terça-feira, 2 de abril de 2024

ARENGA 721

 

            A humanidade se conduziu de modo desastrosamente perigoso que acabou se encontrando na situação insustentável de aglomerar em grupos imensos e tão mal planejados que se são fustigados por violência e doenças, além de muros, árvores e postes a desabar sobre ela. Como entender que o próprio homem buscou e continua buscando sua infelicidade quando pode pelo menos evitar tornar a vida tão desagradável? Se perguntar a cada indivíduo se prefere felicidade ou infelicidade a opção, naturalmente, é pela felicidade. No entanto, quando em sociedade, a opção é pela infelicidade, o que não se pode entender sem considerar em primeiríssimo lugar a monumental estupidez do ser humano, tão exorbitante que expulsa de seu meio aqueles seres espiritualmente superiores que de caju em caju aparecem e tentam em vão transmitir um pouco de lucidez na tentativa de indicar comportamentos que permitiriam forma uma sociedade de seres humanos, diferente destes agrupamentos de bárbaros  que se digladiam entre si como se ainda vivessem tempos em que não se sabia ser possível produzir o que comer.

            Pois bem, não podendo viver cada um uma vidinha própria só sua, tem-se de viver em sociedade. Porém, seres estúpidos não podem viver juntos porque cada um vai querer ser superior ao outro e tal comportamento leva o mais forte a destruir o mais fraco como se fez exterminando os índios e a inadmissível e inexplicável asneira de considerar inferiores por ser negro ou bobo o bastante para professar determinado credo religioso.  

            Assim, foi criado o impasse e não ser possível viver senão em sociedade e de ser impossível viver em sociedade sem que haja desarmonia e infelicidade. Depois de quebrar a cabeça, chegou-se finalmente a um sistema democrático capaz de resolver o impasse: escolhiam-se no grupo pessoas que trabalhassem administrando a sociedade e os demais trabalhassem e produzissem os recursos para os gastos com a administração, o que, tirando fora a estupidez, resolveria totalmente as questões da vida social, mas eis que deu no que nos conta na primeira orelha do livro A Era Do Capital Improdutivo, seu autor e mestre dos mestres Ladislau Dowbor, um destes seres iluminados cuja luta por um mundo melhor haverá de surtir efeito. Diz o mestre: “Cinco famílias lideradas por homens brancos concentram mais riqueza que metade dos habitantes do planeta”. E, em seguida: “Em todo o Ocidente, a democracia declina e perde apoio porque é vista como um regime dos ricos e corruptos”.

            Viu? Aí está o resultado da ignorância de um querer ser mais do que o outro: a estupidez fez fracassar aquilo que poderia ser algo bom: o grupo escolheria pessoas para que cuidassem da administração da sociedade enquanto que as demais cuidariam de produzir os meios que fossem necessários para assegurar que houvesse comida, moradia, vestimenta, educação, estradas e tudo mais. Mas eis que a estupidez levou tudo por enxurrada abaixo que também graças a ela (a estupidez) está levando casas e os próprios seres humanos. E aqui ó, na página 9 do livro O Que Os Donos Do Poder Não Querem Que Você Saiba, Eduardo Moreira indaga: “Por que aceitamos pagar mais de uma centena de bilhões de reais em tarifas para os grandes bancos todos os anos sem reclamar, mas paramos o país por um aumento de centavos na tarifa do ônibus?”. Afinal, fazemos parte da humanidade. A pior parte. Felizmente a juventude começa a despertar lá no Estado do Piauí.

 

  

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