Aos
noventa e quatro anos e depois de sofrer um dos reveses da vida como todo mundo
que chega à velhice, o grande artista Lima Duarte declara ser a morte o que lhe
resta. Ora, Lima, você pensa, portanto, sabe que nem só a você a morte espera,
mas a todos sem exceção. A diferença é que você sabe disso e os demais, como
irracionais, tanto não sabem que o tempo entre nascimento e sepultura passam
como se a juventude não lhes estivesse escapando a cada saracoteio dos
festejamentos. Por não pensar é que o elemento esquisito povo passa seu tempo
envolvido num mundo do faz-de-conta e tão distante da realidade que como fossem
ainda crianças as atividades ligadas a divertimentos (muitos dos quais animalescos)
merecem maior reconhecimento do que atividades que preservam ou que salvam
vidas e absolutamente ninguém, nem mesmo doutores percebem haver algo de
estranho em tal comportamento o que se deve à distância que os separa de livros
outros que não os relacionados com sua atividade de ganhar dinheiro. Fora
disso, ninguém quer saber dos mistérios nada misteriosos da vida.
A esse
respeito, aliás, o economista Eduardo Moreira ensina na página 12 do livro O
Que Os Donos Do Poder Não Querem Que Você Saiba, o porquê de se dar maior
importância a brincadeiras do que a coisas das quais depende à qualidade de
vida e, como se sabe, à própria vida. É como se ele bancasse um Mister M da
política econômica para mostrar o que está por trás do aparente mistério da
supervalorização de atividades de pouca monta social. Diz o doutor Eduardo:
“Mágicos sabem que o segredo de todo truque é desviar a
atenção dos espectadores para o que não importa, para que não percebam quando o
truque é feito, a hora que realmente importa”. Com poucas palavras o jovem e inteligente
Eduardo Moreira ensina a quem lê este pequeno livro monumental aquilo que não
se aprende nas melhores universidades do mundo, mesmo porque elas são de
propriedade dos donos do poder e eles não que querem que você saiba que
enquanto você se ocupa de igreja ou esperneia no axé e no futebola estão
acontecendo em sua vida tanta coisa do arco da velha. Que você está sendo
enganado de alguma forma, inclusive ver com naturalidade o absurdo que é ser
permitido que Midas tenham direito de se apropriarem de riquezas suficientes
para atender todas as necessidades humanas cuja falta de atendimento é o berço
da quase totalidade da desarmonia e infelicidade humanas.
A tal
respeito, aliás, na primeira orelha do livro A Era Do Capital Improdutivo,
do pensador econômico Ladislau Dowbor, consta que cinco famílias concentram
mais riqueza que metade dos habitantes do planeta, realidade que embora
inadmissível em termos de sociedade passa indiferente pelo motivo
magistralmente explicado por Eduardo Moreira, de tamanho contrassenso quanto
este outro fato citado na página 13 do já mencionado livro de Dowbor: “Milhões
de crianças morrem todo ano. Ao dia, cerca de cinco vezes mais do que as
vítimas das Torres de Nova Iorque”.
A
propósito de tudo isto, um comentarista de notícia no Jornal Estadão a respeito
do que não devia acontecer no STF disse o seguinte: PRECISAMOS REFLETIR.
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