domingo, 15 de outubro de 2023

ARENGA 704

CAPITALISMO E LIBERDADE é o nome de um livro do economista americano Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia. O livro mereceu elogios rasgados de jornalões americanos e o autor é dito o economista do século. Que o mundo enlouqueceu, não é novidade se jovens estão cometendo suicídio, desordeiros são tratados de excelências e pobres diabos mentais são famosos e celebridades. Entretanto, é novidade que os maiores intelectuais do mundo tenham enlouquecido também. O capítulo primeiro do livro do economista do século, começa do seguinte modo: “Há uma convicção generalizada de que a política e a economia são questões distintas e têm pouca relação entre si; de que a liberdade individual é um problema político, e o bem-estar material, um problema econômico”.

Se é que há a convicção, de que política e economia são questões distintas, é só na redoma de vidro em que vivem os intelectuais, distante da realidade do povo, no mundo da lua. Para quem vive no mesmo mundo onde vive o povaréu é diferente. Política e economia são tão vinculadas entre si que são como unha e carne. Além disso, a única liberdade que a política assegura é dar aos pobres o direito de escolher em pagar de uma só vez ou em parcelas o valor do imposto. E mais, é a política que determina o tipo de economia. Tanto esta é a realidade que no capitalismo, forma de administração pública preferida pelos ricos donos do mundo e que vem mandando e desmandando (desmandando mais que mandando) em todas as sociedades ricas desde a Revolução Industrial. Dissemos “desmandando” com base no também economista Eduardo Moreira, que na página 27 do livro Desigualdade diz o seguinte a respeito da desarrumação econômica que do capitalismo resulta para nossa sociedade: “... vivemos no país que possui a maior desigualdade social do mundo, com o 1% mais rico concentrando a maior parcela do total da renda gerada. No Brasil, essa fatia é de quase 30% da renda total. Quando analisamos patrimônio, e não renda, esse percentual aumenta ainda mais. Para se ter uma ideia, 1% dos donos de terras concentram mais de 50% das terras cultiváveis do país. E quando consideramos o volume de dinheiro, o 1% mais rico possui mais reservas acumuladas do que os 90% mais pobres. Uma verdadeira catástrofe social, com consequências nefastas, que parece, porém, passar despercebida à maior parte da população”.

Clama aos céus, pois, a afirmação de ser a economia responsável pelo bem-estar material da sociedade porque na verdade é responsável pelo mal-estar social que toma conta da sociedade humana com guerras pipocando por todo canto e o povão idiotizado em meio a tudo isso ignorando que cabe a ele e não a divindade a tarefa sublime de fazer a vida menos desagradável, sobretudo pelas inocentes crianças que sofrem pelos desatinos dos adultos que desembocaram na catástrofe social a que se refere Eduardo Moreira.

 


  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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