Parece
indiscutível a veracidade dos milagres. Se não, como explicar que Sílvio Santos
é bilionário por distribuir presentes, que a família de Lula é bilionária com
renda proveniente de palestras (o que se pode ouvir de Lula?), e que o leite
das crianças pobres seja transformado em automóvel Lamborghini e contas nos
infernos fiscais? O vínculo entre estes acontecimentos e os milagres é que como
estes, também aqueles, para o povo, não há necessidade de explicação. Basta
aceitá-los e pronto. Um dia, infelizmente só demasiado tarde, a juventude
perceberá ser a vida diferente do que ela pensava ser. A vida não é para ser
apenas simplesmente vivida como fazem os bichos. Nós somos diferentes porque
temos uma cabeça pensante. Por que então não usá-la? Fazendo uso da capacidade
de pensar e concluir, perceber-se-á haver algo de muito errado em conduzir a
vida a um ambiente tão mesquinho espiritualmente a ponto de se considerar
peitos, bundas e bíceps motivo para ser célebre e famoso. Motivo para isso tem
que ser mais relevante do que carne porque ela secará inevitavelmente e quando
isso acontecer restarão pelancas. Como pelancas não são admiráveis, restará
frustração e um vazio que tornarão a vida desagradável, diferentemente de quando
se tem a mente elevada espiritualmente, o que se faz com o hábito de boas
leituras porque a boa leitura traz conhecimento e o conhecimento mostra não
haver motivo para vazios e angústias como o medo da morte. Pelo fato ter
aprendido um quase nada dos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber, este
ateu que tanta levar aos jovens inocentes um pouco da experiência adquirida em
oitenta anos de observação da vida escreveu à mão um pedido aos familiares para
não permitir impor-lhe sobrevida de UTI caso venha se encontrar impossibilitado
de tomar decisões.
Os
divertimentos são tão necessários quanto as reflexões, o que significa reconhecer
o fato de não ser a vida uma eterna brincadeira, embora nem de longe encará-la
com o exagero dos filósofos pessimistas citados por Henry Thomas na página 131
de História da Raça Humana. Afirmavam aqueles pensadores ser a vida um sonho
amargo do qual quanto mais depressa acordar, melhor. Um deles, Hegésias,
ensinava aos jovens que a melhor coisa que eles tinham a fazer era o suicídio. Tanto
não é assim que ele morreu de morte natural aos oitenta anos. Agiriam com maior
sabedoria a juventude se buscasse uma vida saudável entes de qualquer outra
coisa. Como não pode haver vida saudável fora de um ambiente agradável, e como
não pode haver outro tipo de ambiente senão desagradável no corre-corre
necessário à disputa por dinheiro em excesso, resulta na necessidade de substituir
o atual modo de vida de corre-corre por um menos idiota.
Confúcio afirmava
que se o governo for bom o povo será bom. Eis aí um mote sobre o qual voltar o
pensamento dará excelente resultado. Realmente, sendo necessário haver governo,
e sendo o governo que traça o caminho por onde caminhará o povo, tendo-se um
governo capaz de orientar o povo num bom caminho, ter-se-á um povo
espiritualmente desenvolvido, portanto, harmonioso e educado, portanto, bom.
Assim, juventude, que tal tirar o pensamento de “celebridades”, “famosos”,
igreja, axé, futebola, e empregá-lo na tarefa de fazer um governo bom? Inté.
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