sábado, 6 de abril de 2024

ARENGA 723

 

              Aos noventa e quatro anos e depois de sofrer um dos reveses da vida como todo mundo que chega à velhice, o grande artista Lima Duarte declara ser a morte o que lhe resta. Ora, Lima, você pensa, portanto, sabe que nem só a você a morte espera, mas a todos sem exceção. A diferença é que você sabe disso e os demais, como irracionais, tanto não sabem que o tempo entre nascimento e sepultura passam como se a juventude não lhes estivesse escapando a cada saracoteio dos festejamentos. Por não pensar é que o elemento esquisito povo passa seu tempo envolvido num mundo do faz-de-conta e tão distante da realidade que como fossem ainda crianças as atividades ligadas a divertimentos (muitos dos quais animalescos) merecem maior reconhecimento do que atividades que preservam ou que salvam vidas e absolutamente ninguém, nem mesmo doutores percebem haver algo de estranho em tal comportamento o que se deve à distância que os separa de livros outros que não os relacionados com sua atividade de ganhar dinheiro. Fora disso, ninguém quer saber dos mistérios nada misteriosos da vida.

              A esse respeito, aliás, o economista Eduardo Moreira ensina na página 12 do livro O Que Os Donos Do Poder Não Querem Que Você Saiba, o porquê de se dar maior importância a brincadeiras do que a coisas das quais depende à qualidade de vida e, como se sabe, à própria vida. É como se ele bancasse um Mister M da política econômica para mostrar o que está por trás do aparente mistério da supervalorização de atividades de pouca monta social. Diz o doutor Eduardo:

“Mágicos sabem que o segredo de todo truque é desviar a atenção dos espectadores para o que não importa, para que não percebam quando o truque é feito, a hora que realmente importa”. Com poucas palavras o jovem e inteligente Eduardo Moreira ensina a quem lê este pequeno livro monumental aquilo que não se aprende nas melhores universidades do mundo, mesmo porque elas são de propriedade dos donos do poder e eles não que querem que você saiba que enquanto você se ocupa de igreja ou esperneia no axé e no futebola estão acontecendo em sua vida tanta coisa do arco da velha. Que você está sendo enganado de alguma forma, inclusive ver com naturalidade o absurdo que é ser permitido que Midas tenham direito de se apropriarem de riquezas suficientes para atender todas as necessidades humanas cuja falta de atendimento é o berço da quase totalidade da desarmonia e infelicidade humanas.

              A tal respeito, aliás, na primeira orelha do livro A Era Do Capital Improdutivo, do pensador econômico Ladislau Dowbor, consta que cinco famílias concentram mais riqueza que metade dos habitantes do planeta, realidade que embora inadmissível em termos de sociedade passa indiferente pelo motivo magistralmente explicado por Eduardo Moreira, de tamanho contrassenso quanto este outro fato citado na página 13 do já mencionado livro de Dowbor: “Milhões de crianças morrem todo ano. Ao dia, cerca de cinco vezes mais do que as vítimas das Torres de Nova Iorque”.

              A propósito de tudo isto, um comentarista de notícia no Jornal Estadão a respeito do que não devia acontecer no STF disse o seguinte: PRECISAMOS REFLETIR.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário