terça-feira, 17 de novembro de 2020

ARENGA 472

 Uma criancinha chorar por não tirar foto junto com Papai Noel tem uma significância monumental em termos de avanço rumo à civilização, embora passe por algo de menor importância, coisa de criança. É realmente coisa de criança. No porquê de a criança se comportar desse jeito é o reflexo da falsidade que envolve a humanidade, razão pela qual ela é tão inconsequente quanto a criança que embirra pela companhia de Papai Noel. Se a humanidade vive a falsidade de ter por objetivos maiores deus e dinheiro é porque os adultos que a integram foram crianças que aprenderam falsidades por verdades. Quando Shakespeare afirmou que o rumo em que a educação inicia o homem decide seu destina nos ensinou que o adulto resulta da criança que foi. Se às crianças é ensinado que um velho numa carroça voadora percorre o mundo em uma hora distribuindo presentes para crianças, tal criança virá a ser um adulto incapaz de dar à realidade o devido apreço.

Tudo o que serve de lastro para as crenças humanas são falsidades. Desde que se tem notícia de agrupamentos humanos são acompanhadas de notícias sobre pessoas deixando-se levar ou por lunáticos ou por espertalhões. Entre os muitos exemplos da estupidez humana que nos dá o cinema, o filme Forrest Gump mostra um maluco que desembestou numa carreira durante anos e em algum tempo havia uma multidão inteira correndo atrás dele, que ficou sem saber o que fazer quando o maluco se cansou e parou a correria. O apego às falsidades é tão exuberante que os chamamentos sensatos à realidade motivaram punição para pensadores como Cristo e Sócrates, na antiguidade, e, atualmente, para Luther King. Julian Assange e Marielle Franco. Entretanto, nunca faltaram seguidores para a insensatez das compras de Natal, turismo, pensar ou desejar ser o que não se é.

É tão falsa a formação do ser humano que a satisfação das necessidades a que estamos todos obrigados depende da esperteza e insensibilidade social para enriquecer porquanto quem não é rico fica condenado a apenas contemplar a vida sem dela participar como devia. 

 

 

 


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