tanta violência em torno do livro considerado sagrado, tido como a palavra de Deus. A condição de bicho em forma de gente, porque bicho não pensa, impede a percepção da realidade de haver maior religiosidade onde há mais esgoto a céu aberto, onde as pessoas tem menos acesso à prevenção de doenças, enfim, onde há menor nível de escolaridade. A ciência está avisando que no Brasil da nacionalidade de Deus haverá em quinze anos um índice assustador de mortalidade por câncer.

Até aqui os exploradores tem jogado livre e solto. Daqui em diante as coisas precisam mudar. Até um iletrado como eu já percebe algo de estranho no fato de ser o Brasil a sétima maior economia do mundo, no dizer de outro grande engodo chamado Economia Política, mas, como declarou a ONU, serem os brasileiros a octogésima quarta nação do mundo em qualidade vida.

No momento em que maior número de jovens saírem da condição de manada que os leva a permanecer acampados durante dias à espera do chô para requebrar os quadris, e que esta demência mental for substituída pela percepção de não se poder viver eternamente em brincadeiras, a partir deste momento que chegará um dia, as coisas haverão de mudar bruscamente, razão por que os ricos devem por si mesmos promover uma mudança pacífica. Será melhor para todos. Inté.

 

 

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