sexta-feira, 27 de setembro de 2013

ABSURDOS


Na página 143 do livro A História da Riqueza do Homem, seu autor, Leo Huberman, nos dá notícia de que lá no começo desta armadilha dos ricos contra os pobres denominada Economia, cada vez mais pessoas discordavam tanto da teoria quanto da prática mercantilista de Adam Smith e seus seguidores. O motivo da discordância era que as pessoas sofriam com tais práticas por serem elas prejudicadas ao restringir o campo de ação das pessoas discordantes em sua atividade comercial. É racional que as pessoas rejeitem algo que lhes seja prejudicial ou danoso como faziam aqueles que eram contra o mercantilismo dos tempos de outrora. Modernamente, entretanto, percebe-se atitude contrária. Dá-se preferência aos comportamentos danosos não só no presente, mas também para o futuro dos descendentes das pessoas que assim procedem. É como se vivêssemos os últimos momentos de existência e as pessoas procurassem aproveitar estes últimos momentos para extravasar seus instintos animalescos agindo de modo totalmente oposto ao que recomenda o bom censo e a segurança dos filhos.

Tal comportamento pode ser observado naqueles que apoiam o absurdo contido na notícia dada pelo jornalista Heródoto Barbeiro, e que são a maioria absoluta, notícia publicada no Blog do Barbeiro, em matéria intitulada COPA DO MUNDO DA FIFA, sobre a situação absurda que prejudica a todos os brasileiros, mas que conta com seu apoio e até aplauso. Tal notícia nos conta o seguinte: A Arena Fonte Nova, imenso terreiro para brincadeira de futebola, construída na capital baiana ao custo de seiscentos e noventa milhões de reais, dos quais quatrocentos milhões é dinheiro do povo, será administrada por empresa privada. Além do absurdo de se queimar em brincadeira dinheiro de evitar choro no corredor do hospital, outro absurdo igualmente inexplicável e igualmente danoso para o povo é que mais dinheiro desse mesmo povo será dado à empresa privada administradora do luxuoso terreiro para brincadeiras de futebola sempre que a renda dos ingressos vendidos aos brincalhões não for suficiente para cobrir as despesas de manutenção do luxuoso estádio já denominado elefante branco. Dentro da cultura brasileira de ladroagem, alguém é capaz de não perceber haver um “jeitinho” de fazer com que a renda seja sempre deficitária? Em tal caso, todos os brasileiros, desde os que moram no Oiapoque aos que moram no Chuí irão também pagar para inflar a obesidade da corrupção na Bahia. O competente jornalista que nos dá tal notícia, não obstante o fato de também noticiar assuntos de futebola em seus noticiários, parece ser a única pessoa a se indignar com esta situação.

Como entender que o povo não se sinta incomodado com algo que é realmente de causar incômodo? Pessoas normais chegam a dar tapa na própria cara para escorraçar a muriçoca cujo zumbido as incomoda. Já o povo, é indiferente a situações muito mais danosas do que o zumbido da muriçoca.

Como explicar tal apatia pelas coisas das quais depende seu próprio bem-estar e de seus filhos? Simplesmente porque o povo não sabe estar sendo prejudicado, do mesmo modo como um surdo não poderia tomar conhecimento do zumbido da muriçoca que vai se alimentar do seu sangue e lhe fazer mal. Mas, o que impede o povo de saber estar sendo prejudicado? São as armadilhas preparadas pelo sistema de administração pública montado pelos grandes aglomerados de ricos para manter o povo afastado do conhecimento da verdade. Ainda está quente a frase do governador paulista de que se o povo soubesse o que se faz contra ele haveria de faltar guilhotina. Mas, e como funciona esse negócio de manter o povo longe da verdade? Não é de agora apenas. Sempre foi assim. O povo nunca esteve antenado com a realidade de sua vida. Sempre foi enganado. Vinícius Bittencourt nos dá um perfeito exemplo desta situação na página 119 do seu fabuloso livro Falando Francamente. Na Idade Média, esclarece o escritor e advogado, por se desconhecer a relação entre os micróbios e a peste, em vez de matar os micróbios matavam-se as mulheres às quais eram atribuídas bruxarias por se acreditar serem elas as causadoras das doenças.

Neste exato momento, vive o povo mais uma enganação com a farsa da justiça. A justiça é uma enganação tão grande quanto matar bruxas em vez dos micróbios. Embora haja gato pingado com nobreza de caráter na instância máxima da justiça nesse país de requebradores de quadris, o voto decisivo no julgamento que vem procurando há anos defender os bandidos do Mensalão foi proferido por um juiz elevado aos píncaros do bom caratismo e moralidade inabalável pelos deformadores de opinião cujas consciências estão à disposição de quem pagar mais, e cuja função é exatamente enganar o povo com brincadeiras e mentiras.

O ministro que proferiu o voto decisivo e que dificultou ou mesmo impossibilitou a condenação dos ladrões do erário é tido como um poço de moralidade e saber jurídico pelos deformadores de opinião. Pois, esta magnanimidade teve o telefone desligado na cara depois de ouvir de outro juiz, e com razão, o seguinte elogio: “VOCÊ É UM JUIZ DE MERDA”.

Esta história pode ser conhecida no jornal Tribuna da Imprensa, com o título de EM SEU LIVRO DE MEMÓRIAS, SAULO RAMOS ARRASOU CELSO DE MELO. A matéria é do jornalista Alberto Gonçalves.

O povo vive uma eterna fantasia, e esta é a razão de viver tão mal. A fantasia da religiosidade faz crer que Deus distribui carros de presente. A fantasia da política faz pessoas espertas e de baixo nível moral e nenhum senso de sociabilidade manter o povo enganado com discursos recheados de falta de correspondência na prática como o falatório de serem todos iguais perante as leis por eles criadas. A fantasia da justiça faz com que os não privilegiados pela proteção do dinheiro amargurem as agruras da masmorra, e os abençoados por tal proteção disponham de Embargos Infringentes, farsa visível no fato de haver várias opiniões científicas divergentes sobre o mesmo acontecimento. Quando uns afirmam haver crime e outros afirmam o contrário, é como se fosse possível haver várias interpretações entre Cientistas da física sobre a lei da gravidade, ou da química sobre a composição da água.

Tudo é só farsa. A da democracia nada mais é do que um tipo de escravidão que conta com o beneplácito do escravo. A população trabalha apenas para desfrute de uma insignificante minoria de espertos que acreditam poder manter tal esperteza indefinidamente sem se lembrar da possibilidade de uma Revolução Francesa em nível Mundial.

A farsa da felicidade para sempre, por sua vez, consiste em se acreditar que o vigor da juventude não chegará aos males de Parkinson e Alzheimer, ao diabetes, à hemodiálise, aos sofrimentos que levarão os atuais jovens festivos às UTIs, às cirurgias de próstata, catarata, e na perda da audição ou dos movimentos. Do mesmo modo, a farsa da educação consiste em fazer apologia da idiotice de acumular fortunas ainda que vivendo em meio a necessitados. E, absurdo dos absurdos: aos necessitados cabe a tarefa de tomar conta de montanhas de dinheiro, na esperança de que eles se limitem apenas a zelar por elas. Inté.  

    

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