Quando o
velho Marx, o amigo do mundo inteiro, concluiu ser mais importante modificar o
mundo do que interpretá-lo, teria pronunciado sentença de sabedoria superior a
todas as pronunciadas pelo rei Salomão, inclusive a de cepar o menino em duas
partes. Aliás, como a História não merece crédito integral, não dá para botar
fé na inteligência desse senhor Salomão adorador de opulência, por ser ela
inimiga figadal da harmonia social tanto quanto a pobreza absoluta preferida
por São Francisco de Assis, invenção babosa da religiosidade em sua luta insana
de fazer apologia da pobreza e com isso ajudar os ricos em sua riqueza, entre
os quais se incluem os pregadores de religião. Conta a história mal contada que
São Francisco abraçava leprosos e, apesar da pobreza extrema em que vivia, alimentava
os necessitados, deixando de explicar como o fazia se ele próprio era um
necessitado. Mas esta é outra história. A gente falava era da necessidade
inegável de se mudar o mundo. O que impede que tal mudança ocorra? A resposta é
tão clara como água limpa no meu copo de beber uísque: é que a mudança só pode
acontecer por uma ação inteligente da parte jovem do povo que é quem tem o
vigor necessário para produzir trabalho. Acontece, porém, que a juventude está impossibilitada
de exercer qualquer ação fora do campo da materialidade relacionada a dinheiro.
Sua capacidade mental foi manietada por uma força satânica proveniente do mundo
dos ricos donos do mundo que a tudo e a todos domina, inclusive a seus
provedores, que descobrirão na velhice o erro monumental de imitar o rei Midas.
Impedida de exercer a mais importante de todas as atividades, a mental, a
juventude não pode perceber a necessidade de trocar a força demoníaca da qual
resulta o mundo cão por uma força de cujo trabalho resultasse um mundo bom. E
não consegue chegar a esta conclusão porque de uma força só aparece o resultado
do seu trabalho, sendo que a força em si mesma só pode ser percebida através do
raciocínio lógico da impossibilidade de haver trabalho sem uma força que o
execute. Como o raciocínio da parte da sociedade com vitalidade bastante para
executar o trabalho de modificar o mundo, a juventude, está reduzido a igreja,
axé, futebola, “famosos”, “celebridades” e futucar telefone, resulta daí o
eterno mesmismo em que incorre o mundo, apesar de estarem certos os jovens de
serem eles os representantes da modernidade, o que é verdade apenas do lado
material da vida. Do lado espiritual, a juventude está tão empacada quanto o
burrico empacador que se recusa a sair do lugar. Como a melhor forma de
desempacar um burrico é colocar um coco verde de cansanção debaixo do rabo
dele, faz-se igualmente necessário colocar um coco verde de cansanção debaixo
do rabo da juventude.
A ação
demoníaca das forças do mal, infinitamente superiores às propaladas forças
benéficas das divindades, como se pode ver pelo estado deplorável em que se
encontra o mundo a clamar por modificação, além de sentida, pode ser vista através de sua materialização na miséria, doenças, violência,
infelicidade. Danos materiais já me atingiram diversas vezes por conta do
poderio satânico. Há uma semana ele impediu que fosse publicado um comentário
feito por mim a uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, de
propriedade dos dominados pelo complexo de Midas, como o são todos os grandes
jornais do mundo. O título da matéria era esse: Está no clima de Halloween? Mande foto para a Folha. Não havia palavra
de baixo calão no meu comentário. Nenhuma porra, nenhum puta que pariu, nenhum
filho da puta, nada disso. Apenas ponderei não devermos invejar tanto os
americanos. Como o país dos americanos é grande provedor das forças satânicas,
foi censurado meu comentário. Em outra ocorrência distante, tive que me virar
para tomar dinheiro emprestado a fim de cobrir o cheque com o qual fui obrigado
a comprar duas bonecas caríssimas, mas que ao dizer às minhas duas filhas de
três e quatro anos da minha impossibilidade de fazer aquela despesa, fui
vencido pelas lágrimas nos olhos delas, lágrimas provocadas pelo efeito da força
maligna espalhada pela papagaiada de microfone a serviço dos ricos donos do
mundo. Inté.
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