quinta-feira, 6 de outubro de 2016

ARENGA 321


Entre goles de uísque no ambiente agradável do Aerobar do amigão Newton, rolou esta historinha: Um sujeito e uma belíssima mulher, famosa pela sensualidade e rara beleza, por todos desejada, depois de vitimados por um naufrágio foram parar numa pequena ilha e a atração natural e irresistível do macho pela fêmea e da fêmea pelo macho acabou por levá-los ao relacionamento sexual. Decorridos dias de trepulinança, a inconformação com o mesmismo, inevitável na repetição ainda que das melhores coisas da vida, o sujeito pediu que ela se vestisse de homem (faltou a explicação de onde teria saído essa roupa de homem, mas como se trata de história, deixa prá lá). Combinaram que ela caminharia ao redor da ilha por um lado enquanto ele caminhava na direção oposta. Ao se encontrarem, fingindo falar a outro homem, ele disse: “Olha cara, tá sabendo? vou te contá: Sabe aquela gostosona, fulana de tal? Tô comendo ela, bicho!”.  Encarada apenas como piada, a historiazinha, na verdade, vai além disso porque revela a necessidade de comunicação inerente ao ser humano. Mas aqui a coisa pega para quem se ligou nos ensinamentos dos Grandes Mestres do Saber e tomou conhecimento da realidade da vida também chamada de VERDADE. Isto porque raríssimas são as pessoas que se dedicam a este aprendizado, de modo que aqueles que aprenderam a distinguir entre mentira e verdade ficam sem ter com quem partilhar as novidades. A absolutíssima maioria dos seres humanos aprendem só valer a pena se ligar em assuntos relacionados a ganhar dinheiro, futucar telefone, frequentar igrejas e terreiros de brincadeiras. Recebem uma educação tão enviesada que dela resultam comportamentos bizarros como, por exemplo, acreditar ir para um lugar de infinita boa-venturança depois de morrer, lá no alto do céu, privilégio exclusivo de pobres, quando, na realidade, pobres vão mesmo é para baixo, para um buraco chamado cova ou sepultura. Quem sobe para o céu são os ricos quando viram fumaça na cremação que custa uma nota preta. Céu de pobre é aqui mesmo. Como disse o escritor e poeta itabunense, doutor Paulo Romeu Fontes Berbet, na frase que dá nome a um dos seus poemeas, O CÉU É AQUI, O INFERNO É LÁ EM CIMA. É o título que ele dá a um dos poemas publicados no gostoso livro CONTOS E PEMAS, onde narra também suas interessantes experiências de vida com humor e bom gosto.

O aprendizado sobre a verdade é mais fácil do que o aprendizado das matérias do Enem porque grande parte deste aprendizado se faz apenas pela observação do que acontece no trajeto da vida. Não é preciso fazer calo na bunda de tanto estudar para perceber serem falsas as afirmações dos requintados eruditos ganhadores de Prêmio Nobel que garantem e assinam embaixo que a melhor forma de se viver em sociedade é competindo. Qualquer Zemané pode perceber esta realidade. Basta subir num murundu e olhar à volta. O que se vê são cadáveres de crianças atirados às praias geladas, meninas forçadas pela fome satisfazendo a bestialidade do descontrolado instinto sexual de bichos com forma de gente, meninos portando revólveres em lugar de brinquedos, ar irrespirável, rios secos ou transformados em esgoto, água de beber misturada com bosta e comida com veneno, prostitutas convertidas em “famosas” e professoras em mendigas, trabalhadores recebendo oitocentos reais por mês para trabalhar e outros ganhando milhões para brincar de correr atrás de bola, requintadíssimos estádios para brincadeiras, palácios sem conta para abrigar administradores públicos ladravazes, doentes morrendo à mingua por falta de assistência hospitalar, enriquecimento de profissionais especializados em defender bandidos com os quais dividem o produto do roubo, partidos políticos transformados em quadrilhas de bandidos, a justiça acusada de ser exercida por bandidos de toga fazendo vista grossa aos crimes dos ladrões do dinheiro de comprar o leite das crianças, jovens levados à morte trocando socos como o escocês Mike Towell que morreu aos 25 anos em consequência das lesões na cabeça sofridas durante lutas de boxe, choro e sofrimento nos corredores dos hospitais.  É o que pode ser visto do alto do murundu como resultado da vida competitiva recomendada pelas Harvards do mundo.

A humanidade não saiu ainda da fase monstruosa de se divertir vendo leões estraçalhando seres humanos. Apesar da proteção divina, das orações e do “empenho” dos administradores públicos na promoção de bem-estar social, a infelicidade tomou conta da humanidade e ela não sabe disso porque se soubesse não haveria mais festas do que reflexão sobre o que vem por aí. Tudo isto decorre das ordens que os ricos donos do mundo dão aos responsáveis pela aplicação do dinheiro público a fim de que ele tenha destino diferente daquele que que deveria ter. Entre os poucos que sabem ser possível criar uma sociedade melhor e os muitíssimos que sabem só Deus poder fazer isto há uma distância tão grande que impossibilita a comunicação entre uns e outros. Vivi esta realidade porque entre as muitas experiências desagradáveis que tive na vida, uma delas foi ser patrão. Como disse nosso poeta cantador Elomar Figueira Melo em sua bela música/poesia O PEÃO NA AMARRAÇÃO, o ideal é não ser empregado nem patrão. Por incrível coincidência, nesse exato momento em que releio estas mal traçadas para poder publicar, liguei para meu amigo Newton do Aerobar para lhe perguntar se estava de acordo que eu começasse essa arenga falando dele do jeito que comecei. Depois da autorização, eis que ele me colocou em contato com ninguém menos do que o também poeta cantador Shangai, de quem tenho a honra de ser parente e que se encontrando por aqui passou por lá para matar velhas saudades. Ao ouvir meu reclamo de desaparecer por ser importante, sua veia poética respondeu que todos somos importantes na mesma proporção. Realmente, o que falta ao ser humano é tomar consciência de ser importante e não merecer uma vida tão desgraçada que enlouquece os jovens que disparam metralhadoras sobre outros jovens.

Feito este grato parênteses e voltando ao arengamento, dizia que fui patrão como produtor de café. Por ter aprendido com os Grandes Mestres do Saber, constituirmos uma irmandade na qual ninguém é superior a ninguém, talvez por isso alguns dos empregados mesmo depois de afastados viessem vez em quando nos visitar, o que era gratificante, mas, ao mesmo tempo, embaraçoso. Diferentemente do tempo em que a gente tratava só de coisas relativas ao trabalho, durante as visitas, depois dos cumprimentos habituais era preciso ficar a inventar assuntos sobre o que falar para evitar a situação sem jeito de permanecer em silêncio, o que é desagradável. Do mesmo modo como as pessoas da alegoria da Caverna de Platão se encontravam acorrentadas para não tomar conhecimento da verdade, também agrilhoados às falsas crenças se encontra a humanidade e ai de quem tentar mostrar-lhe a verdade. Acreditando numa falsa realidade que lhes é imposta desde os primeiros lampejos de discernimento, os seres humanos vivem a mesma irrealidade em que vivia a Santa Inquisição, cuja triste história é magistralmente contada nos livros O PAPA ALEXANDRE E SUAS DUAS AMANTES e DAS BRASAS DA INQUISIÇÃO AO LEITO DA PEDOFILIA, ambos do escritor Evandro Gomes Brito, para nosso orgulho, mais um conquistense brilhante. O erro monumental de perseguir e chegar à monstruosidade de queimar na fogueira uma pessoa por constatar verdades como a de que a Terra circula em torno do Sol é o mesmo erro que leva os seres humanos à autodestruição, às orações e ao analfabetismo político.

É impossível haver comunicação entre quem sabe que a única causa de todas as dificuldades é o uso incorreto dos recursos públicos e quem está convicto de que tudo é uma questão de falta de Deus. Escritores assalariados, egressos das Harvards do mundo, em troca do dinheiro do grupelho de ricos donos do mundo provam por A mais B ser mais vantajosa a competição do que a cooperação na vida em sociedade, o que é uma verdadeira aberração ideológica aceita com tranquilidade apenas por falta do hábito de analisar as informações recebidas. Na página 64 do livro GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA ECONOMIA está dito com todas as letras que os pobres das favelas das grandes cidades não são assim tão infelizes porque é maior a infelicidade dos pobres do nordeste brasileiro. Isto é uma sacanagem que passa ao largo da percepção dos frequentadores de igreja, axé e futebola porque se eles tivessem conhecimento da verdade ensinada pelos Grandes Mestres do Saber, compreenderiam tratar-se de opinião comprada pelos ricos donos do mundo cuja monumental ignorância os faz crer ser possível eternizar uma situação na qual gatos pingados afrontam imensas multidões de necessitados esfregando-lhes na cara suas imensas riquezas. Por mais imbecil que seja a massa levada à condição de ser não pensante, um dia perceberá que nenhum Deus proverá a conta do hospital quando a velhice chegar juntamente com suas companheiras inseparáveis, as doenças. Na verdade, o mundo está em rota de colisão com uma bola de ignorância ainda maior do que o próprio mundo. O veneno do conformismo é inoculado na mente das pessoas pela prostituição da consciência. Isto é, pessoas que trocam opinião por dinheiro. Um exemplo desta maldade é a história contada e recontada como de grande sabedoria e que é a seguinte: Um pobre desgraçado que sofria a não poder mais sofrer, cansado de tantas amarguras, choramingou seu infortúnio aos pés de um dos sábios endeusados pelo tipo de literatura agraciada com Prêmio Nobel e lhe disse que seu sofrimento só não era de todo insuportável por conta de uma vaquinha que possuía e que dava um pouco de leite com o que amenizava a choradeira das suas crianças famintas. Depois de meditar um pouco, o sábio, tipo daqueles sábios que abundam nas páginas da revista americana Seleções Rider’s Digest disse ao pobre infeliz: BOTA A VACA PRÁ DENTRO DO BARRACO! Como quem só sabe obedecer dispensa a necessidade de refletir sobre a orientação recebida, como fazem os frequentadores de igreja, axé e futebola, o pobre miserável e sua miserável família passaram a conviver com a vaquinha dentro do barraco, e, como não podia ser diferente, o sofrimento multiplicou. Alguns dias depois, voltou a choramingar nos pés do “sábio” lamentando porque o sofrimento aumentou com a bosta e o mijo da vaquinha botando mais doenças nas crianças. Depois de meditar um pouco o sábio do tipo dos sábios saídos das Harvards lhe disse: TIRA A VACA DE DENTRO DO BARRACO! Com a vaquinha fora do barraco é evidente que a miséria do miserável tinha de diminuir. Com esse tipo de sacanagem os prostitutos da consciência manipulam a mente dos pobres de espírito transformando-os em mendigos de espírito a ponto de beber refrigerante porque a troco de quatro milhões Faustão manda beber, ainda que disto resulte deterioração da saúde dos jovens pobres de conhecimento e milionários em imbecilidades. É com base no conformismo de cumprir ordens que os papagaios de microfone a soldo dos agiotas dos vários tipos de crediários existentes vivem a repetir para que não se deixe de pagar as prestações. É um conformismo tão absurdo que as pseudo autoridades jogam no lombo do povo escravizado as atividades que são da competência delas, das autoridades. Andar a oitenta quilômetros nas estradas e com faróis acesos para prevenir acidentes é uma coisa absurda porque cabe ao governo manter estradas com várias pistas e bem policiadas. É assim que se previne acidentes em vez obrigar os conformados com tudo a terem de arcar com o custo da energia e o “saco” de viajar centenas de quilômetros na mesmice de oitenta. Mas, para os imbecis, trata-se de MEDIDA DE SEGURANÇA, portanto, muito bem-vinda. Do mesmo modo procedem os bancos. A pessoa tem o dinheiro, mas só pode dispor da quantia que o banco permitir. VÁ TOMÁ, PÔ! È isso que as pessoas deviam dizer ao banco em vez de se conformarem com tal absurdo. Se o sujeito é o dono do dinheiro, ele tem de poder dispor do quanto quiser porque problema de segurança é do governo e não do depositário que faz a riqueza dos banqueiros agiotas com suas monumentais contas nos infernos fiscais. O cinismo destes cretinos chega ao ponto de afirmar que o BRA de Bradesco é mesmo BRA de Brasil, o que para a massa de ignorantes é até motivo de orgulho uma vez que todos os tipos de imoralidades são “o quente” por aqui, incluindo a imoralidades da exorbitância dos ganhos bancários.

 O erro monumental de onde provêm todas as mazelas do mundo é a recusa em exercer a sagrada atividade de pensar, comportando-se como os irracionais. Nesse exato momento a papagaiada de microfone faz escarcéu em torno da necessidade de cortar gastos. Isto é uma sacanagem desse governo de banqueiros porque o corte de gastos a que se referem são aqueles que poderiam levar algum alento à classe desfavorecida de sempre. Desperdiça-se o dinheiro público de forma escandalosamente inimaginável, mas a falta de recurso se deve é à Previdência Social. Não falta dinheiro. Só que ele é usado para enriquecer inúteis “celebridades” e “famosos”, esbanjado por administradores públicos em parceria com a máfia do colarinho branco, na lambança das dívidas interna e externa, na construção de estádios autódromos, piscinas destinados às brincadeiras que fomentam o analfabetismo político de onde provem a preferência pela igreja e as brincadeiras em detrimento de fiscalizar o que está sendo feito com o dinheiro suado dos impostos. A coisa é tão esquisita que o ministro Marco Aurélio, depois de votar contra a prisão dos ladrões do erário após julgamento em segunda instância, preferindo que estes marginais muito mais prejudiciais à sociedade do que os assaltantes de bancos só fossem presos depois de toda aquela interminável arenga de mil e um “trâmites legais”. Enquanto isso, ladrões comuns que abarrotam os imundos cárceres do país, depois de cumprirem suas penas continuam amargando a prisão. Voto derrotado, felizmente, o ministro Marco Aurélio afirmou estarmos vivendo tempos estranhos. Realmente, senhor ministro, são tempos estranhíssimos estes em que a justiça passa a mão na cabeça dos responsáveis pela transformação de crianças em bandidos que morrem como moscas no veneno nas mãos de policiais que também são mortos por crianças em represália. Realmente, são tempos não só esquisitos, mas também tenebrosos. Inté.    

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