quinta-feira, 4 de abril de 2024

ARENGA 722

 

              Em História da Civilização Ocidental, diz o historiador Edward MacNall Burns que a falta de preocupação com as críticas que sofria o governo do decapitado e último rei antes dos horrores da Revolução Francesa, Luís XVI, devia-se ao descaso com que era tratada a política de então, quando nobres e clero eram odiados pelo parasitismo de uma vida inútil e perdulária.

              As críticas raivosas com palavras ofensivas, inclusive de baixo calão, dirigidas às autoridades de nosso país como se vê nos comentários às notícias nos, jornais não estarão indicando estarmos enfrentando situação também bastante desconfortável a ponto de sugerir intranquilidade social? Verdade infeliz que desde o berço nosso país não tem tido sua grandiosa exuberância natural correspondida por igual grandeza moral. Em Falando Francamente, Vinicius Bittencourt afirma que em épocas do primeiro reinado, um certo estrangeiro que passara por aqui observou que honra não era o forte do brasileiro. Entretanto, como era dito no mundo de onde venho, tudo demais é sobra. No mundo de onde venho nenhum homem ouviria com a mesma indiferença as ofensas que ouvem e que não incomodam as autoridades. Livros denigrem a moral das maiores autoridades de nosso infeliz Brasil sem que nada aconteça nem aos denunciados e nem aos denunciantes.

              Se nada há que se esperar dos representantes do tradicionalismo, muito há de se esperar da juventude cujo exemplo partiu dos jovens estudantes piauienses que como saturados do que temos tido, reuniram-se e elegeram entre si uma Câmara de Deputados. Pode estar aí o germe que dará origem a um universo político onde um homem se envergonhará se chamado de ladrão.  

 

 

 

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