sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

ARENGA OITENTA E TRÊS


Uma geração de analfabetos. Este é o título da reportagem de Alex Ferraz na Tribuna da Bahia do dia 15/01/015, que começa assim: Quinhentos mil estudantes tiram zero na redação do Enem. O ministro da Educação, Cid Gomes (até hoje não entendi, de verdade, essa escolha de Dilma), culpa o tema (Publicidade infantil no Brasil). Discordo do ministro.”

E nem podia ser outra a opinião de discordância do jornalista bisbilhotador que sabe onde tem o nariz porque as quinhentas mil notas zero se devem exclusivamente à absoluta falta de conhecimento dos jovens que chega ao extremo de não saber a diferença entre “come” e “comer”. Como afirma o jornalista, qualquer que fosse o tema, o resultado seria desastroso. Ele não disse, porque não precisa ser dito, que a nota seria boa se o assunto fosse, por exemplo, o seguinte: “Qual o jogador de futebola que não usa cueca e qual a famosa que não corta os pelos da perseguida?” Muitos pensadores afirmaram ser a ignorância a causa de todos os males que atormentam a humanidade, e não é outra senão a ignorância monumental da juventude a causa de haver o Brasil se transformado num pardieiro de ladrões e canalhas de todo tipo. A deformação moral que orientou os primeiros passos do Brasil foi inflada ao longo de sua história em vez de ser combatida, até chegar ao ponto máximo de degeneração a que podia chegar. Por aqui está tão difícil encontrar alguém idôneo que para ocupar cargo público o pretendente precisa apresentar Folha Corrida provando ainda não ter virado ladrão como é a regra ditada pela cultura de ratazana que integra nossa personalidade. A bandalheira toda provém exatamente da ignorância, companheira do analfabetismo que leva os jovens à condição de alienados tão fora da realidade da vida que suas companhias preferidas são telefone, “famosos” e “celebridades”.  Se pela personalidade de alguém é possível conhecer a personalidade de quem anda com esse alguém, fica explicada a mediocridade intelectual da juventude pelas suas companhias entre as quais se incluem BBB, Fazenda e baixarias de todo tipo encontradas nas redes sociais em decorrência da  inimizade colocada entre a juventude e os livros. Eles são a única companhia capaz de superar a ignorância que prejudica tanto a sociedade e, em especial, às poucas pessoas esclarecidas. Será que a juventude faz opção por ser burra, ou será que a burrice lhe é implantada por alguma força maligna? Acerta quem opta pela segunda hipótese, e esta força maligna vem de interesses escusos da politicagem e da religião, irmãs gêmeas que são. Na televisão, através dos papagaios de microfone, aprende-se que a prostituição é arte refinada e digna de ser assistida e almejada pela família cujas mulheres postam fotos nuas como meio da projeção social que passou a ser medida pelo tamanho da bunda sempre em destaque nas fotos, sendo suficiente aparecer nua na revista para ser famosa e virar “celebridade”, enquanto os homens exibem músculos e também muita burrice.  A esse mundo fútil credita-se a burrice dos jovens porque a burrice é condição indispensável para que as ações dos bandidos travestidos de políticos, chefes religiosos e empresários possam ter campo livre por debaixo dos panos sem despertar qualquer interesse dos prejudicados, o que levou o governador de São Paulo a levantar o espectro da guilhotina se o povo deixar de ser tão burro e der uma olhadinha no que se passa por lá.  
É a força da burrice que leva a juventude a ser incapaz de entender coisas como a afirmação do filósofo Bertold Brecht de ser o político corrupto um vigarista, pilantra, e lacaio das empresas. Ao fazer esta afirmação própria de quem observa a vida, o que só acontece com quem lê livros, hábito que o sistema malandramente tornou repugnante aos jovens, o filósofo levanta a seguinte questão que passa ao largo da curta percepção deles: Sabendo-se que a palavra “lacaio” indica aquele que serve com subserviência a um senhor, e que as palavras “pilantra” e “vigarista” significam qualidades altamente negativas na personalidade de alguém, que motivos teriam as empresas para necessitar dos trabalhos de um lacaio pilantra e vigarista, se a norma é contratar pessoas portadoras de qualidades opostas? A resposta justifica a expressão “é aqui que a porca torce o rabo”, e esse rabo torcido é o rabo da sociedade que não poderá viver com dignidade enquanto não desfizer esse Nó Górdio com que as empresas ataram burrice em todos os rabos de todos os seres humanos no mundo, como explica a resposta dada por alguém a quem foi perguntado se trabalhava numa empresa de bilionários e a resposta foi outra pergunta: “E QUEM NÃO TRABALHA?” Embora para a turba, esta passagem do filme nada significa, ela expõe a realidade de que todos, absolutamente todos, dão sua parcela de contribuição para a fabricação da riqueza das empresas. Os que não contribuem com a Mais Valia, o fazem comprando tudo que a empresa manda a televisão mandar comprar.

Diferentemente do outro nó da lenda que podia ser cortado com espada, o nó que prende a sociedade à mediocridade só pode ser desfeito com inteligência e sagacidade. Afinal, depois de vividos tantos anos em guerras, é realmente preciso muita dedicação para mudar sem quebrar a mobília para uma vida de paz, tarefa a ser executada por uma juventude mais esperta do que esta que faz feio no ENEM em função do desapego aos livros ensinado pelo sistema educacional preparado pelos donos das empresas como meio de perpetuar a indiferença pelas coisas das quais dependem as ocorrências negativas que ameaçam a qualidade de vida de todos, mas que os ricos donos das empresas não acreditam atingi-los por estarem acostumados com o “jeitinho” que o dinheiro dá em tudo, ignorando que água e comida não podem ser fabricados nas fábricas. Os poucos jovens que escapam à burrice generalizada, entretanto, percebem nas palavras do filósofo a seguinte situação: A administração pública da riqueza social sempre fez vista grossa às necessidades do povo e dedicou total assistência aos ricos. Como os ricos tem fome insaciável de riqueza e são os donos das empresas,  aguçam o instinto de rato que caracteriza o brasileiro mostram vultosa soma de dinheiro aos políticos em troca de decisões que beneficiam suas empresas. Com a cueca, meias e pastas 007 cheias, o político divide por mil o valor dos bens que a empresa compra do povo, e multiplica por mil o valor dos bens que a empresa vende ao povo. É esse tipo de coisa que o governador liga à guilhotina, se o povo tomar conhecimento. Mas como futucar telefone e requebrar quadris é mais importante, tal comportamento corre livre e solto encontrando apenas pequenos obstáculos colocados por verdadeiros heróis como Joaquim Barbosa, Sergio Moro, Heloisa Helena, Eliana Calmon, em defesa de uma sociedade tão estúpida que não só lhes vira as constas, mas também os persegue.

Inteiramente insustentável, portanto, o sistema de administração pública adotado no mundo com base no sistema capitalista fundamentado nas empresas, uma vez que elas são os cupins que corroem a sustentabilidade social devorando os recursos de custear o bem-estar comunitário do qual se ressentirão todos, ricos, pobres, futucadores de telefone, e, infelizmente, os mais vulneráveis, a crianças, quando a natureza jogar sobre a humanidade o resultado de sua estupidez. Inté.

 

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