domingo, 1 de outubro de 2023

ARENGA 700

 

Embora frases de grande sabedoria como “O Tempo é O Senhor Da Razão” seja atribuída como tendo origem no populacho festivo (sabedoria popular), é mais uma das coisas erradas que passam por certas tamanha é a indiferença com que se encara a realidade da vida que em absolutamente nada é o que se pensa ser. Referir-se a sabedoria popular, por exemplo, é incorrer em erro porque povo (populacho) não pensa por si mesmo. E não é esse Zemané que o diz. É o Érico Veríssimo, por meio de um dos personagens do livro Olhai Os Lírios Do Campo, que, apontando para a multidão, exclama: “...povo é aquilo. Povo não pensa”.

E é mais que evidente a incapacidade do povo de ter os próprios pensamentos. Chega-se a esta conclusão observando seu comportamento. Individualmente, como a natureza dotou todo ser humano de alguma inteligência, ninguém está satisfeito com a vida. No entanto, quando se junta para formar o populacho, a satisfação é tão grande que pipocam foguetórios e festejamentos mil.

Assim é que é comum ouvirem-se louvores de elementos do povo à sabedoria da frase “O Tempo É O Senhor Da Razão”. No entanto, quando reunidas no elemento asqueroso povo, o tempo não é nenhum senhor de razão alguma porque a humanidade arrasta-se paquidermicamente pela existência de milhões de anos e ainda não aprendeu a viver em sociedade visto matar os semelhantes disputando poder da mesma forma que os machos de feras para assegurar domínio sobre determinado território.

Mas é no terreno da crendice na existência de divindades e milagres onde a humanidade empaca com maior vigor na recusa de acompanhar as afirmações de estudiosos do universo e suas criaturas. O fato de ter o desenvolvimento científico com o passar do tempo mostrado que muitas coisas nas quais se acreditavam estavam erradas não é capaz de dissuadir da ideia de que existem deuses, anjos, querubins e demônios e embora seja inegável que a crendice perde força haja vista a realidade de que escritores não aludem mais a deus com tanta convicção de sua existência como faz, por exemplo, Thomas Hobbes, em O Leviatã, cuja introdução começa assim: “A Natureza (a arte com a qual Deus fez e governa o mundo)... e, na página 16: “... aquele “fiat” ou “façamos o homem” pronunciado por Deus quando da Criação. Na página 32: “primeiro autor da linguagem foi o próprio Deus, que instruiu Adão de como deveria chamar as criaturas que ia pondo diante de seus olhos”.  E há quem aceite tamanha irrealidade. Adão teria estafa se tivesse de criar nomes apenas para a miríade de seres microscópicos. Enfim, são dezenas ou centenas de afirmações no livro O Leviatã confirmando como real a existência de deus.

Embora o escritor fosse capaz de raciocínios consonantes com a realidade em certos aspectos da vida, não escapou da crendice que na sua época (mais de quinhentos anos atrás) era de tamanho poder que se acreditava que o rei era divino. Embora ninguém mais pense assim, ainda existem reis e ainda se pensa que existem divindades, o que mostra o quanto de atraso há no caminhar rumo à civilização.

 

 

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