sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ARENGA 205




Celebrar dia mundial da paz é mais uma prova do desvario humano em sua firme recusa de aceitar a realidade, preferindo a falsidade das fantasias como se a vida fosse um eterno carnaval. Pode haver maior estupidez em se acreditar haver maior vantagem em lavar escadarias de igrejas fora do salário que se recebe para isso? Não há um único dia de paz entre os seres humanos. Quando não estão guerreando estarão azeitando as armas para o próximo conflito. Tão socialmente prejudicial quanto as agressões físicas são as agressões à espiritualidade. Há mais de dois mil anos um sujeito de alta espiritualidade chamado Sócrates foi condenado à morte porque ensinava à juventude princípios espirituais que os diferenciassem dos irracionais. Como a humanidade prefere os maus aos bons, o senhor Sócrates foi condenado à morte e o comportamento de irracional perdura até hoje como prova o morticínio que toma conta do mundo. Enquanto Sócrates era condenado por pregar moralidade, os responsáveis por Fazenda e BBB são recompensados por pregar imoralidade. A beligerância, como sombra, sempre acompanhou os seres humanos no que chamam de evolução. Desde lascas de pedra, passando por pontas de pau endurecidas no fogo às armas modernas que acertam com precisão alvos em outros continentes, principalmente onde há crianças, o trabalho de matar sempre superou o de cuidar. Considerando que a paz não pode faltar para que se possa estar de bem com a vida, e que só a juventude pode mudar o mundo de guerra para um mundo pacífico, mas considerando também que só uma juventude mentalmente sadia é capaz de tal façanha, nada mudará enquanto a juventude se deixar levar por líderes que lhe conduzam à religiosidade e às guerras.

Necessário se faz um trabalho de esclarecimento capaz de substituir a cultura de antanho das guerras quando expoentes da intelectualidade afirmavam haver guerras justas e necessárias, o que não é verdade. Um general chinês, Sun Tzu, há mais de cinco séculos antes de Cristo escreveu um livrinho intitulado A Arte da Guerra onde se afirma que a guerra é de vital importância para o Estado. Entretanto, sendo a atividade do Estado proporcionar bem-estar, evidencia-se contradição em tal afirmação porque da guerra resulta desarmonia social. A verdade também muda como muda tudo na vida. O grande erro humano é apegar-se a velhas ideias. Na verdade, não há motivo para matar como fazem as feras por ser a única maneira de ter comida. A capacidade de raciocinar já devia há muito nos ter afastado dos tempos bárbaros em que multidões eram levadas ao delírio ante os espetáculos sangrentos dos Vikings e dos gladiadores. Entretanto, ainda existe a prática de cepar cabeças fora do corpo e multidões vão ao delírio quando uma bola rola pelo chão ou quando um ser humano faz desmaiar outro ser humano com um soco. Quando se trata de pessoas civilizadas toda situação pode ser resolvida sem agressões físicas. O modelo de sociedade endeusado pela papagaiada de microfone e escritores assalariados defensores do compra-compra é tão escandalosamente negativo que as pessoas consideradas mais importantes em todo o mundo são pessoas incapazes de escrever um bilhete, o que deveria ser suficiente para despertar a atenção para o fato de haver algo errado. Aliás, está tudo errado. Inté.

 
 
 



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