sexta-feira, 20 de setembro de 2013

FARSAS, SÓ FARSAS


Na página 143 de A História da Riqueza do Homem, seu autor, Leo Huberman, nos dá notícia de que um número cada vez maior de pessoas discordava tanto da teoria quanto da prática mercantilista de Adam Smith e seus seguidores, e explica o motivo da não concordância: é que as pessoas sofriam com elas. Na prática, tal teoria prejudicava muita gente ao restringir seu campo de ação na atividade empreendedora, e assim elas rejeitavam algo que lhes era prejudicial ou danoso. Tal comportamento indica ter havido época em que as pessoas rejeitavam o que lhes era prejudicial ou danoso, comportamento inverso ao adotado pelas pessoas dos tempos modernos, dedução a que se chega ao analisar a notícia dada por Heródoto Barbeiro no Blog do Barbeiro, em matéria intitulada COPA DO MUNDO DA FIFA, sobre a situação absurda que prejudica a todos os brasileiros, mas sem despertar indignação em ninguém: A Arena Fonte Nova, imenso terreiro para brincadeira de futebola, construída na capital baiana ao custo de seiscentos e noventa milhões de reais, dos quais quatrocentos milhões é dinheiro do povo, será administrada por empresa privada. Além do absurdo de se queimar em brincadeira dinheiro de evitar choro no corredor do hospital, outro absurdo igualmente danoso para o povo é que mais dinheiro do povo será dado à empresa privada administradora do campo de futebola sempre que a renda dos ingressos vendidos para os brincalhões brincarem não for suficiente para cobrir as despesas de manutenção do já denominado elefante branco, sem que tal fato escabroso cause indignação a ninguém. Dentro da cultura brasileira de ladroagem, alguém é capaz de não perceber haver um “jeitinho” de fazer com que a renda seja sempre deficitária? Em tal caso, o brasileiro do Oiapoque e do Chuí irá pagar para manter o elefante branco e alimentar corrupção na Bahia. O competente jornalista que nos dá tal notícia, não obstante o fato de também noticiar assuntos de futebola em seus noticiários, parece ser a única pessoa a se indignar com esta situação. Como entender que o povo não se sinta incomodado com algo que é realmente de causar incômodo? Pessoas normais chegam a dar tapa na própria cara para escorraçar a muriçoca cujo zumbido as incomoda. Já o povo, entretanto, é indiferente a situações muito mais danosas do que o zumbido da muriçoca.

Como explicar tal apatia pelas coisas das quais depende seu próprio bem-estar e de seus filhos? Simplesmente porque o povo não sabe estar sendo prejudicado, do mesmo modo como um surdo não poderia tomar conhecimento do zumbido da muriçoca que vai se alimentar do seu sangue e lhe prejudicar. Mas, o que impede o povo de saber estar sendo prejudicado? São as armadilhas preparadas pelo sistema de administração pública montado pelos grandes aglomerados de ricos para manter o povo afastado do conhecimento da verdade. Mas, e como funciona esse negócio? Esse negócio não é de agora apenas. Sempre foi assim. O povo nunca esteve antenado com a realidade de sua vida. Sempre foi enganado. Vinícius Bittencourt nos dá um perfeito exemplo desta situação na página 119 do seu fabuloso livro Falando Francamente. Na Idade Média, esclarece, por se desconhecer a relação entre os micróbios e a peste, em vez de matar os micróbios matavam-se as mulheres às quais eram atribuídas as bruxarias por se acreditar serem elas as causadoras das doenças.

Neste exato momento, vive o povo mais uma enganação com a farsa da justiça. A justiça é uma enganação tão grande quanto matar bruxas em vez dos micróbios. Embora haja gato pingado com nobreza de caráter na instância máxima da justiça nesse país de requebradores de quadris, o voto decisivo no julgamento que vem procurando há anos defender os bandidos do Mensalão foi proferido por um juiz elevado aos píncaros do bom caratismo e moralidade inabalável pelos deformadores de opinião cujas opiniões são trocadas por dinheiro. Pois esse poço de moralidade teve o telefone desligado na cara depois de ouvir de outro “poço de moralidade” o seguinte: “VOCÊ É UM JUIZ DE MERDA”. Esse outro “poço de moralidade”, também jurista competente nas artimanhas jurídicas, companheiro de Sarney, cujas artimanhas podem ser conhecidas no livro Honoráveis Bandidos. A história sobre o mau caratismo do ministro desempatador a favor dos criminosos do Mensalão pode ser vista no jornal Tribuna da Imprensa, com o título de EM SEU LIVRO DE MEMÓRIAS, SAULO RAMOS ARRASOU CELSO DE MELO. A matéria é do jornalista Alberto Gonçalves.

O povo vive uma eterna fantasia, e esta é a razão de viver tão mal. A fantasia da religiosidade faz crer que Deus distribui carros de presente. A fantasia da política faz pessoas espertas, de baixo nível moral e nenhum senso de sociabilidade manter o povo enganado com discursos recheados de falta de correspondência na prática como o falatório de serem todos iguais perante as leis por eles criadas. A fantasia da justiça faz com que os não privilegiados pela proteção do dinheiro amargurem as agruras da masmorra, e os abençoados por tal proteção disponham de Embargos Infringentes, farsa visível no fato de haver várias opiniões divergentes sobre o mesmo acontecimento. Os acusados são defendidos por juízes nomeados pelos próprios acusados. Seus defensores dão nó em pingo d’água em sua defesa. Quando uns afirmam haver crime e outros afirmam o contrário, é como se fosse possível haver várias interpretações entre Cientistas da física sobre a lei da gravidade, ou da química sobre a composição da água.

Tudo é só farsa. A da democracia nada mais é do que um tipo de escravidão que conta com o beneplácito do escravo. A população mundial trabalha apenas para desfrute de uma insignificante minoria de espertos que acreditam poder manter tal esperteza indefinidamente sem se lembrar de uma Revolução Francesa Mundial. Por outro lado, a farsa da felicidade para sempre consiste em se acreditar que o vigor da juventude não chegará aos males de Parkinson e Alzheimer, ao diabetes, aos sofrimentos à espera nas UTIs, nas cirurgias de próstata, catarata e na perda da audição. Do mesmo modo, a farsa da educação consiste em fazer apologia da idiotice de acumular fortunas ainda que vivendo em meio a necessitados a quem cabe a tarefa de tomar conta de montanhas de dinheiro, e esperar que estes necessitados se limitem apenas a zelar por elas. Inté.  

    

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