terça-feira, 29 de maio de 2018

ARENGA 492


Para cada pretendente à presidência da república todos os outros pretendentes estão errados e só ele está certo de ter a solução para os problemas do país. Isto os identifica perfeitamente com as religiões. Buscando também cair na preferência dos contribuintes, cada uma religião se apresenta como a detentora da verdade e a única capaz de levar seus carneiros a boas pastagens. Todas as demais estariam erradas. Mas a realidade é ser tudo isto uma falsidade do tamanho do mundo. No mundo só há falsidades. Nenhum presidente e nenhuma religião presta prá nada. Se os problemas que infelicitam os seres humanos não podem ser resolvidos pelos presidentes de repúblicas porque os patrões deles, os ricos donos do mundo têm interesse na manutenção destes problemas porquanto deles se beneficiam, também não podem estes problemas serem resolvidos pela religião por se tratar do maior engodo que envolve a humanidade e ter por base a falsa ideia da existência de Deus que permanecerá viva apenas pela impossibilidade de desviar a atenção do dinheiro para se pensar sobre a vida. Por meio da tragédia Antígona, Sófocles colocou na boca da sua personagem Antígona que os tiranos precisam de um povo mudo. Esqueceu-se o Grande Mestre do Saber de que além de mudo deve também ser o povo surdo para não ouvir a voz da razão e cego para não ver sua escravidão.  A História registra que o imperador Calígula mandava matar a pauladas os artistas se o espetáculo não lhe agradasse e quando escasseava alimento para as feras da arena alimentava-as com prisioneiros. O imperador Cláudio, para inovar seus divertimentos, dezenove mil prisioneiros travavam uma batalha naval onde milhares deles morriam e navios construídos com o dinheiro do povo eram destruídos. Por aqui também, não faz muito tempo assim, um ministro da boca de chupar ovo, com o dinheiro deste povinho de triste memória, para festejar o descobrimento deste país de fazer vergonha, mandou construir uma caravela que não saiu do lugar. Decorridos milênios, a massa bruta de povo continua na mesma estupidez de fazer com que a vida intranquila seja a regra e a vida tranquila seja a exceção.

Quem consegue se desviar um pouco do caminho indicado pelo berrante dos meios de comunicação percebe que Deus pode ser incluído entre os tiranos a que se refere Sófocles. Apenas para não ter contrariada Sua vontade divina, mandou que seus puxa saco matassem a pedradas um infeliz que apanhava lenha num dia de sábado (Números: 32-36). Ser incapaz de tomar conhecimento da realidade é o verdadeiro propósito das religiões ao convencerem os incautos da desnecessidade de serem questionadas estupidezes como conversar com estátua, cepar fora a cabeça de pessoas, necessidade de dinheiro para quem apenas com a vontade construiu o universo, o luxo das igrejas e os desabamentos delas matando os carneiros de Cristo, criminosos representando Deus, coisas aceitáveis apenas pela cegueira mental.   

Que o mundo está no caminho errado a ninguém é dado desconhecer. É mais importante buscar o motivo pelo qual isto acontece do que devanear-se pelo mundo inútil da intelectualidade. Tem mais utilidade saber a causa do desaparecimento da água do que conhecer a fórmula da água. Mas a força do poder de convencimento dos meios de comunicação que pensam pela massa bruta de povo o faz crer que o errado é que é o certo, colocando em prática a máxima de que uma mentira de tanto repetida passa a ser verdade. Um pouco de reflexão sobre como têm vivido os seres humanos basta para se concluir que eles precisam ser os senhores de si mesmos em vez de necessitarem de quem lhes diga o que fazer. O ser humano precisa se convencer de estar jogando fora a nobreza com que a natureza o dotou. Não por ser a obra prima de Deus porque fisicamente nenhuma diferença distingue suas necessidades das necessidades dos bichos. Mas sim pela espiritualidade que resulta na afeição que infelizmente foi substituída pelo ódio materializado nas guerras. O homem, enfim, não deve se deixar influenciar negativamente com tanta facilidade. Na página 445 do livro História da Raça Humana, de Henry Thomas, consta que no século XVIII, em função de uma história denominada As Tristezas de Werther, escrita por Goethe, sobre um amor roxo entre os jovens Werther e Lottchen, houve pela Europa uma epidemia de suicídio de jovens que se deixaram influenciar negativamente pela infelicidade daqueles dois jovens apaixonados. Desde sempre que o sentimento do ser humano em vez de ter origem no seu interior, vem de fora para dentro em vez de vir de dentro para fora como a nau do Zé Ramalho. Desta forma, por falta de uma cultura capaz de fazer o pêndulo do convencimento pender para o lado positivo, pende para o lado negativo e torna o ser humano incapaz de gerir seu próprio destino, recebendo-o já pronto e acabado dos meios de comunicação dos ricos donos do mundo que dá ao ser humano o mesmo destino da manada rumando para o matadouro. Ao se deixar levar pelos falsos líderes e as duas invenções Deus e Mercado, ambas destinadas a manter os seres humanos conformados com a submissão ao servilismo, a humanidade demonstra a mesma falta de discernimento de uma criancinha que se deixasse levar perigosamente pela beleza do ambiente e caminhasse sempre prá frente sobre uma camada de gelo que se tornasse cada vez menos resistente pelo degelo. Desta forma, contrariando todos os princípios mais elementares, o mundo é infeliz por sua própria vontade, contrassenso impercebível apenas porque o pão e circo mantém a mente humana ligada em coisas opostas àqueles que levariam a uma sociedade civilizada. É por isso que não se desgruda do celular, dos ridículos “famosos” e “celebridades” em vez de se tomar conhecimento do que nos dizem os Grandes Mestres do Saber como Voltaire ao afirmar que todas as igrejas deveriam ser esmagadas. Nas páginas 421 a 423 de História da Raça Humana consta que no ano de 1775, em Portugal, num Dia de Todos os Santos, quando as igrejas estavam abarrotadas de fiéis (idiotas), um terremoto fez vir abaixo as igrejas que esmagaram trinta mil pessoas. A revolta de Voltaire se deveu ao fato de terem os dignitários da religião afirmaram tratar-se de punição aos pecadores. Pensando sobre aquela realidade conclui-se que o único erro das criancinhas que lá se encontravam era o fato de terem nascidas de pessoas estúpidas de uma estupidez que continua lotando as igrejas e levando idiotas com suas crianças à morte. Ao pensar no modo como vivem os seres humanos conclui-se que sua estupidez supera a estupidez de seus irmãos que não dispõem da capacidade de raciocinar. Inté.

 

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