quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ARENGA 325


É simplesmente assustador o lerdo arrastar dos seres humanos no caminho da evolução espiritual. A História dá notícia de que desde quatro mil anos antes de Cristo já havia cidade com mais de mil habitantes na região mesopotâmica em função das condições regionais favoráveis à agricultura que permitiam a produção de comida. Mas o livro História Geral e do Brasil, de Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, na página 67, diz que havia por lá templos e santuários, o que nos mostra a persistência das crendices grudada como visgo na mentalidade humana que se recusa a substituir sua obscura inocência pelo esclarecimento. O livro Das Brasas da Inquisição Ao Leito da Pedofilia, do erudito escritor, advogado e professor conquistense, para orgulho de nossa região, Evandro Gomes Brito. Trabalho de profundidade sobre o que foi a Santa Inquisição, não deixa pedra sobre pedra quanto a falsidade, embuste, perversidade, criminalidade praticadas em nome da fé num Deus que na realidade nunca existiu por ser absolutamente impossível haver tanta monstruosidade num ser consciente capaz de tamanha matança, crueldade, sede de vingança e de sangue. A leitura da bíblia mostra morticínios, guerras, riquezas, tesouros, saques, coisas absolutamente do reino dos brutos seres humanos.  O que teria a dizer os frequentadores de igreja sobre os horrores praticados pela Santa Inquisição, demonstrados pelo escritor conquistense, inclusive citando as fontes de onde obteve tais informações? Diante de tudo aquilo, como pode alguém acreditar na existência de Deus? A explicação a tais questionamentos está na realidade de ser a ignorância que dita o comportamento humano, razão pela qual há tanto sofrimento no mundo. Só a boa leitura, aquela que nada tem a ver com a leitura recomendada para as crianças pelo banco Itaú, leva a conhecer a verdade. Como ignorante não lê, a massa bruta de frequentadores de igreja, axé e futebola desconhece completamente a verdade da vida, realidade que pode ser constatada no fato de não haver em todo o mundo um só ateu analfabeto.

 É lamentável a recusa do ser humano em sair da mediocridade espiritual, desperdiçando a capacidade cerebral de que dispõe em elucubrações inúteis, ou ainda pior, para produzir malefícios contra sua própria existência. A humanidade se porta com a birra de jumento empacador quando resolve não sair do lugar. Limita-se a ruminar fatos históricos que tiveram razão de ser em sua época, mas que o andar da carruagem da evolução mental tinha obrigação de fazer com que fossem analisados, medidos e pesados a fim de se concluir quanto à sua veracidade e aplicabilidade. Os seres humanos, na verdade, se encontram tão no princípio quanto estava quando mudou da individualidade para a coletividade. Falta-lhes clarividência para olhar prá frente. Vive-se a repetir o que disse fulano e cicrano. O passado deve servir apenas para mostrar os erros cometidos a fim de serem evitados. Não para se apegar nele e ficar a papagaiar o que disseram por lá. Falta o arrojo necessário às mudanças. Enfrentar sem medo as transformações, observar a sabedoria contida na verdade de ser melhor errar tentando do que permanecer no mesmismo da covardia de se aventurar na tentativa.

O que foi inovação em outras épocas já está superado. Na página 99 do livro O LIVRO DA POLÍTICA, da Editora DK Londres, que se propõe a mostrar as grandes ideias de todos os tempos consta que Thomas Hobbes chegou à conclusão de que os homens no estado de natureza, isto é, antes de estabelecer normas de convivência social, barbarizavam-se em guerras. Por acaso é diferente hoje em dia? Não é. As guerras estão aí do mesmo jeito coma estavam antes do estabelecimento das normas sociais. Se não deixa dúvida o lado positivo das ideias inovadoras do iluminismo que influenciou a formação ideológica do pensador Thomas Hobbes,  porquanto o Iluminismo levou luz às trevas das crendices medievais que afirmavam caber às divindades o destino humano, nada significou para humanidade a revolução iluminista que transferiu para os homens a responsabilidade por seu destino, como realmente é. Mas se chegar a esta conclusão naquela época merece que se tire e chapéu, a sugestão de que através de um contrato social submetendo a sociedade à autoridade e proteção de um soberano como meio de evitar a barbárie própria dos irracionais é inócua uma vez que tal barbárie ainda faz parte da natureza dos homens, sendo homem o soberano, também é portador dos mesmos defeitos de todos os homens. As guerras são declaradas justamente pelos soberanos.

O Não Matarás, então, não resiste à mais superficial análise porquanto quem assim recomendou foi justamente quem mais matou. A convicção de haver vantagem na caridade é outra demonstração de imaturidade mental porquanto é mais producente em termos de convivência, buscar uma sociedade na qual inexiste quem precise de caridade. Do mesmo modo, é inconsequência afirmar-se que sem Deus o homem estaria condenado à infelicidade ou à própria extinção porque o homem está condenado à infelicidade e à extinção apesar de ser cada vez mais forte a suposta presença do suposto Deus. Tudo que acontece é “graças a Deus” “com fé em Deus” “se Deus quiser”. A humanidade, inexplicavelmente, recusa-se a sair da burrice.

Desde tempos idos até o presente momento evita-se acionar a tecla correta, aquela que indica o caminho da verdade de ser indispensável haver interesse na administração pública por parte daqueles que fornecem os recursos para as despesas. Absurdo dos maiores é ainda serem badaladas nas universidades as afirmações de Maquiavel quanto à necessidade de ter o governante direito de esconder alguma coisa do povo. A tapeação é necessária quando se trata de criança, de ser imaturo capaz de espetar o dedo no buraco da saída de energia elétrica. Na verdade, é justamente o contrário. Nada dará certo enquanto governante e governados constituírem entidades à parte. O interesse maior na aplicação dos recursos públicos deve ser daqueles que os fornecem, razão pela qual eles precisam acompanhar o que está sendo feito pela administração pública que, por sua vez, deve fazer questão absoluta desse acompanhamento uma vez que o mal-estar social decorrente da má administração não é privilégio apenas dos governados. Mais cedo ou mais tarde ele acaba alcançando também aqueles que se acreditam imunes às consequências da má administração pública. Nesse momento, entre nós, pais de família e velhos dominados pela cultura do esconder coisas do povo aprendida desde o berço, marcham vergonhosamente na frente de policiais para tristeza não só sua e de seus familiares, mas também de quem sabe estar a origem disto tudo na educação.

A humanidade caminha por caminho errado. Quando entre os gregos surgiu a palavra “polis” para dar ideia de lugar onde vivia muita gente, deixou-se de acrescentar a ela a ideia da indispensabilidade de boa convivência entre as pessoas para que o agrupamento pudesse ter continuidade e se diferenciar dos agrupamentos dos não pensantes, onde inexiste a necessidade do “muito obrigado”, “por favor” e “com licença”. É mais claro do que água sem bosta no meu copo cristalino de cristal de beber uísque, que não pode haver vida em coletividade sem que as pessoas se respeitem mutuamente. Sem se levar em consideração a presença das outras pessoas à volta qualquer agrupamento humano equipara-se à manada. Assim, da mesma raiz que deu origem entre os gregos à palavra “polis” indicativa de ajuntamento de pessoas, posteriormente brotou outra palavra para indicar a forma na qual se orientaria a organização do ajuntamento, palavra que veio a ser “política”. É dela e não de divindades como se pensava em tempos de antanho que depende a felicidade dos humanos. Mas, uma Ciência Política dedicada a cuidar da saúde social do mesmo modo como a Ciência Médica se dedica à saúde corporal de cada indivíduo. Não a politicagem em que foi transformada a Ciência Política pelos encarregados e pô-la em prática. Inverteram de tal modo a finalidade da política que a imoralidade predomina sobre a moralidade que deve prevalecer entre seres que se pretendem civilizados. Presenciamos o absurdo de contemplar, indiferentes, administradores públicos ladravazes criando uma lei para impedir que outros administradores públicos honestos exerçam sua atividade de impedir que o erário seja roubado. Como pode ser possível tamanha burrice? A situação tornou-se tão insustentável que o presidente da nossa república de bananas, também acusado de envolvimento em ilegalidades, não consegue formar um ministério pela inexistência de pessoas honestas. Chegou a tal ridículo nosso país de triste sorte por depender o avanço civilizatório de uma triste juventude da mentalidade feita com o mesmo material encontrado nas redes de esgoto. Inté.

 

 

 

 

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