No livro
Estado, Governo, Sociedade, do famoso filósofo e escritor italiano Norberto
Bobbio, lê-se o seguinte: “Desde a
antiguidade o problema da relação entre direito e poder foi apresentado com
esta pergunta: “É melhor o governo das leis ou o governo dos homens?” Platão,
distinguindo o bom governo do mau governo, diz: “onde a lei é súdita dos
governantes e privada de autoridade, vejo pronta a ruína do Estado; e onde, ao
contrário, a lei é senhora dos governantes e os governantes seus escravos, vejo
a salvação do Estado, e a acumulação nele de todos os bens que os deuses
costumam dar aos Estados”.
No livro A
Economia da Desigualdade, de Thomas Piketty, lê-se o seguinte: “Um indicador prático da desigualdade total dos
salários é a relação entre P90 e P10, isto é, entre o limite inferior do 10º
décimo e o limite superior do primeiro...”
Será
realmente necessário saber estas coisas para se viver bem, ou serão tão
desnecessárias quanto saber o que são topônimos, antropônimos, bibliônimos,
axiônimos, hagiônimos, antropomorfizados, homofonia, para que se possa escrever
um recado? Esta trapalhada é causada por aquele negócio de criar dificuldade
para vender facilidade. Por traz desta baboseira correm rios de dinheiro.
Enquanto a criançada recusa com razão aprender esta xaropada, o inglês vai
entrando e criando raízes. Não custa repetir que vi uma criança de três anos
sabendo os nomes em inglês das cores. Além disso, as lojas e até uma espelunca
ostenta a palavra FASHION. A rádio CBN tem um programa chamado YOUNG PROFESSIONAL.
E doutores dizem que vão estar telefonando em vez de dizer simplesmente que vão
telefonar. Isto aí é o resultado da dominação do império sobre a colônia de
onde abobalhados lotam aviões para levar dinheiro para Me Ame. É fácil
constatar que as dificuldades nada resolvem. Nosso país de triste povo tem a
mais emaranhada burocracia do mundo e, no entanto, é o país onde mais se rouba
no mundo. A coisa mais simples do mundo é viver bem ou relativamente bem desde
quando a natureza se encarrega de arrumar as contrariedades. Na simplicidade é
que está a sabedoria de viver bem. Pensar, refletir ou filosofar não é jogar
tempo fora. Pelo contrário, exercita a mente e aumenta a capacidade de
raciocínio. É o tempo mais bem empregado que se gasta. Esse negócio de tempo
ser dinheiro, isso é invenção dos gringos das bundas brancas que respiram Deus
e dinheiro e jogam bomba em cima de criancinhas. Pois aí está uma coisa que
leva a pensar, e com o bom resultado de concluir haver alguma coisa errada
nesse negócio de ser religioso e jogar bomba em criança. É a prova de que o
hábito de pensar pode levar a humanidade a se transformar em gente. A mesma falta
de lógica em cepar fora a cabeça de jovens para regozijo de Deus, é também a que
orienta o comportamento dos bundas brancas, certos de que o bem bom ao lado de
Deus depende do bom comportamento, mas matam crianças. Quem quer que se dedique
a pensar chegará à conclusão de não haver necessidade de se brigar por riqueza
como cães brigam por comida. O esforço dos seres humanos deve objetivar antes
de outra coisa o bem-estar coletivo inteiramente alcançável desde que os humanos
ainda bichos sejam educados e transformados em gente, o que pode ser feito
mediante aplicação correta do erário. Como nunca foi essa a intenção dos
governantes, são criadas as confusões para esconder o que ocorre por debaixo do
pano. O futebola é um exemplo perfeito deste estado de coisas. Por que motivo o
governo derrama montanhas de dinheiro do povo bestialializado no futebola? O
Jornalista sempre atento Alex Ferraz, de quem espero não tomar conhecimento do
seu nome nestas garatujas, dá um exemplo de como se joga fora dinheiro no mar de
lama do futebola. São simplesmente de quatro bilhões de reais do dinheiro da
cambada festiva que o governo entregou ao futebola para em troca distrair a
atenção da manada. Quando os papagaios de microfone bradam moralismo, mas ao
mesmo tempo se dizem apreciadores de futebola, trata-se de fazer confusão na
cabeça vazia de quem é povo, categoria de irracional em que se enquadra
praticamente toda a mamada. É impossível que estes senhores já bastante
adiantados na vida, inclusive safenados e portadores de outros achaques do
correr dos anos sejam ainda tão inocentes a ponto de não saberem da safadeza
que corre por trás do futebola. Estes senhores contribuem em muito para a
imbecilização generalizada que toma conta de tudo. Se os recadeiros do mundo
dos ricos, cientes do resultado do compra-compra, apregoam a necessidade dele,
é por não se preocuparem com o futuro de seus descendentes. E se assim são, é
evidente ser falsa a intenção pressuposta de visar seu trabalho o bem-estar
social. Quem não se preocupa com os filhos e netos é evidente que só se
preocupa com o emprego.
Pode-se
garantir e assinar embaixo que a solução de tudo que pode ser solucionado está
unicamente numa coisa inteiramente fácil de fazer que é aplicar corretamente o
erário. Tudo o mais é pura confusão desnecessária. A realidade mesmo, no duro,
é que em vez de ser distribuída a riqueza à população em salários e serviços,
substituem-se trabalhadores por máquinas, avilta-se o salário dos que tem
emprego, principalmente os professores, degradaram-se todos os serviços
prestados pelo poder público, estado de coisas do qual resulta montanhas de
dinheiro economizado e enviado para os infernos fiscais pelos ladrões do
colarinho prateado de cuja ação resulta a infelicidade dos pobres diabos
esperançosos em Deus, merecedores do destino desejado pelo deputado Justo
Veríssimo, saído da inteligência de Chico Anísio. No momento em que o bicho
povo é estimulado pelos papagaios de microfone a comprar e comprar, no momento
que em que os papagaios de caneta que escrevem livros bons de vendagem afirmam
ser bom exportar, é tudo mentira. Quem não é povo afirma que junto com o
produto exportado vai parte do meio ambiente que exporta. Só o que falta é
tirar um pouco a atenção do corre-corre por dinheiro, “famosos”, “celebridades”,
futebola, axé e igreja e dedicar esse tempinho a pensar, por exemplo, sobre a
situação das crianças que dizem amar, mas que vão ficar sem água. Se tá
pensando que esse tempo não vai chegar, pode tirar o cavalinho da chuva porque
vai. E como estouro de manada sempre termina em tragédia, do estouro da manada
rumo às compras e a Me Ame vai resultar muito sofrimento. Infelizmente. Já que
tudo depende da boa aplicação do erário, não é possível continuar ele entregue
à responsabilidade de apenas um grupinho porque o ser humano ainda é muito
bruto e mete a mão. Nada justifica a indiferença quanto aos gastos. Não é justo
que quem não tem a assistência necessária seja obrigado a contribuir com os
lucros astronômicos de bancos e outros carrapatos do erário e donos de imensas
caixas-fortes nos infernos fiscais. É extremamente necessário ficar de butuca
em cima do erário. Fazer como Gal Costa na parte da canção que indaga “cadê o
dinheiro?” Fazendo-se isso, evita-se a resposta à pergunta de Gal, que é: “O
gato comeu”. Inté.
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