domingo, 11 de fevereiro de 2018

ARENGA 473


No frigir dos ovos, a intelectualidade dos intelectuais não ajuda em nada o homem a ter sucesso na peregrinação em busca de sua comodidade. Magnífico exemplo desta realidade nos é trazido pelo livro ESTADO GOVERNO E SOCIEDADE, do intelectualíssimo Norberto Bobbio. Embora nesta trilogia governo, estado e sociedade esteja fundamentado o bem-estar social e individual, uma vez que o primeiro depende do segundo tanto quanto o segundo depende do primeiro, ainda assim, para que estas instituições tenham êxito na função de organizar uma sociedade com um mínimo das atribulações que pipocam constantemente em virtude dos resquícios da brutalidade dos tempos de bicho que o ser humano carrega consigo e que dão causa às desarmonias, enfim, para êxito de uma administração pública capaz de organizar uma sociedade harmoniosa não se faz necessário saber que Hobbes se identifica com o Estado Absoluto, Locke com a Monarquia Parlamentar, Montesquieu com o Estado Limitado, Rousseau com a Democracia e Hegel com a Monarquia Constitucional, conforme esclarece o autor do livro citado na página 54. Tanto isto é verdade que para se socorrer do antibiótico, do transporte, do telefone e da luz elétrica não há necessidade de saber quem engendrou tais engenhocas.

Os intelectuais, na verdade, formam duas castas. Numa delas se agrupam aqueles que a troco da garantia de ter a despensa abastecida compactua com a política do momento, qualquer que seja ela, mesmo aquela que garante ser a competição a melhor forma de se viver em sociedade, absurdo dos absurdos porque esta forma e organização social resultou num tipo de sociedade idêntica à sociedade dos irracionais, constituída de predadores e presas sempre na defensiva em função do medo de um ataque que surgirá de momento para outro. Entre os intelectuais que cooperam com a política do momento encontram-se os teólogos e os pregadores de religião. Eles convencem a massa bruta de povo a esperar que seu bem-estar lhe seja entregue na bandeja em vez de buscá-lo. Por outro lado, os intelectuais que integram o segundo grupo se perdem em divagações filosóficas cujo alcance está a anos luz da capacidade mental da humanidade muito mais chegada a uma igreja, ao pão e circo e às mediocridades mentais denominadas de “celebridades” e “famosos”.

O que se faz realmente necessário é a praticidade de escancarar aos quatro ventos a realidade de se viver uma falsidade. Uma eterna ilusão tão ilusória que se admite haver pessoas que podem viver sem ter como atender suas necessidades primárias ao lado de uma futilidade tão grande que leva pessoas a fantasiar cachorros para brincar carnaval e pessoas que promovem um consumismo totalmente desnecessário cujas consequências serão desastres climáticos apavorantes. Quem viver, verá. Inté.

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