Celebrar
dia mundial da paz é mais uma prova do desvario humano em sua firme recusa de
aceitar a realidade, preferindo a falsidade das fantasias como se a vida fosse
um eterno carnaval. Pode haver maior estupidez em se acreditar haver maior
vantagem em lavar escadarias de igrejas fora do salário que se recebe para
isso? Não há um único dia de paz entre os seres humanos. Quando não estão
guerreando estarão azeitando as armas para o próximo conflito. Tão socialmente
prejudicial quanto as agressões físicas são as agressões à espiritualidade. Há
mais de dois mil anos um sujeito de alta espiritualidade chamado Sócrates foi
condenado à morte porque ensinava à juventude princípios espirituais que os
diferenciassem dos irracionais. Como a humanidade prefere os maus aos bons, o
senhor Sócrates foi condenado à morte e o comportamento de irracional perdura
até hoje como prova o morticínio que toma conta do mundo. Enquanto Sócrates era
condenado por pregar moralidade, os responsáveis por Fazenda e BBB são
recompensados por pregar imoralidade. A beligerância, como sombra, sempre
acompanhou os seres humanos no que chamam de evolução. Desde lascas de pedra,
passando por pontas de pau endurecidas no fogo às armas modernas que acertam
com precisão alvos em outros continentes, principalmente onde há crianças, o
trabalho de matar sempre superou o de cuidar. Considerando que a paz não pode
faltar para que se possa estar de bem com a vida, e que só a juventude pode
mudar o mundo de guerra para um mundo pacífico, mas considerando também que só
uma juventude mentalmente sadia é capaz de tal façanha, nada mudará enquanto a
juventude se deixar levar por líderes que lhe conduzam à religiosidade e às guerras.
Necessário
se faz um trabalho de esclarecimento capaz de substituir a cultura de antanho
das guerras quando expoentes da intelectualidade afirmavam haver guerras justas
e necessárias, o que não é verdade. Um general chinês, Sun Tzu, há mais de
cinco séculos antes de Cristo escreveu um livrinho intitulado A Arte da Guerra
onde se afirma que a guerra é de vital importância para o Estado. Entretanto,
sendo a atividade do Estado proporcionar bem-estar, evidencia-se contradição em
tal afirmação porque da guerra resulta desarmonia social. A verdade também muda
como muda tudo na vida. O grande erro humano é apegar-se a velhas ideias. Na
verdade, não há motivo para matar como fazem as feras por ser a única maneira
de ter comida. A capacidade de raciocinar já devia há muito nos ter afastado
dos tempos bárbaros em que multidões eram levadas ao delírio ante os
espetáculos sangrentos dos Vikings e dos gladiadores. Entretanto, ainda existe
a prática de cepar cabeças fora do corpo e multidões vão ao delírio quando uma
bola rola pelo chão ou quando um ser humano faz desmaiar outro ser humano com
um soco. Quando se trata de pessoas civilizadas toda situação pode ser
resolvida sem agressões físicas. O modelo de sociedade endeusado pela
papagaiada de microfone e escritores assalariados defensores do compra-compra é
tão escandalosamente negativo que as pessoas consideradas mais importantes em
todo o mundo são pessoas incapazes de escrever um bilhete, o que deveria ser
suficiente para despertar a atenção para o fato de haver algo errado. Aliás,
está tudo errado. Inté.
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