O papel que
o povo desempenha na sociedade é tão importante que a sociedade só existe em
função do povo. Sendo assim, merecerá o povo o mesmo destino de manada, também
importante pelo seu trabalho de produzir carne e leite para alimentar a
sociedade? A resposta é um categórico NÃO porque povo é formado de seres com
capacidade de pensar, raciocinar e ter sentimento, inclusive de dignidade, merecendo,
portanto, por direito e por justa razão, mais respeito e consideração. É crime
cometido contra a humanidade relegar o povo às condições a que se relega. Nos
presídios, então, o que acontece ali merece a velha expressão “é de fazer dó” o
sofrimento daqueles infelizes. Nunca dará certo isso de considerar o povo
apenas mero fornecedor de força-trabalho, razão pela qual está fadado ao
fracasso o modelo de administração pública de todas as sociedades humanas por
não levar em consideração as necessidades e aspirações do povo ao empregar os
recursos públicos apenas em benefício de uma insignificante casta de ignorantes
de sociabilidade e impedidos pela usura de perceber estar a sociedade se
afundando em vertiginosa autodestruição por conta unicamente da exclusão social
gritante, chegando ao absurdo de serem destinados apenas 2,9% da riqueza
mundial para atender as necessidades de 69,8% da população, enquanto senhores
barrigudos fazem pose na revista Forbes ao lado de riquezas indevidamente
consideradas como de suas propriedades porque o suor derramado para produzi-las
não escorreu da cara destes imbecis, motivo pelo qual o velho Marx denunciava
de roubo, de gatunagem, a posse da sobra do produto que o trabalhador produz e
que fica com o dono do emprego, e que é, na realidade, a origem de toda
riqueza, concomitante com outros processos, todos desonestos. O certo mesmo é
que toda grande fortuna tem atrás de si uma história de indignidades.
A lembrança
dos tempos de coletores de comida faz com que ainda se acredite na necessidade
de se ajuntar riqueza como forma de segurança contra possível escassez, o que resulta
na situação insustentável registrada por um chargista retratando algumas
pessoas abastadas em luxuoso banquete enquanto se aproxima deles sorrateiramente
uma turba de outros também ignorantes, mas com a diferença abismal de ser um
grupo infinitamente maior, e, além disso, constituído de famintos. A percepção
do artista está a anos luz da falta de percepção tanto dos necessitados quanto
dos abastados. A violência crescente é prenúncio da realidade de que os
desconsiderados como seres humanos não permanecerão eternamente deslumbrados
com o falso mundo de festas, “celebridades” e “famosos” com que se tem
conseguido prender a atenção do povo com muito assunto sobre sexo, por
despertar interesse sempre, além das vulgaridades que se tornaram distração
para as famílias. Aliás, tal situação confirma ser a família o núcleo da
sociedade. Estando as famílias tão desestruturadas a ponto de os pais almejarem
os filhos em algum dos muitos tipos de prostituição à disposição, do mesmo
modo, também se encontra desestruturada a sociedade. Entretanto, embora pareça
improvável, por mais lento que possa acontecer, o esclarecimento acontece.
Vagarosamente, mas acontece. Vai aos poucos superando a obscuridade da
ignorância e a cada dia mais pessoas questionam e reivindicam direitos
usurpados pela casta que se julga tão privilegiada a ponto de se considerar
única no planeta.
Tirar
proveito da força-trabalho dos irracionais é diferente de fazer a mesma coisa
com seres humanos em virtude da capacidade de raciocinar inerente a estes
últimos. Como raciocinam muito mal em função da influência das “celebridades” e
“famosos”, chegam sempre a conclusões erradas que os leva à promover a
violência crescente como meio de manifestar seu justo descontentamento, quando
poderiam ter saciada sua sede de justiça de modo inteligente como, por exemplo,
dedicando interesse em assuntos como a fala do governador de São Paulo sobre
faltar guilhotina. Ali estão todas as causas de toda a desarrumação em que se
encontram todas as sociedades de todo o mundo. Embora tenha sido assim desde
sempre, não pode mais continuar sendo como sempre foi porque a quantidade dos
seres humanos brutos no mundo cresceu demais e nenhum ambiente sobrevive quando
superlotado de seres brutos. Certamente Deus se esqueceu de avisar quando parar
a multiplicação. A realidade é que logo
não haverá mais água para os pobres. Será que eles vão se contentar em ficar
apenas olhando os ricos nas piscinas, lugar onde a enchente não chega, enquanto
a ralé é multada pela empresa dos ricos por ter de gastar água para limpar a
lama trazida pela enchente que só chega onde há pobreza e religiosidade em vez
de piscinas?
Palmas para
quem disse ser a ignorância a causa de todos os males do mundo. É por causa
dela que em qualquer lugar onde se ajuntam várias pessoas inevitavelmente surge
desavença e confusão, razão pela qual se faz necessário um aparato legislador
para estabelecer proibições, outro aparato julgador, outro fiscalizador e ainda
outro repressor, a absorver os recursos que poderiam estar a serviço da saúde
e, principalmente da educação, porque havendo uma educação capaz de incutir nos
jovens a sabedoria necessária para lhes despertar interesse pela realidade da
vida, saberão formar uma sociedade sem conflitos. É necessário repetir à exaustão
que cada moeda gasta em educação economiza mil moedas em gastos desnecessários.
O
desconhecimento da realidade não permite ao povo religioso perceber que o poder
negativo da ignorância venceu o poder divino que atribuiu superioridade ao ser
humano quando juntamente com o sopro da vida também recebeu orientação para ser
superior aos bichos, mas o que se vê é que a ação levada a efeito com muita
astúcia e maldade por quem acredita ter a lucrar com a desavença impede a
marcha rumo à superioridade por ser a inferioridade a característica do
ambiente onde o valor pessoal é medido pela capacidade de juntar riqueza. Assim
é que a recomendação divina foi tornada sem efeito pela maldade dos ajuntadores
de dinheiro que através de suas artimanhas mantém os seres humanos no mesmo
nível dos bichos porquanto todos se estraçalham do mesmo modo. Inté.
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