sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

ARENGA 469


              No programa Yahoo Perguntas e Respostas os participantes dão respostas bizarras sobre o que quis dizer o filósofo maluco beleza pura Friedrich Nietzsche com a frase ALGUNS NASCEM PÓSTUMOS. Embora houvesse quem afirmasse algo coerente com o motivo que levou aquele Grande Mestre do Saber a afirmar que alguns nascem póstumos, a maioria das respostas, entretanto, ficaram mesmo no campo das bizarrices comuns a este povo ainda mais infeliz do que os outros povos do mundo, absolutamente todos condenados a carregar eternamente no lombo um bando de parasitas. A situação do povo em nada difere da situação de Sísifo, condenado a carregar eternamente uma pedra para cima da montanha que rolava montanha abaixo toda vez que chegava lá. Quando se fala em Nietzsche, as poucas pessoas entre nós que sabem de quem se está falando, em função da ojeriza ao ateísmo da massa bruta de povo, estas poucas pessoas logo mencionam a loucura de Nietzsche como uma, com licença da má palavra, “Capitis diminutio” (como dizem os advogados). Na verdade, a fixação na loucura do Grande Mestre do Saber tem por finalidade enxovalhar a genialidade daquela fera da intelectualidade, cuja compreensão da vida foge inteiramente do alcance da massa bruta de perseguidores de dinheiro. Não ocorre a estas inocentes criaturas que qualquer pessoa infinitamente superior em espiritualidade tende a ser levado à loucura pelo inevitável isolamento mental a que é submetida face à impossibilidade de comunicação com as pessoas espiritualmente medíocres como são os integrantes do elemento asqueroso povo cujos festejamentos indicam ignorarem completamente a realidade de haver uma UTI à sua espera. Alguém com a inteligência e o altíssimo nível intelectual do filósofo Nietzsche ter de viver no meio de seres mentalmente medíocres como é o povo em geral corresponde à situação de alguém ainda que de baixo nível intelectual ter de viver no meio de um rebanho de bovinos ou equinos, o que o condenaria ao isolamento mental por não ter com quem se comunicar, situação aflitiva que certamente levaria este alguém à loucura uma vez que a comunicação é uma necessidade imperiosa imposta pela natureza a todo ser vivo. Tive uma experiência pessoal da impossibilidade de comunicação quando conversava com um espécime de povo que todas as segundas feiras se vestia de branco em cumprimento a uma promessa feita a determinada santidade. Eu dizia que se todos estivessem convencidos da realidade de constituirmos uma irmandade, e como tal fôssemos cooperativos em vez de competitivos, que se todos pensassem assim o mundo seria infinitamente melhor. Certamente por desprezo à minha condição de ateu, meu interlocutor fez uma expressão de deboche e exclamou: “SERÁ?”. Ora, pode alguém ter dúvida de que se nos comportássemos de forma tão harmoniosa de modo a que o incômodo de um incomodasse a todos a vida seria realmente melhor? Tal realidade, entretanto, apesar de inegável não encontra acolhimento na mente de seres humanos tão ignorantes de sociabilidade que seu egoísmo os leva a ser indiferentes ao sofrimento alheio e a buscar um bem-estar individual embora vivendo em sociedade, o que é inteiramente impossível. Há de se repetir à exaustão: OU ESTEJAMOS TODOS BEM, OU NINGUÉM ESTARÁ BEM. Não é senão a realidade de não estarmos todos bem que nosso noticiário versa exclusivamente sobre crimes. Se o egoísmo é o ponto alto da cultura capitalista que considera ser normal haver quem não possa estar bem por não ter comida na mesa, entre nós esse egoísmo leva a ultrapassar o limite da brutalidade humana quando se rouba o dinheiro do leite das criancinhas. Enquanto isso, a malta repugnante de povo conversa com estátuas, cepa fora a cabeça de outras pessoas para fazer bonito perante Deus, vai buscar proteção nas igrejas onde não raro encontra a morte para si e para os filhos que carregam escanchados no pescoço para as orações e o futebola.

O isolamento mental em que se via Nietzsche pela impossibilidade de ter com quem partilhar suas elevadas ideias levou-o a dizer que a humanidade não merece mais do que desprezo. A malta realmente desprezível de povo se refere à loucura de Nietzsche com a maldade do escárnio, o que se deve ao fato de ter ele abjurado o cristianismo como faz ao denominá-lo de Circe da humanidade, verdade cuja compreensão dista quaquilhões de anos luz dos mentalmente mesquinhos seres humanos comuns. Mas a comparação tem fundamento porque assim como Circe, a feiticeira perversa da Mitologia Grega que transformou em porcos os companheiros de Ulisses, também o cristianismo visa transformar em irracionais os seres humanos com sua apologia ao sofrimento, à miséria, ao conformismo, à fraqueza da submissão irrestrita aos desmandos que tanto beneficiam a equivocada classe desumana dos administradores públicos que por desconhecerem a necessidade de estarmos todos bem são corrompidos pela avareza e pela maldade da indiferença ante o sofrimento dos que sofrem por falta dos recursos que eles roubam despudorada e descaradamente na cara de um povo bestificadamente envolvido pelas atrações do pão e circo enquanto o futuro de seus filhos é posto em situação de perigo. Esta indiferença pode ser creditada ao fato de ter o cristianismo convencido aos sofredores do absurdo de atribuir seu sofrimento à falta de Deus em vez de atribuí-los à falta de aplicação correta do erário. O cristianismo faz crer aos sofredores o absurdo de serem eles mesmos os únicos responsáveis pelo próprio sofrimento, o que é de causar pasmo uma vez o normal é as pessoas optarem pelo bem-estar. A distância que separa a espiritualidade mesquinha da malta de frequentadores de igreja, axé e futebola, da mentalmente de Nietzsche levou o filósofo do bigodão a considerar como hiperbóreos (povo que na Mitologia Grega gozava de felicidade eterna) aqueles que se elevaram espiritualmente. Assim como na mitologia os hiperbóreos não podiam ser alcançados nem por terra nem por mar pelas pessoas comuns, também às ideias daquele Grande Mestre do Saber jamais será alcançada pela malta repugnante de povo. Desta forma, quem tem algo a ser condenado tanto pela loucura quanto pelo ateísmo é a malta ignorante em seu consumismo burro e nas não menos burras orações, e não o Grande Mestre do Saber cujo nome deve ser escrito com maiúsculas:  FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE. Inté.

 

   

Nenhum comentário:

Postar um comentário