Mais dia,
menos dia, desaparecerá nas pessoas a incapacidade de percepção que as torna
indolentes quanto às coisas da vida sobre as quais deveria recair sua principal
preocupação, ou seja, viver com o menor número possível de contrariedades. Pode
ser que a humanidade se destrua antes disso por conta justamente da incapacidade
de se ligar nas coisas mais diretamente ligadas na sua qualidade de vida. A realidade,
entretanto, mostra que embora em número insignificante em relação aos apáticos,
cada vez mais gatos pingados passam a perceber algo de equivocado que precisa
ser contestado, o que significa uma diminuição da cegueira mental em que sempre
viveram os seres humanos. Esta realidade pode ser percebida até mesmo entre
brasileiros, o povo mais estúpido do mundo. Portanto, se até néscios passam a
contestadores, evidente que jovens de sociedades menos obtusas venham a deixar
a condição reles de povo e passarem para a condição nobre de gente. A
existência de brasileiros já esclarecidos pode ser percebida, por exemplo, nos
comentários à matéria publicada no jornal Folha de São Paulo com o título Consumidor
não é bobo, sabe o que é anúncio, diz Nizan Guanaes. Pois, ao contrário da costumeira indiferença
ante as sacanagens a que são submetidos, nota-se que esta daí provocou
comentários que contrariam a malandragem nela embutida. Malandragem, sim,
porque propaganda, diz a sabedoria, não só é a arte de explorar a estupidez
humana, mas também não deixam de ser bobos todos quantos se deixam por ela
levar como sempre fizeram os consumidores que abarrotam as lojas em obediência
ao chamado da televisão que cria neles necessidades desnecessárias apenas para
satisfação da sede insaciável de empresários por dinheiro, realidade que sempre
passou ao largo da compreensão dos consumidores, mas que já começa a fazer
parte das cogitações de quem tem maior capacidade de observação, capacidade esta
demonstrada por alguns comentaristas que se manifestaram contra a safadeza sutil
embutida na declaração do senhor Guanaes, que tem a arte de fazer propaganda,
isto é, de enganar, como meio de vida. A propaganda é algo estúpido que faz
papel de bobo quem nela se liga como faz quem vota em pretendentes a cargos
eletivos por se apresentarem ao lado de iletrados jogadores de futebola,
principalmente quando esse jogador é um arrematado analfabeto político que
declara ser mais importante estádios para esporte do que hospital para cuidar
do sofrimento de quem sofre. Portanto, não deixa de ser bobo não só quem se deixa
levar por propaganda, mas também quem delas se utiliza para induzir falsas
necessidades com o intuito antissocial de ajuntar riqueza, equívoco que algum
dia levará os brutamontes espirituais que assim procedem às mesmas aflições que
a história mostra já terem passado outros incentivadores da fúria do bicho
povo. A sabedoria afirma que a mentira tem pernas curtas. O fato de ter
predominado a mentira desde que o mundo é mundo não quer dizer que assim será
eternamente. Por menor que seja a capacidade de percepção, com o tempo,
chega-se à conclusão de haver uma diferença abismal entre aquilo que nos diz
ser e aquilo que realmente é. Exemplos disto estão pelaí aos montes. Afirma-se,
por exemplo, que o bem-estar social depende de empregos para todos que dele dependem
para manter-se e aos seus, quando a realidade é ser absolutamente impossível
haver empregos para todos que necessitam deles. Portanto, tal afirmação não
passa de uma falsidade a olhos vistos. Se todas as crianças que as mães despejam
no mundo tiverem um emprego para produzir bens para enriquecer empresários o
planeta sucumbirá por absoluta incapacidade de fornecer as matérias primas
necessárias.
As duas maiores falsidades nas quais acreditam quase todos os seres
humanos podem ser vistas no quadro ridículo do Papa beijando o pé do sofredor e
na página 6 do livro A Moralidade do Capitalismo, quando afirma que sistema perverso
de administração pública rejeita o saque e o roubo comum em outros sistemas
econômicos e políticos. Ora, os sistemas econômicos são estabelecidas pelos
sistemas políticos que outra coisa não são senão uma artimanha exercida pelos
imbecis chamados de poderosos contra os imbecis chamados de povo, resultando
daí que qualquer que seja o sistema político, o sistema econômico por ele estruturado
terá sempre por objetivo esfolar o rabo do povo. E não precisa ser inteligente
para se chegar a tal conclusão porque a fato de estar nas mãos de apenas um por
cento da humanidade riqueza correspondente à riqueza de noventa e nove por
cento da humanidade é prova material desta conclusão.
A humanidade já teve tempo de sobra para perceber a falsidade dos
discursos dos falsos líderes mais conhecidos por políticos. É mesmo possível
detectar a falsidade de suas afirmação observando-se suas fisionomias durante
suas falas, o que torna ridículos os comentários de comentaristas conhecidos
como cientistas e comentaristas políticos. Sendo a política uma grande farsa,
estes senhores comentam mentiras, engodo. Desta forma, todo o bafafá de posudos
senhores cientistas e comentaristas políticos sobre os problemas decorrentes da
falta de uma política socialmente correta é tudo marola porque a política é
para ser socialmente incorreta. A vida faustosa dos políticos, sua
superioridade em relação às outras pessoas, seus privilégios, sua arrogância ao
lado de sua inutilidade, tudo isso clama por uma profunda mudança uma vez que a
incorreção da política leva seus executores a acreditarem haver pessoas que não
precisam comer. Discute-se sobre o que está errado, mas sem qualquer
preocupação com as causas destes erros, que são nada mais nem menos do que o
fato notório, visível e palpável de ter sido o mundo transformado em
propriedade privada de apenas um por cento da humanidade, objetivo funesto que
apesar de terríveis consequências é perseguido pele sistema econômico montado
pelo sistema político em todo o mundo que por sua vez é montado pelo grupinho
de embalados pelo falso sonho de felicidade comprada com riqueza. É esse
grupinho de analfabetos políticos que comanda o destino de absolutamente todos
os seres humanos, o que está completamente fora de propósito, fazendo-se
extremamente necessário que os comentários inúteis passem a ter a utilidade de se
voltarem nesse sentido. O problema é que os cientistas e comentaristas de
política têm rabo preso com o emprego que lhe dá o grupinho mantenedor da
situação atual, razão pela qual não podem ainda que sendo a favor de uma
sociedade civilizada, manifestar-se nesse sentido uma vez que empregado tem de
proceder como quer o patrão. Como não se trata de lenda, não há porque esperar
surgir um Alexandre que corte com golpe de espada esse nó feito por um Górdio
capitalista. Ele deve ser desatado pelo povo quando ele for capaz de
compreender as causas dos problemas que o infelicita e tiver sabedoria bastante
para saber que não é através de violência que se resolvem problemas. Outras
tentativas de outros povos fracassaram justamente por terem tido a brutalidade
da violência como meio para alcançar seus objetivos. É apenas uma questão de
pensar em vez de apenas se deixar levar como bosta n’água ladeira abaixo. Inté.
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