terça-feira, 27 de janeiro de 2015

ARENGA OITENTA E SEIS


           Esse negócio de aniversário é uma coisa muito boba. Alguém deve ser felicitado por alguma ação que tenha praticado. A ação da qual resultou a vida do aniversariante não contou com sua participação. Do mesmo modo, a festa para a mãe, o pai, a criança, enfim, todos os festejamentos se devem exclusivamente à compra de presentes instigada pelo Mercado e sua fome insaciável de riqueza, não passando de mais um engodo esse negócio de aniversário. Além do mais, depois de passada a disposição para os requebros e a velhice chegar com as doenças, a vida não estará para comemorações, coisa que a estupidez humana desconhece totalmente. Aliás, a vida á apenas um empréstimo que logo deverá ser devolvido e os juros são pagos com sofrimentos que levam ao choro, coisa que dificilmente acontece com os outros empréstimos. É preciso dar mais força à mola que impulsiona o desenvolvimento mental. Não tem cabimento a sociedade humana no século vinte e um ainda com a mesma mentalidade dos tempos de antanho. São desanimadoras em termos de evolução espiritual as cenas de pessoas em São Paulo e Rio Grande do Sul fazendo orações e aspergindo água sobre plantas, esperando com isso influenciar as divindades para que elas façam chover. Isto era praticado pelos povos primitivos há milhares e milhares de anos. Igrejas e praças abarrotadas de pessoas louvando santos padroeiros, lavando escadas de igreja, criando mais santos a cada dia para serem louvados e mais escadas para serem lavadas, quando a única coisa que precisa de multidão e limpeza é a imundície em que foi transformada a atividade de administrar a riqueza do país. É aqui e somente aqui que está o “X” de todos os problemas porque é com dinheiro que eles são resolvidos. Entretanto, quadrilhas de politiqueiros, de advogados, de médicos, de empreiteiros, de juízes, de planos de saúde a desbaratar a riqueza nacional, não pode sobrar dinheiro para mais nada. A que situação chegou esta terra de idiotas. É de causar espanto uma sociedade onde há bandidos em todas as instituições. Esta terra de manada é de fazer vergonha. Chegou ao cúmulo de premiar o ladrão do dinheiro público com uma parte do que ele roubou se ele disser onde escondeu o produto do roubo. Só nesse país de parvos se admite tal absurdo. Um golpe de Estado patrocinado pelos Estados Unidos na América do Sul no século passado massacrou em torturas jovens brasileiros bem intencionados quanto ao destino do seu país para denunciar seus companheiros na luta por um Brasil melhor, enquanto um bandido da pior espécie é recompensado por desbaratar uma montanha de dinheiro do povo idiota que nem sabe disso porque prefere saber onde será o próximo requebramento de quadris.

É muito desagradável para quem lê e adquire algum conhecimento ter de viver em meio a tanta gente inteiramente incapaz do mais breve lampejo de inteligência. É burrice prá todo lado. Acabo de ligar para o escritório de assistência à internete e a moça disse que vai “estar verificando o problema”. Ora, essa construção é da língua inglesa, mas como o brasileiro ainda tem muito de macaco, não serve simplesmente “vou verificar”.

É triste ver um país tão belo como o nosso ser transformado no lugar mais indigno do mundo graças a um povo tão indigno que é taxado de indigno por homens dignos sem nenhuma objeção por parte destes integrantes de manada. O historiador Laurentino Gomes foi quem com maior desenvoltura mostrou de onde vem a desqualificação desse agrupamento de ignorantes: os portugueses. Não é senão daqueles que nos ensinaram os primeiros passos, também conhecidos por suas trabalhadas, e é também deles que vem nossa propensão gastronômica do peru. A consagração de Lula como doutor demonstra bem que aquele povo da terra de Camões tem acentuada preferência por porcaria. O dicionário dá à palavra “doutor” os significados de douto em ciências e letras ou portador de título universitário, casos em que o Lula não se enquadra absolutamente como apenas alfabetizado que é. Mas também pode a palavra significar ignorante e pretencioso, além de bacio. Bacio é um vasilhame usado para receber dejetos humanos quando não há latrinas. Então, em vista de expressar situações opostas a palavra com a qual os portugueses homenageiam Lula, qual a situação mais apropriada para ele? São ou não são doutores em trapalhadas os portugueses?

É de lá, dos portugueses, que vem nossa desqualificação. Está aí um enorme festejamento pelo aniversário da Cidade de São Paulo. As rádios fazem enorme barabadá em torno da folia. São pessoas declarando amor a São Paulo num grande estardalhaço de alegria. A notícia de que haverá um festival gastronômico no Minhocão pelo aniversário daquela cidade deixa curiosidade sobre o que vai ser servido, tendo em vista a propensão gastronômica do peru que os portugueses nos legaram. Na verdade, não há motivo para tal festejamento face à situação de caos e perigos para a população daquela cidade. Não se trata de ofender os paulistas ou paulistanos, ao contrário, a tentativa desses escritos mal-amanhados daqui visam tão somente mostrar aos jovens muitas atitudes desinteligentes assumidas por inexperiência, mas que se substituídas por atitudes inteligentes e bem pensadas serão capazes de arrancar pela raiz todo o mal que infelicita a humanidade. O advogado, poeta, e meu amigo, Raimundo Cunha, afirma que amigo não é o que enxuga as lágrimas, mas sim o que as evita. Tomando-se por base essa verdade poética, é preciso sacudir os jovens, todos eles, principalmente os de São Paulo, por serem as maiores vítimas da perversidade desse sistema que ensina os jovens a trocar saúde por dinheiro. “Segundo especialista, há risco de entrar bactérias, ar e até esgoto nas tubulações em virtude da redução da pressão”. Esta notícia da imprensa se refere à situação da falta de água em São Paulo, e deveria ser motivo suficiente para substituir as festas por responsabilidade e trabalho. Está faltando um parafuso na cuca de quem ama uma cidade que serve a seus habitantes água misturada com esgoto.

 É lá em São Paulo onde os jovens são transformados com mais vigor em robôs de produzir dinheiro e infelicidade, é lá onde se respira, come e bebe maior quantidade de veneno, e é por isso que os jovens de SP precisam ainda mais de proteção. Em virtude da vida atribulada que levam, chegarão mais depressa ao corredor do hospital para chorar. Os habitantes de SP correm risco de vida até por andar nas ruas quando podem ser tragados por alguma cratera que se abre repentinamente ou pela violência incontrolável. Além disso, a absolutíssima maioria terá grandes sofrimentos no momento inevitável de reparar os danos provenientes da velhice. A maldade é muito grande naquela cidade onde só o dinheiro conta. Paguei no hospital Sírio Libanês a quantia de mais de quatrocentos reais por um exame de estômago. De volta para casa, recebo uma cobrança de mais de dois mil e cem reais por conta do mesmo exame. Paga esta extorsão, chega outra cobrança de mais quatrocentos reais por conta do mesmo exame. Fico imaginando quantos mais chegarão. Quantos jovens alegres agora terão condições de cuidar da saúde quando chegar a velhice? Embora a burrice os leve aos festejos, quem enxerga um pouco mais longe do que eles deve avisá-los da verdade sobre sua cidade e seu futuro. Quem avisa no sentido de evitar futuras lágrimas é por ser amigo, e não inimigo. Pergunte ao advogado e poeta Raimundo Cunha. Inté.

 

 

 

 

     

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