Dá o que
pensar a matéria publicada no jornal
Estado de São Paulo dando conta de que uma pesquisa revelou que 51% dos
americanos que se declaram republicanos veem a imprensa como inimiga do povo. A
imprensa capitalista é realmente inimiga do povo. Mas é intrigante o que teria
levado a massa bruta de povo a chegar a tal conclusão uma vez que povo não
pensa. Quanto maior a religiosidade de um povo, maior sua incapacidade de
pensar porque a religiosidade inibe o raciocínio quando prega a desnecessidade
de se questionar os mistérios de Deus. Assim, causa espanto ter chegado àquela
conclusão logo um povo como o americano, tão ansioso por riqueza que resumiu na
frase TEMPO É DINHEIRO sua falsa crença de ser perda de tempo parar para pensar
em qualquer outra coisa que não esteja vinculada à produção de riqueza. As
únicas queixas contra a imprensa de que se tem notícia são provenientes de
malandros alegando perseguição política. Posso estar enganado, mas nos meus
oitenta e dois anos bem vividos nos quais não faltaram experiências,
principalmente com mulheres, bons uísques e até com a maconha, experiência esta
que me mostrou ser ela tão prejudicial à saúde que aumentou muito meu problema
de estômago e os batimentos cardíacos disparavam, razão pela qual tive de
deixá-la. Infelizmente, porém, deixa-la para ser usada pelos pobres jovens que com
isso inviabilizam uma velhice menos atormentada procurando curtição sem saber
que têm na sua juventude a maior de todas as curtições. Os jovens não sabem o
quanto perdem em não adquirir conhecimento com os velhos.
Mas como nosso assunto são os americanos das bundas brancas, causa
espanto terem eles percebido ser a imprensa motivo impediente de uma sociedade
na qual seja possível viver sem o temor de ser explodido, metralhado,
esfaqueado ou esmagado por carros deliberadamente jogados sobre as pessoas. Mas
eles apenas ouviram o galo cantar. É improvável terem descoberto que o mal está
é nos proprietários dos órgãos de imprensa de um regime capitaneado pelo perverso
sistema capitalista cujo carro-chefe é o país deles, os Estados Unidos. Fica
ainda maior a estupefação diante da realidade de aparecer tal conclusão justamente
no país onde o povo é constituído da maioria religiosa, uma vez que os
religiosos são convencidos da desnecessidade de pensar para concordar com os
mistérios de Deus independentemente de qualquer questionamento.
A prejudicialidade da imprensa capitalista, apesar de artimanhosamente
sutil, pode ser percebida facilmente através do que dizem os meios de comunicação
quando afirmam serem positivas para a sociedade atividades do tipo da agiotagem
do sistema financeiro endeusado pelos banqueiros, monstros de cuja boca escorre
baba de dragão, do consumismo, do agribiuzinesse, do pão e circo, etc., por
serem atividades danosas do ponto de vista da sociabilidade da qual decorre o
bem-estar social. A sociabilidade é a matéria prima da sociedade humana. As
três primeiras atividades têm por finalidade extorquir a sociedade, usando a
derradeira para distraí-la enquanto lhe atocham o ferro no rabo e a mão no
bolso de forma tão violenta que destas atividades resulta a remessa dos
recursos públicos para as caixas-fortes dos infernos fiscais. Sabendo-se que do
mesmo jeito como a manada segue o berrante tocado pelo vaqueiro o povo também
segue o berrante tocado pela imprensa, sendo esta de propriedade dos
escravizadores do povo, os ricos donos do mundo, evidente que seu berrante toque
música que conduza a massa bruta de povo para a situação em que ele se
encontra. Isto é, convencido de haver felicidade na submissão à escravidão de
um emprego. A modalidade de escravidão moderna mantida pela lavagem cerebral
feita pelos meios de comunicação aparece de forma bem clara na profissão dos
policiais. Eles investem furiosamente contra os oprimidos como eles para
defender os opressores. Na página 77 do livro DO KZARISMO AO COMUNISMO, do
historiador Marcel Novais, temos um exemplo perfeito desta realidade quando o
autor discorre sobre a opressão do governo russo sobre o povo da seguinte
maneira: “... todas as vezes que tropas foram chamadas a reprimir
manifestações, elas o fizeram de forma eficiente e letal. Essa lealdade é
surpreendente quando se sabe que soldados recebiam pouco mais de um décimo do
que se considerava necessário para uma subsistência digna. Seus rendimentos
tinham de ser suplementados por suas famílias e pela prática comum de venderem
parte de sua ração de comida. Soldados não podiam fumar em público, nem
frequentar bares ou restaurantes. Além disso, o tratamento dispensado por
oficiais a seus subordinados costumava ser cruel”.
Não haveria total concordância com o absurdo de destruir a natureza em
troca da produção de dinheiro não fosse a lavagem cerebral pela pregação desta
cultura infeliz feita pelos meios de comunicação. Na revista Veja de 04/04/18,
em reportagem intitulada UMA NOVA CULTURA, o entrevistado, um egresso das
Harvards do mundo, portanto um pregador desta modalidade de vida infeliz,
afirma o seguinte: “... precisamos de jovens que escrevam menos artigos e
ensaios e produzam mais”. Certamente ensinar a produzir dinheiro uma vez
que é para não ensinar produzir textos literários. Do ponto de vista da
racionalidade, afirmar tal coisa é propagar a incivilização de considerar o TER
superior ao SER como determina a cultura bárbara atual que faz as pessoas
indiferentes ao sofrimento alheio.
Entretanto, determinada cultura impõe o comportamento humano até que a
sensatez discorde dela e mostre haver comportamentos mais condizentes com a
busca do bem-estar requerido por todos os seres vivos. Acontece que a sensatez
mostra de forma indiscutível não estar correto um modo de vida semelhante ao
dos irracionais, semelhança devidamente comprovada pela crueldade das
destruições das guerras. A partir do momento que parte da massa bruta de povo
perca algo da brutalidade, daí em diante nova culta toma o lugar da antiga,
como mostra o primeiro parágrafo do capítulo 15 do primeiro volume do livro
História da Civilização Ocidental, de Edward McNall Barns: “Pouco depois de
1300 havia começado a decair a maioria das instituições e dos ideais
característicos da época feudal. A cavalaria, o próprio feudalismo, o Santo
Império Romano, a autoridade universal do papado e o sistema corporativo do
comércio e da indústria iam aos poucos enfraquecendo e terminariam por
desaparecer completamente. Estava praticamente finda a grande época das
catedrais góticas, a filosofia escolástica começava a ser ridicularizada e desprezada,
e aos poucos, mas com eficácia, ia sendo minada a supremacia das interpretações
religiosas e éticas da vida. Em lugar de tudo isso, surgiam gradualmente novas
instituições e modos de pensar cuja importância é suficiente para imprimir, aos
séculos que seguiram, o cunho de uma civilização diferente”.
É justamente o de que a humanidade carece. UMA CIVILIZAÇÃO DIFERENTE,
porque não tem cabimento em qualquer lógica viverem seres capazes de raciocinar
da mesma forma como vivem os incapazes desta fabulosa dádiva natureza, tão
incapazes que dialogam com estátuas, creem haver virtude na caridade, fazem
apologia do sofrimento, consideram a si mesmos carneiros de Deus, buscam
proteção em igrejas onde não raro encontram a morte, bebem e comem água e
comida contendo veneno e bosta, além de se matarem mutuamente e involuir
espiritualmente sua juventude forma tão cruel que ela passou a ter por ídolos
pessoas mentalmente insignificantes, as tais de “celebridades” e “famosos”. Ante
tal realidade não se pode contestar a necessidade de uma nova cultura. Né não? Inté.
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