segunda-feira, 20 de julho de 2015

ARENGA 138


No livro Estado, Governo, Sociedade, do famoso filósofo e escritor italiano Norberto Bobbio, lê-se o seguinte: “Desde a antiguidade o problema da relação entre direito e poder foi apresentado com esta pergunta: “É melhor o governo das leis ou o governo dos homens?” Platão, distinguindo o bom governo do mau governo, diz: “onde a lei é súdita dos governantes e privada de autoridade, vejo pronta a ruína do Estado; e onde, ao contrário, a lei é senhora dos governantes e os governantes seus escravos, vejo a salvação do Estado, e a acumulação nele de todos os bens que os deuses costumam dar aos Estados”.

No livro A Economia da Desigualdade, de Thomas Piketty, lê-se o seguinte: “Um indicador prático da desigualdade total dos salários é a relação entre P90 e P10, isto é, entre o limite inferior do 10º décimo e o limite superior do primeiro...”

Será realmente necessário saber estas coisas para se viver bem, ou serão tão desnecessárias quanto saber o que são topônimos, antropônimos, bibliônimos, axiônimos, hagiônimos, antropomorfizados, homofonia, para que se possa escrever um recado? Esta trapalhada é causada por aquele negócio de criar dificuldade para vender facilidade. Por traz desta baboseira correm rios de dinheiro. Enquanto a criançada recusa com razão aprender esta xaropada, o inglês vai entrando e criando raízes. Não custa repetir que vi uma criança de três anos sabendo os nomes em inglês das cores. Além disso, as lojas e até uma espelunca ostenta a palavra FASHION. A rádio CBN tem um programa chamado YOUNG PROFESSIONAL. E doutores dizem que vão estar telefonando em vez de dizer simplesmente que vão telefonar. Isto aí é o resultado da dominação do império sobre a colônia de onde abobalhados lotam aviões para levar dinheiro para Me Ame. É fácil constatar que as dificuldades nada resolvem. Nosso país de triste povo tem a mais emaranhada burocracia do mundo e, no entanto, é o país onde mais se rouba no mundo. A coisa mais simples do mundo é viver bem ou relativamente bem desde quando a natureza se encarrega de arrumar as contrariedades. Na simplicidade é que está a sabedoria de viver bem. Pensar, refletir ou filosofar não é jogar tempo fora. Pelo contrário, exercita a mente e aumenta a capacidade de raciocínio. É o tempo mais bem empregado que se gasta. Esse negócio de tempo ser dinheiro, isso é invenção dos gringos das bundas brancas que respiram Deus e dinheiro e jogam bomba em cima de criancinhas. Pois aí está uma coisa que leva a pensar, e com o bom resultado de concluir haver alguma coisa errada nesse negócio de ser religioso e jogar bomba em criança. É a prova de que o hábito de pensar pode levar a humanidade a se transformar em gente. A mesma falta de lógica em cepar fora a cabeça de jovens para regozijo de Deus, é também a que orienta o comportamento dos bundas brancas, certos de que o bem bom ao lado de Deus depende do bom comportamento, mas matam crianças. Quem quer que se dedique a pensar chegará à conclusão de não haver necessidade de se brigar por riqueza como cães brigam por comida. O esforço dos seres humanos deve objetivar antes de outra coisa o bem-estar coletivo inteiramente alcançável desde que os humanos ainda bichos sejam educados e transformados em gente, o que pode ser feito mediante aplicação correta do erário. Como nunca foi essa a intenção dos governantes, são criadas as confusões para esconder o que ocorre por debaixo do pano. O futebola é um exemplo perfeito deste estado de coisas. Por que motivo o governo derrama montanhas de dinheiro do povo bestialializado no futebola? O Jornalista sempre atento Alex Ferraz, de quem espero não tomar conhecimento do seu nome nestas garatujas, dá um exemplo de como se joga fora dinheiro no mar de lama do futebola. São simplesmente de quatro bilhões de reais do dinheiro da cambada festiva que o governo entregou ao futebola para em troca distrair a atenção da manada. Quando os papagaios de microfone bradam moralismo, mas ao mesmo tempo se dizem apreciadores de futebola, trata-se de fazer confusão na cabeça vazia de quem é povo, categoria de irracional em que se enquadra praticamente toda a mamada. É impossível que estes senhores já bastante adiantados na vida, inclusive safenados e portadores de outros achaques do correr dos anos sejam ainda tão inocentes a ponto de não saberem da safadeza que corre por trás do futebola. Estes senhores contribuem em muito para a imbecilização generalizada que toma conta de tudo. Se os recadeiros do mundo dos ricos, cientes do resultado do compra-compra, apregoam a necessidade dele, é por não se preocuparem com o futuro de seus descendentes. E se assim são, é evidente ser falsa a intenção pressuposta de visar seu trabalho o bem-estar social. Quem não se preocupa com os filhos e netos é evidente que só se preocupa com o emprego.

Pode-se garantir e assinar embaixo que a solução de tudo que pode ser solucionado está unicamente numa coisa inteiramente fácil de fazer que é aplicar corretamente o erário. Tudo o mais é pura confusão desnecessária. A realidade mesmo, no duro, é que em vez de ser distribuída a riqueza à população em salários e serviços, substituem-se trabalhadores por máquinas, avilta-se o salário dos que tem emprego, principalmente os professores, degradaram-se todos os serviços prestados pelo poder público, estado de coisas do qual resulta montanhas de dinheiro economizado e enviado para os infernos fiscais pelos ladrões do colarinho prateado de cuja ação resulta a infelicidade dos pobres diabos esperançosos em Deus, merecedores do destino desejado pelo deputado Justo Veríssimo, saído da inteligência de Chico Anísio. No momento em que o bicho povo é estimulado pelos papagaios de microfone a comprar e comprar, no momento que em que os papagaios de caneta que escrevem livros bons de vendagem afirmam ser bom exportar, é tudo mentira. Quem não é povo afirma que junto com o produto exportado vai parte do meio ambiente que exporta. Só o que falta é tirar um pouco a atenção do corre-corre por dinheiro, “famosos”, “celebridades”, futebola, axé e igreja e dedicar esse tempinho a pensar, por exemplo, sobre a situação das crianças que dizem amar, mas que vão ficar sem água. Se tá pensando que esse tempo não vai chegar, pode tirar o cavalinho da chuva porque vai. E como estouro de manada sempre termina em tragédia, do estouro da manada rumo às compras e a Me Ame vai resultar muito sofrimento. Infelizmente. Já que tudo depende da boa aplicação do erário, não é possível continuar ele entregue à responsabilidade de apenas um grupinho porque o ser humano ainda é muito bruto e mete a mão. Nada justifica a indiferença quanto aos gastos. Não é justo que quem não tem a assistência necessária seja obrigado a contribuir com os lucros astronômicos de bancos e outros carrapatos do erário e donos de imensas caixas-fortes nos infernos fiscais. É extremamente necessário ficar de butuca em cima do erário. Fazer como Gal Costa na parte da canção que indaga “cadê o dinheiro?” Fazendo-se isso, evita-se a resposta à pergunta de Gal, que é: “O gato comeu”. Inté.

 

 

 

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