Nenhuma definição de dicionário
define melhor a palavra POVO do que a de Érico Veríssimo na página 199 do livro
Olhai os Lírios do Campo: “POVO É AQUILO QUE NÃO PENSA, NÃO TEM VONTADE”. Perfeitíssimo!
Um instante de reflexão sobre o dia a dia do povo leva realmente à conclusão de
ser o seu comportamento igual ao de um pedaço de papel ao sabor do vento, cujo
destino não lhe pertence. Nesse mesmo livro de Veríssimo, na página 86, um
personagem deísta contra-argumentando outro personagem, um ateu, faz-lhe a
seguinte pergunta: “Vocês ateus querem nos tirar Deus para nos dar em lugar
dele... o quê?” É o mesmo que tirar pão da boca de quem tem fome e dar-lhe em
troca areia ou cinza”. Este questionamento encerra a realidade de que o povo
precisa ser iludido. Diferentemente do adulto consciente para o qual aquilo que
é indispensável é a verdade segundo a qual não há espaço para deus algum nesse
mundo fora da imaginação das pessoas do povo que, como se pode facilmente
perceber, não pensa.
Se a papagaiada de microfone
incentiva para jogar na acumulada, em profusão, inumeráveis pessoas se
aglomeram na loja de jogatina do Cassino Caixa Econômica Federal levando
minguados reais para lá deixar. Se o incentivo é para comprar presentes por
algum motivo, a aglomeração é nas lojas.
Se, aos berros de “gol” a papagaiada
de microfone insinua que vai ser espetacular o clássico entre os times
sai-de-baixo e sai-de-cima, alvoroçadas, aglomera-se nos estádios multidão
barulhenta entre socos e tantos pontapés entre as pessoas que na bola e, não
raro, morte.
Se algum menino diz ser um negócio
esquisito chamado youtuber, ou que tem destreza em correr levando nos pés uma
bola até finalizar a disparada num coice na bola que resulta num negócio também
esquisito chamado gol, este menino passa a receber tanta admiração do povo que
vira trilionário e celebridade.
Nas eleições e na religiosidade, então,
aflora em todo esplendor o comportamento de coisa que não pensa. Se nas
eleições o povo paga cinco bilhões à televisão para que por meio do seu ópio
colorido ela convença em quem votar. Na religiosidade, o povo busca proteção na
figura de um deus que ninguém vê e que se diz chamar Eu Sou, representado por
um sujeito grandalhão, aparentemente bonachão e de simpatia irradiante, chamado
papa, que por não ser bobo não bota fé na proteção divina e se desloca em carro
blindado.
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