Embora frases de grande sabedoria
como “O Tempo é O Senhor Da Razão” seja atribuída como tendo origem no
populacho festivo (sabedoria popular), é mais uma das coisas erradas que passam
por certas tamanha é a indiferença com que se encara a realidade da vida que em
absolutamente nada é o que se pensa ser. Referir-se a sabedoria popular, por
exemplo, é incorrer em erro porque povo (populacho) não pensa por si mesmo. E
não é esse Zemané que o diz. É o Érico Veríssimo, por meio de um dos
personagens do livro Olhai Os Lírios Do Campo, que, apontando para a multidão,
exclama: “...povo é aquilo. Povo não pensa”.
E é mais que evidente a incapacidade do
povo de ter os próprios pensamentos. Chega-se a esta conclusão observando seu
comportamento. Individualmente, como a natureza dotou todo ser humano de alguma
inteligência, ninguém está satisfeito com a vida. No entanto, quando se junta
para formar o populacho, a satisfação é tão grande que pipocam foguetórios e
festejamentos mil.
Assim é que é comum ouvirem-se
louvores de elementos do povo à sabedoria da frase “O Tempo É O Senhor Da
Razão”. No entanto, quando reunidas no elemento asqueroso povo, o tempo não é
nenhum senhor de razão alguma porque a humanidade arrasta-se paquidermicamente
pela existência de milhões de anos e ainda não aprendeu a viver em sociedade
visto matar os semelhantes disputando poder da mesma forma que os machos de
feras para assegurar domínio sobre determinado território.
Mas é no terreno da crendice na
existência de divindades e milagres onde a humanidade empaca com maior vigor na
recusa de acompanhar as afirmações de estudiosos do universo e suas criaturas.
O fato de ter o desenvolvimento científico com o passar do tempo mostrado que muitas
coisas nas quais se acreditavam estavam erradas não é capaz de dissuadir da
ideia de que existem deuses, anjos, querubins e demônios e embora seja inegável
que a crendice perde força haja vista a realidade de que escritores não aludem mais
a deus com tanta convicção de sua existência como faz, por exemplo, Thomas
Hobbes, em O Leviatã, cuja introdução começa assim: “A Natureza (a arte com a
qual Deus fez e governa o mundo)... e, na página 16: “... aquele “fiat” ou
“façamos o homem” pronunciado por Deus quando da Criação. Na página 32:
“primeiro autor da linguagem foi o próprio Deus, que instruiu Adão de como
deveria chamar as criaturas que ia pondo diante de seus olhos”. E há quem aceite tamanha irrealidade. Adão
teria estafa se tivesse de criar nomes apenas para a miríade de seres
microscópicos. Enfim, são dezenas ou centenas de afirmações no livro O Leviatã confirmando
como real a existência de deus.
Embora o escritor fosse capaz de
raciocínios consonantes com a realidade em certos aspectos da vida, não escapou
da crendice que na sua época (mais de quinhentos anos atrás) era de tamanho
poder que se acreditava que o rei era divino. Embora ninguém mais pense assim,
ainda existem reis e ainda se pensa que existem divindades, o que mostra o
quanto de atraso há no caminhar rumo à civilização.
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