quarta-feira, 8 de julho de 2015

ARENGA 133

 

              Disse o Grande Mestre do Saber que o homem nasce livre, mas vive agrilhoado pelos quatro cantos do mundo, o que é uma verdade incontestável. Povo sempre se conformou em servir a dois senhores: Deus e governo. Trabalha prá cachorro a fim de manter riquíssimos palácios destinados a abrigar “excelências” e “divindades” sem receber nada de ambas as partes, não obstante tão altos custos. Interessante é notar que não há mais Navios Negreiros, Entradas nem Bandeiras para pôr grilhões em ninguém. O próprio homem os põe, e na alma em vez do pescoço. Subjuga-se espontaneamente à uma força demoníaca de modo tão absoluto que, diferentemente dos escravos sob chibata que se lamentavam e não raro se rebelavam, festejam seu jogo. As guerras são a grande demonstração desta realidade. Os jovens não são arrancados do seio de suas famílias debaixo de vara como faziam os nazistas. Apresentam-se por vontade própria ao destino cruel de matar até ser morto num campo de batalha cujos horrores Leon Tolstoi mostrou no livro Guerra e Paz. É o poder da força demoníaca escravizadora que leva os jovens à situação do cão que avança à ordem do dono sem a ninguém ocorrer esmiuçar em que se fundamenta a aceitação de uma situação em que jovens são levados a se estraçalharem em luta sangrenta sob explosões de todo tipo sem nem mesmo saber o motivo pelo qual trocam suas vidas por uma medalha e uma rudia de flor solenemente colocada no pé de um poste de cimento.
 
Já lhes disseram estar lutando em defesa de Deus. Ora, é absurdo admitir precisar ser defendido quem exterminou toda a população da Terra apenas com o pensamento. Outras vezes dizem aos jovens haver honra em morrer pela pátria. O certo é que a rapaziada, sob qualquer pretexto, sempre esteve a fim de guerrear. No dia em que eles procurarem saber, descobrirão que suas vidas estão sendo trocadas por dinheiro destinado às caixas-fortes dos infernos fiscais. A única coisa que pode explicar o comportamento absolutamente equivocado de povo é existir ainda em sua personalidade resquícios do tempo de bicho. Disto resulta a divisão da humanidade em dois monumentais tipos de ignorantes: aproveitadores e aproveitados. Esta dicotomia é a fonte de todos os absurdos vividos pela humanidade. De um lado, um punhadinho de nada de ignorantes rosnando abraçados a noventa e nove por cento da riqueza do mundo. Do outro lado, numa ignorância tão grande quanto a dos seus opressores, o resto da humanidade oprimida com apenas dois comportamentos cada um mais estúpido do que outro: curtir festas ou deixar-se revoltar a ponto de matar, duas situações das quais nada resultará de positivo em prol de uma vida saudável quer para oprimidos ou opressores.
Assim tem sido e assim continuará sendo enquanto a mentalidade dos seres humanos girar apenas em torno de riqueza. A estupidez humana chega ao absurdo de se deixar levar sem se interessar para onde está sendo levado. Absolutamente nada justifica a seguinte notícia num jornal contemporâneo: “Um mar de súditos tingiu Amsterdã de laranja ontem para se despedir de Beatrix, rainha da Holanda nos últimos 33 anos, e celebrar a coroação do seu filho, o novo rei Willem-Alexander”. E não se trata de povinho bunda suja de república de banana, não. Este comportamento imbecil típico da Idade Média é de espécimes do povo das bundas alvejadas tidos como os mais civilizados do mundo. Inté.

 
 
 

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