A maldade
tem sido o traço que caracteriza o comportamento do ser humano. A última
demonstração disso foi a cena de policiais obrigando dois rapazes a se
espancarem e se beijarem, o que os divertia, comportamento qualificado como
sádico. Segundo o dicionário Aurélio, o sadismo é
hoje considerado uma anomalia do instinto sexual, que impele à prática de atos
de crueldade e até ao assassínio para atingir o orgasmo. Entretanto, independentemente
de problemas sexuais, o sadismo se manifesta também nas mais diversas
circunstâncias. O comportamento humano é moldado pelas impressões recolhidas
pelo cérebro no ambiente onde se vive, informações estas que determinarão a consolidação
do caráter de cada um. Como só existem informações sobre maldade em todo ambiente
onde nasce e cresce o ser humano, o resultado é o descompasso entre o que é e o
que deveria ser a vida dos seres humanos uma vez que ela, a vida, depende
exclusivamente do comportamento da pessoa que é sua portadora. O normal é que
alguém gerado, nascido e criado até depois da adolescência num ambiente de
pessoas de boa espiritualidade tende a ser também assim. Mas como os seres
humanos não dispõem de um lugar assim para onde pudessem migrar e fazer os
filhos, o resultado de quem é gerado, nascido e criado num ambiente onde é
normal encontrar pedaços de corpo humano pelas ruas, um ambiente onde a palavra
dada não significa certeza, onde as pessoas de menor conhecimento são mais
prestigiadas do que as de maior conhecimento, portanto, de maior capacidade contributiva
para o sucesso da sociedade, quem vive em tal ambiente jamais terá, salvo as
exceções felizmente infalíveis em toda regra, que são os Grandes Mestres do
Saber, mas a regra é que as pessoas tenham o comportamento adequado para formar
uma sociedade de gladiadores a se estraçalharem.
Quem, antes de sair para a igreja, vê a cena dos policiais torturando os
dois jovens não vê ali motivo para despertar qualquer reflexão a respeito.
Porém, para quem encara a religiosidade como atraso e impedimento de progresso
mental, dá uma vontade danada de perguntar àqueles policiais se eles são
religiosos. E aposto noventa e nove vírgula noventa e nove contra o que falta
para inteirar cem como eram.
Minha gente: tá na hora de pensar antes que seja muito tarde. Olha que
até o governador de São Paulo, aquele que sabe o que o povo não sabe e nem pode
saber porque se souber vai faltar guilhotina, pois até ele que é governador e
sabe das coisas já teve seus intestinos prejudicados pela qualidade da água
consumida, é de se imaginar o que será dos intestinos de quem não é governador
e nem sabe de nada. Quando a coisa chega nesse pé, é bom botar a barba de
molho. Como as barbas não podem se por de molho porque estão demasiadamente
ocupadas pelaí a inaugurar templos de arrecadar dízimo para mostrar na revista Forbes, faz-se necessário um despertar da juventude
que ainda não tem barba, jovens do tipo das mais de setecentas mil pessoas que
compareceram na feira do livro de São Paulo, um despertar para a compreensão da
necessidade suprema de pensar em aprender a pensar.
Não há justificativa tanto progresso material e nenhum progresso
espiritual. O comportamento humano demonstra total incapacidade de reflexão
sobre os acontecimentos, provocando interpretações descabidas dos fatos sociais
que nos envolvem, resultando das falsas interpretações uma realidade apenas
aparente, mas também falsa. Uma grande distorção da realidade pode ser
encontrada na declaração dos médicos americanos que contraíram a doença
perigosa proveniente de um negócio chamado ebola e que afirmaram terem sido
salvos por milagre. Falta de conexão com a realidade maior não há porque o que
salvou suas vidas foi a alta tecnologia da ciência médica desenvolvida graças à
riqueza que seu país tomou na marra de outros povos jogando bomba sobre eles.
Isto fica mais do que evidente quando todos os pobres atacados pela mesma
doença morrem. É também do mundo religioso dos americanos que vem uma
interpretação capenga sobre o fato de cerca de três mil cidadãos americanos e
ingleses se juntarem aos grupos terroristas contra seus próprios países. A
falta de coragem para enfrentar a realidade leva a subterfúgios escorregadios e
ocos porque a realidade é que a brutalidade das ações criminosas de saque que
aqueles países praticaram sobre o mundo renderam-lhes justa repulsa até de seus
nacionais. A imprensa americana disse a respeito que os terroristas conquistam
adeptos convencendo-os com religiosidade de que aquilo que estão fazendo é
certo. Ora, está certo afirmar que matar não está certo, mas não está certo
também o que aqueles países de povo religioso e assassino fazem arrancando
braços de crianças com bombas.
O fato de haver dez milhões de pessoas nas cadeias é mais do que
suficiente para demonstrar a irrealidade em que vive o mundo. Dez milhões de
pessoas para serem alimentadas e cuidadas por quem trabalha, recursos que
poderiam ser usados para o bem-estar de quem os produz. É de insensatez em
insensatez que o mundo foi transformado numa bomba e a infelicidade cresce
desesperadoramente por pura falta de coragem de enfrentar a realidade e se
esconder nas sombras da mediocridade. Um desses deformadores de opinião
afirmava ser muito difícil lidar com a educação sexual dos adolescentes. Qual a
dificuldade que há em explicar aos jovens a realidade sobre o assunto?
Futuramente ele agradecerá por não ter de aprender sozinho como a turma da
minha geração que se ufanava por ter contraído blenorragia. É o mesmo problema
com as drogas. Pessoas inocentes, principalmente os religiosos, acreditam que a
proibição das drogas é a solução para o problema, enquanto estudiosos do
assunto concluem o contrário. É claro que as drogas são um problema, mas os
problemas são maiores quanto maior é a ignorância do ambiente onde ele está. O
uso de venenos, por exemplo, está provocando uma doença apelidada de CKDu que
destrói os rins dos agricultores. E tudo para que imbecis se locupletem e façam
pose na revista Forbes. Tá certo isso? Inté.
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