À luta para superar o analfabetismo político deve ser dedicada maior
importância do que na luta da classe trabalhadora contra seus opressores, os
empregadores, vista pelos seguidores do velho e sábio Marx como único meio ao
alcance daqueles que precisam vender a força trabalho de alcançarem melhores
condições de vida. É claríssima a necessidade de esclarecer o povo. Na
democracia, não como negar ser o povo responsável pela política se é ele quem escolhe
as autoridades que porão em prática a administração dos recursos públicos de
cuja boa aplicação depende o bem-estar social.
Talvez este cantinho de pensar exagere na insistência da necessidade
de esclarecer o povo, sobretudo a juventude quanto a seriedade de que carece a
administração pública e que está tão longe de ser alcançada que embora o
interesse das autoridades que deveria coincidir com o interesse da sociedade
são totalmente opostos uma vez que voltados para assegurar tranquilidade
própria e dos ricos.
Nada ter mudado desde tempos
anteriores a Cristo. Aqui na página 162 do livro História da Raça Humana, do
historiador Henry Thomas, está descrita da seguinte maneira a escolha de
autoridades no império romano: “...dentro da cidade de Roma havia
constantemente brigas e desordens entre os políticos que disputavam o governo
do Estado. Durante mais de um século os romanos foram governados por uma série
de bandidos audaciosos e sem escrúpulos. Um após outro, apareceram Mário, Sila,
Pompeu, César, Cássio e Augusto – e todos eles foram eleitos para a investidura
suprema do Estado por um sufrágio agitado por pedradas, pauladas e punhaladas.
Toda eleição em Roma era uma batalha e vencia aquele que tivesse maior séquito
de capangas e degoladores. O lema era: “cada qual por si e ninguém pela
República”. De vez em quando, Roma produzia um homem mais interessado no
bem-estar da nação do que nos proveitos de suas ambições pessoais. Mas os
políticos profissionais acabavam depressa com tais homens. Quando Tibério Graco
tentou passar uma lei em favor da redistribuição das terras roubadas dos
pobres, foi morto a pauladas, no edifício do senado. Seu irmão, Caio Graco,
quando procurou baixar decretos semelhantes, teve a mesma sorte. Roma não era
lugar seguro para um homem que procurasse viver honestamente”.
Portanto, é mais importante que as atenções se voltem para a
necessidade de evolução cultural do que se limitar a apontar os erros da
política porque na realidade não há erro algum. O que as pessoas chamam de
erro, como os “representes do povo” “trabalharem” apenas três dias na semana, a
Imunidade Parlamentar, O gasto astronômico com eleições, entregar dinheiro a
deputados para ser aplicado nas suas chamadas bases eleitorais, tudo isto decorre
de leis elaboradas exatamente para tudo isto ocorra legalmente. Portanto, embora
esteja errado, está certo dentro da política distorcida na qual os homens de
valor são perseguidos e bandidos valorizados.
É por isso que sem esclarecer o
povo nada será capaz de fazer frente à selvageria que predomina na
personalidade humana e que deve ser atacada com inteligência em vez de
violência, único meio de ser superada por comportamento civilizado.
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