quinta-feira, 30 de julho de 2015

ARENGA 141

               Que motivos terão os papagaios de microfone e os escritores assalariados para odiar Cuba e Fidel, agora que os Estados Unidos não os odeiam mais? Devem estar de sorriso amarelo os detratores do socialismo. Pode-se até ser contra o socialismo. O que não pode, sob pena de perder a condição de nobreza conferida pela capacidade de pensar, é ser a favor do capitalismo como fazem a papagaiada de microfone e escritores assalariados por ser um sistema desumano que ignora as pobres criancinhas negras de olhos tristes servindo de banquete para peixes tentando fugir da fome. Quem afirma valer a pena viver no regime capitalista é por ser completamente ignorante ou mal intencionado por ser desumana a cultura de considerar haver pessoas que não precisam comer. Esta será a causa do fim do capitalismo. Com permissão do mestre Nietzsche, é preciso escrever em todos os muros do mundo que os famintos não haverão de se contentar em ser famintos eternamente. Não é por falta de exemplo que os embevecidos com o gosto do poder que a riqueza confere continuam fazendo pose na revista Forbes. Quando meu pensamento rodopia em torno do assunto capitalismo/socialismo, me ocorrem duas lembranças do tempo de menino. Uma era na fazenda, quando um pintinho corria desesperadamente perseguido por vários outros pintinhos dispostos a partilhar da minhoca que o primeiro levava no bico, mas que ele queria saborear sozinho. A segunda lembrança é a figura de dois burrinhos amarrados cada um na ponta da mesma corda que os impedia de alcançar e comer cada um deles um montinho de capim que ficava separado do outro por uma distância maior que o tamanho da corda, obtendo sucesso quando mudaram o comportamento e ambos comeram um, depois o outro montinho de capim. Se não mais ensinam às crianças a necessidade e a vantagem da cooperação e lhes é ensinado a vantagem da competição, evidente que elas se tornam adultos acreditando haver vantagem em “levar vantagem”, cujo resultado é o que temos à volta.
               O que tem resultado do capitalismo é a fome que força o deslocamento dos famintos. No livro Geografia da Fome, Josué de Castro lembra que o pensador Espinosa via a fome como uma força motriz que impulsiona a evolução humana. É ela, pois, a fome, que está impulsionando os famintos mundo a fora em busca da reparação da injustiça contra eles cometida por seus colonizadores, os mesmos que agora constroem muros e atiram neles em vez de reconhecer o mal que lhes fizeram. Os poucos que preferem a verdade são preteridos pela massa nojenta de povo. Cadê o doutor Joaquim Barbosa? E a senadora Heloisa Helena, aquela que disse na tampa do nariz dos senadores que eles não merecem respeito? Já foi visto algum político dizendo tamanha verdade? Pois ela, numa demonstração de sincera ligação com a sociedade, disse. E por defender a sociedade de povo, foi esquecida por ele, que preferiu ser representado por Collor. Agora, digaí, meu, entre quem exige respeito em relação ao povo e outro que exige do povo vários carros de luxo, como preferir o derradeiro? A resposta é que se trata de povo. E a ministra Eliana Calmon, prá que maior demonstração de sinceridade e vontade de arrumar esta porcaria de justiça brasileira? Pois o povo não a conduziu ao posto de senadora.
               É este sistema esquisito de valorizar o néscio e desprezar o capaz, a exemplo do endeusamento de inúteis “famosos” e “celebridades”, em tal absurdo se fundamenta o monstruoso sistema capitalista sem futuro, por mais esforço que se faça para convencer o contrário. Está na imprensa a notícia de que o historiador econômico Richard Smith termina seu mais recente livro “The God That Failed” (O Deus que Fracassou), deixando no ar uma sentença: “ou nos livramos do capitalismo, ou o capitalismo se livra de todos nós. E em pouco tempo”. Taí, pois, quem sabe o que fala a confirmar o que fala quem não sabe o que fala. Inté.

 
 

 

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