sábado, 5 de maio de 2018

ARENGA 485


O silêncio de Joaquim Barbosa quanto a planos para um possível governo seu como provável presidente da república tem incomodado os meios de comunicação que cobram dele pronunciamento a esse respeito. Este procedimento da imprensa é tão sem fundamento quanto aqueles que garantem ser positiva para a sociedade a agiotagem do sistema bancário ou a transformação da produção de alimento em fonte de riqueza para os multimilionários do agribiuzinesse através de conluios com autoridades do BNDES, e o endeusamento do pão e circo que elevam toupeiras intelectuais à qualidade de “famosos” e “celebridades”. A fim de dar uma importância inexistente aos espetáculos do pão o circo é que os patrões dos papagaios de microfone exigem deles expressão de alegria ao anunciar algum destes espetáculos.

Tanto não fazem sentido estas últimas informações quanto a cobrança que a imprensa faz para que o doutor Barbosa se pronuncie a respeito do que pretende fazer como presidente da república. Não precisa ser cientista de politicagem e nem mesmo ser inteligente para saber que depois de eleito candidato algum faz o que disse que faria enquanto candidato, circunstância que certamente inibe o doutor Joaquim Barbosa de fazer promessas que depois venha a não poder cumprir por força do empenho do congresso corrupto que nem de longe quer ouvir falar em moralização política, certamente uma das bandeiras empunhadas pelo doutor Joaquim Barbosa cujo empenho pelo cumprimento da lei ficou demonstrado durante o julgamento do Mensalão. Ao contrário de moralização, os políticos fazem da sociedade uma fonte inesgotável de recursos com os quais têm vida regalada. Três expoentes do nosso jornalismo, os  jornalistas Hélio Fernandes, Mauro Santayana e Ricardo Boechat mostram com clarividência cristalina esta realidade. O primeiro, através do jornal Tribuna da Imprensa, escreveu e reescreveu sobre o quanto a sociedade transferiu para políticos e apaniguados com a privatização da Companha Vale do Rio Doce. O segundo, em reportagem denominada A Crise da Razão Política e a maldição de Brasília mostrou de forma espetacular o quanto a sociedade foi explorada pela ditadura militar. O terceiro, apesar de ser um grande tagarelador, apenas com uma observação, de modo irretratável, mostrou as más intenções dos congressistas a quem já superou a fase bruta de povo e é capaz de pensar, o que fez ao observar que o partido político que tem mas parlamentares denunciados pela justiça por prática de crimes é justamente esse o partido que mais recebe proposta de filiação de parlamentares vindos de outros partidos.

Assim, um homem da envergadura moral demonstrada pelo doutor Joaquim Barbosa, cujos detratores encontraram como único fato desabonador de sua boa conduta a compra de um apartamento em Nova Iorque cujo custo cabia perfeitamente dentro de seus rendimentos. É próprio dos pequenos homens procurar denegrir a imagem dos grandes homens. Este é o motivo pelo qual os defensores do sistema corrupto encontram defeitos nos jovens da Lava Jato e no doutor Joaquim Barbosa. Entre eles encontram-se inclusive autoridades do judiciário, o que levou a ministra Eliana Calmon a firmar haver bandidos de toga. Se há o que estranhar na aquisição do apartamento em Nova Iorque é a constatação de que nem mesmo pessoa de elevada intelectualidade e notório zelo por sua sociedade escapa da cultura da paixão pelo American Way of Life. É tudo uma questão de pensar. Inté.    

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