Se existisse
Deus, Ele bem que deixaria de lado o que disse a Noé sobre nunca mais afogar
ninguém, mandava o Arco-íris às favas e tascava outro dilúvio prá cima de nós
por causa da mania da manada dizer que Ele é brasileiro. Se até brasileiros,
como mostram os jovens, gostariam de não ser brasileiros, imagine se logo
Deus vai querer se misturar com a pior laia de espécie de ser vivente já
surgido no universo. Isto aqui tá muito mais é prá Satanás. Embora Deus tenha
feito todas as maldades contadas na bíblia, o Satanás é que é tido como o
maioral nas maldades. Se assim é, nenhum lugar mais condizente com maldade
satânica do que esse pedaço de chão onde o transeunte se desvia de bala perdida
ao tempo em que pula por sobre pedaços de corpo humano. Esta sociedade que quer
bancar a terra natal de Deus consegue ser ainda inferior entre todas as
sociedades que formam a humanidade em sua eterna marcha-a-ré através da
História. O historiador Edward Mc Nall Burns, no primeiro volume de História da
Civilização Ocidental, página 44, conta que os egípcios criaram um sistema de
leis ao qual se sujeitava o próprio faraó. Este fato histórico faria corar de vergonha os governantes modernos não fosse ter sido a vergonha varrida da face da
Terra. Houvesse algum resquício dela, nunca que a política seria convertida
numa tramoia dos diabos a fim de permitir as safadezas que correm por baixo do
pano desde a mais humilde prefeiturazinha até o mais requintado dos palácios.
Os governantes assumiram posição de donos das sociedades que administram, numa
trama diabólica com os donos de imensas caixas-fortes. O blog Outras Palavras noticia
que em São Paulo o povo paga doze reais por metro de água, enquanto shoppings,
grandes indústrias e faculdades privadas pagam quatro reais. Todas as
sociedades humanas assumiram caráter ilógico baseado na manutenção de um estado
de inocência das populações impossível de continuar por muito mais tempo uma
vez que mais pessoas a cada dia chegam à realidade de não ser verdade o que nos
dizem ser verdade. É mentira do tamanho do mundo haver vantagem em abarrotar
caixas-fortes de riquezas. O tapa-olho do costume (do sempre foi assim) não
deixa perceber a insustentabilidade de um sistema que se baseia em manter todos
os seres humanos no papel de uma plateia num espetáculo de hipnotismo com o
hipnotizador encarregado de fazê-la de boba. Se nenhum espécime de ser humano
concorda em beber água misturada com bosta e comer comida misturada com veneno,
mas é isso que faz quando coletivamente, é por existir uma força que força este
espécime a proceder de modo contrário ao modo como procederia se tal
procedimento dependesse de sua vontade. Portanto, por traz de tudo que fazemos
por conta do que nos dizem ser verdade, por trás dessa “verdade” há um trabalho
de hipnotizador fazendo as pessoas de bobas. Quem é obrigado a fazer o que não
quer, não tem vontade própria, é conduzido. Entretanto, o mínimo de
inteligência que se pode esperar de quem é conduzido seria querer saber pelo
menos para onde está sendo conduzido. Mas nem isso a humanidade quer saber. Apenas
vai na conversa de escritores cheios de pose que lhe diz ser ideal este sistema
de administrar a riqueza pública considerando os pobres tão insignificantes que
até os chama de “material humano”.
Acastelados
em palácios e cercados de infinitas pompas e não-me-toques, mordomias que
incluem um baú cheio de tesouro prá botar no ombro e levar quando for prá casa,
é nesse ambiente folgazão onde nada pode faltar que vivem os representantes dos
governos, na realidade, empregados da sociedade, mas que se transformaram em
donos dela. Os patrões de todos nós, mas empregados dos donos das caixas-fortes
que os colocam em seus postos de dar ordens aos pobres e recebê-las dos ricos.
Desde que se tem notícia da existência das chamadas sociedades organizadas, o
que parece piada face à desorganização generalizada, sempre coube aos
governados a obrigação de prover os meios materiais necessários para garantir o
exercício do governo, o que sempre foi feito, e com sobra. O que não é feito, e
que é mais importante do que fazer a riqueza, é empregá-la bem empregada, o que
não é em absoluto o que acontece com a riqueza do mundo. Assim não fosse, não
haveria tanta pobreza porquanto riqueza é esbanjada até para brincar
de fazer Torre de Babel. É de espantar a indiferença em se comprar armas e
fazer guerras com o dinheiro de comprar tranquilidade. Mas o efeito do
hipnotismo que impede a percepção de não haver motivo para tanta festa já
começa a mostrar sinais de fraqueza. Percebe-se isto no medo que assombra as
pessoas inteligentes do mundo, como os cientistas que descobriram a
possibilidade de um desastre climático capaz de causar grandes destruições em
todo o planeta, a ocorrer dentro de algumas décadas no continente americano do
norte. Enquanto os viciados em acumular riqueza contarem com a ajuda da manada
mais interessada no futebola endeusado pelos papagaios de microfone, os
hospitais ostentarão cada vez mais choro em seus corredores e as caixas-fortes
continuarão sugando a vitalidade do material humano. O ser humano ainda é tão estúpido que não
percebe a desfaçatez que é o meio social. Estes senhores e senhoras defensores
da moralidade nos assuntos públicos, apenas fingem. Caso contrário não seriam
todos admiradores ferrenhos do futebola, armadilha para prender a atenção da
manada. O futebola é o braço direito do hipnotizador que faz de bobos os seres
humanos e é impossível que babaquaras não saibam disso. É falsa a opinião dos formadores
de opinião. Válida, infelizmente, para a manada seduzida por propaganda porque,
como disse quem sabe onde tem o nariz, a propaganda é a arte de explorar a
estupidez humana.
Não existe
um só governante em todo o mundo que não se diz ter por interesse maior o
bem-estar do seu povo. É o que acontece? Não é. Mas a ninguém ocorre haver algo
de estranho nisso aí. Até escritores famosos e de grande influência não se
reservam a um recolhimento recomendado pela experiência de avô e vem a público
fazer pose para dizer que esta forma de governar é boa para o povo. O que se vê, na realidade, é mal-estar geral.
Os ricos com medo dos pobres e estes procurando infernizar os ricos com explosões.
Poucos foram os seres humanos que se dedicaram a conhecer a vida. Quem o fez
concluiu que o “resto” segue as bobagens que ouve e se dá por satisfeito. Nada
é capaz de demover o “resto” da condição de estar absolutamente convicto de ser
verdade o que alguém lhe disse sobre a existência de Deus. O “só acredito
vendo” não se aplica quando se trata de Deus e o “resto”. Multidões de bichos
xucros deslocam mundo afora para encontrar no papa a paz que levam dentro de si. A burrice não permite perceber que o papa não
consegue realizar nem seus próprios desejos. Está posta a aposta: Gente boa que
é, o papa se empenha num “desbastar de arestas” da brutalidade do capitalismo,
mas é contestado pela brutalidade dos ricos capitalistas. Se o papa conseguir
dar dignidade apenas às nossas crianças é porque Deus realmente existe. Inté.
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