quinta-feira, 1 de setembro de 2016

ARENGA 311


É possível haver quem não tenha ainda percebido que o acumulo de riqueza num lugar resulta em acúmulo de pobreza em outro lugar? Embora burrice seja apanágio de povo, a evidência desta realidade não permite mais ser ignorada. Por que motivo, então, ela continua tão escondida que não pode aparecer nos comentários às notícias na imprensa que admitem comentários? Mais do que simples: A imprensa pertence ao mundo rico dos capitalistas para os quais a verdade é tão perigosa quanto veneno. É justamente esse o motivo pelo qual o modo de administração pública sob orientação capitalista está fadado a ser substituído por alguma coisa diferente do que aí está. O Grande Mestre do Saber, o professor e sociólogo polonês Zygmunt Bauman acaba de lançar um livro chamado Babel (talvez uma alusão a confusão), versando sobre a incerteza do que virá para ocupar o lugar do momento vivido. O resumo, segundo o amigão Google, é o seguinte: “Estamos entre o que deixou de ser e o que ainda não é. Nenhum dos movimentos sociopolíticos que ajudaram a minar as bases do velho mundo está pronto para herdá-lo. Não surgiu nenhuma ideologia ou visão consistente que prometa dar forma a novas instituições para este novo mundo.” Aí está, pois, a afirmação de um sábio quanto à realidade de ter chegado aos estertores o atual modelo de administração pública vigente no mundo. Nem podia ser diferente porque é inteiramente impossível mentir indefinidamente. Um dia a verdade vem à tona. O que segura ainda o atual modo escravagista de administração pública do mundo é a existência de uma rede imensa de formadores de falsas ideias de um lado, e, de outro lado, um estado mental mais do que deplorável do povo que não lhe permite perceber o engodo no qual esta imensa rede formada por papagaios de microfone e escritores assalariados o envolve. O povo foi reduzido a uma espécie que de gente tem apenas o aspecto. No mais, foi transformado numa espécie de bicho mais bruto ainda do que os outros bichos. Nenhum bicho só bicho seria capaz de suportar o barulho do ambiente onde vi mais de vinte mil bichos com aspecto de gente felizes e se balançando diante de estrondo de uma aparelhagem acústica através da qual esganava um grupo chamado Biquíni Cavadão. Me lembrou Ariano Suassuna espantado pela letra da música de grande sucesso que era assim: “Se você quiser me conquistar, vai ter de rebolar, ô, ô, ô”. O volume era tão brutalmente elevado que as ondas sonoras faziam tremer o blusão no meu corpo, ao tempo em que os ouvidos pareciam estourar. Valeu ter passado por lá para mais esta constatação de baixeza espiritual da massa bruta de povo. A esta mentalidade  inferior em todos os sentidos foi reduzido o povo, condição indispensável para a manutenção do insustentável sistema de administração pública mundial denominado capitalismo. Povo está para o capitalismo assim como a manada está para o pecuarista. George Orwell escreveu um livro chamado Revolução dos Bichos onde conta a história de uma fazenda na qual os bichos aprenderam a pensar, motivo que os levou a não mais se sujeitarem à submissão. É este o motivo pelo qual o capitalismo evita que o povo aprenda a pensar, sob pena de descobrir que noventa e nove por cento do seu total não passam de burros de carga para os restantes um por cento.

Apesar da irracionalidade, começam alguns espécimes de povo a descobrir haver alguma coisa errada. É aquela história de ouvir o galo cantar sem saber de onde vem o canto. Cabeças cepadas fora do corpo, cadáveres pelas ruas, violência superior à repressão, ônibus transformados em fogueiras, barricadas, protestos de todas as formas, tudo isto indica a procura do lugar onde o galo canta, o que indica haver grandes possibilidades de vir esse galo a se tornar canja. Inté.

 

  

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