terça-feira, 10 de setembro de 2013

ATÉ TU, JÔ?


É verdade não ser impossível mudar o Brasil de pocilga para país honrado, embora seja difícil pela quantidade de pessoas que procuram a todo custo impedir que isto aconteça. Os próprios brasileiros inclusive, imbecilizados que estão, trabalham contra seu próprio país como fizeram ao apoiar o movimento patrocinado pelo governo americano em 1964 que matou aqueles que lutavam pela dignidade de seu torrão natal. É por isso que é extremamente desagradável para quem pensa ter de viver no meio de quem não pensa. A realidade brasileira corresponde a uma situação equivalente àquela em que uma pessoa chamada Brasil está se afogando e alguém que tenta lhe atirar uma corda salvadora fica impedido de fazê-lo pela ação contrária de um montão de outras pessoas que desejam ver a morte do desafortunado Brasil. Em um arremedo de livro que escrevi atabalhoadamente por não saber escrever, denominado A Inferioridade do Brasileiro, descrevi estas pessoas como integrantes de uma classe desclassificada moralmente a quem denominei de Prostitutos da Consciência, em virtude de receberem dinheiro em troca do trabalho nefasto de manter o povo capacitado apenas para pensar em bobagens e putarias. Se na prostituição tradicional só há imoralidade para os puritanos, na Prostituição da Consciência a imoralidade é real porque só baixeza pode ser encontrada lá. É constituída de criminosos da pior espécie porque assassinam o futuro das próximas gerações. Vendem suas consciências aos ricos e a alma ao satanás para manter a mente do povo ao nível de latrina. Velhos da cabeça branca e peito safenado não se acanham de afirmar que o esporte educa ou que as peladas dão bom resultado porque de lá saem bons jogadores. É para isso que a imprensa publica ronaldinho (com minúscula) ganhando mordidinha no beiço e daniela mercury (com minúscula) querendo ficar grávida de sua amante, o que só poderia acontecer se por debaixo da saia de sua marida houver coisa diferente do que há nas outras mulheres. E olha que se trata de uma velha já avó de um neto que crescerá com que cabeça?

É com tal finalidade que as emissoras de rádio e televisão recebem montanhas de dinheiro tirado do suor dos trabalhadores idiotizados para gastar mais da metade de suas transmissões em brincadeiras e imoralidades como Fazenda e BBB. Nenhuma emissora passa mais de trinta minutos sem falar em algum tipo de brincadeira ou indecência. Quem ouve uma determinada música repetida à exaustão, acaba desapercebidamente solfejando aquela música, o que se explica pelo fato de ter ela sido tão martelada em sua mente que fica lá grudunhada. É com base nesse princípio que a Prostituição da Consciência atua incessantemente na tarefa maligna de imbecilizar com baixarias, anulando a capacidade de raciocinar. O efeito deste trabalho maldito pode ser observado quando pais de família não se incomodam em ver gastos extraordinários em terreiros para execução de brincadeiras, cujos executores recebem salários astronômicos e até viram reis, enquanto escolas que deveriam fazer de seus filhos pessoas civilizadas são sucateadas, hospitais são transformados em vale de lágrimas, presídios que deveriam ressocializar os infelizes excluídos da sociedade os embrutecem ainda mais.

A última cena terrivelmente entristecedora da ação da Prostituição da Consciência que presenciei no domingo, oito de setembro, na televisão, quase me levou ao vômito. Foi patrocinada por Jô Soares e um energúmeno qualquer. O quadro visava restabelecer a figura detestável para quem pensa do repulsivo Pelé, tão ignorante que pensa sermos todos também ignorantes. Como há pessoas não ignorantes entre a massa bruta dos adoradores de energúmenos como ele e o gorducho feioso ganhador de mordidinha no beiço, ficou descabriado ao perceber sua burra mancada ao pedir que voltassem para suas casas aqueles jovens que protestavam inteligentemente contra os desmandos e em defesa do futuro de seus filhos.

O triste quadro patrocinado por Jô Soares, apresentador de um programa chatíssimo, que apresentou certa vez uma mulher cuja especialidade era confeccionar pênis de madeira, apresentou desta vez, um sujeito que afirmava ter tido todas as portas abertas ante uma dificuldade que estava encontrando para realização de seu intuito ao anunciar ser da terra do pelé (com minúscula). Ante tal estupidez, ouviu-se o alarido de aplausos programados porque não é possível haver só idiotas como espectadores. Aquele quadro é de fazer chorar. A cena desqualifica nosso país e qualifica o povo do país onde teria ocorrido o fato como também integrantes de manada. Como só vi o final e não tenho coragem de me inteirar por inteiro do assunto com medo do vômito. Ainda assim, deu para perceber tratar-se de Prostituição da Consciência.

Só bicho escuta tamanha imbecilidade sem ficar indignado. Um país que tem escritores como Machado de Assis, Mário de Andrade, Casimiro de Abreu, Monteiro Lobato, Manoel Bandeira, Lima Barreto, Paulo Freire, Oswaldo de Andrade, e, aqui entre nós, os professores e escritores Ubirajara Brito, Durval Lemos Menezes e Evandro Gomes Brito, o escritor Edmilson Santos Mover, e  tantos outros, ser reconhecido no exterior pela figura de um iletrado escoiceador de bola seria de entristecer se não se tratasse de cena forjada pela ação da Prostituição da Consciência que passa também a contar com a participação do Jô Soares, cujos livros, como disso e Millor Fernandes de referência ao livro de Sarney o Marimbondo de Fogo, é desses livros que quando a gente larga não quer mais pegar.

Atenção, jovens: dediquei minha velhice a tentar ensiná-los a pensar. Não sejam como o burro de carroça que não precisa saber o que faz. Vocês precisam saber que esses reis e rainhas da brincadeira são fabricados com o dinheiro dos impostos que vocês pagam e que são os mais elevados do mundo apenas para não deixar que vocês pensem e descubram estar tudo errado. Em terra alguma um iletrado escoiceador de bola, ou um cantador de porcaria, ou chofer que dirige em alta velocidade, ou chofer de avião bufador de fumaça colorida, ou o pipocar de fogos também coloridos, ou enfiar bola numa cesta dependurada num poste, ou fazer uma bolinha trafegar de um lado para outro sobre uma rede, ou apostar montanhas de dinheiro em cavalos corredores, ou no cachorro que chegar primeiro, ou no galo ou canário que furar primeiro o olho do outro galo ou canário, ou do sujeito que passa a vida nadando para chegar primeiro do outro lado da piscina, enfim, nenhuma brincadeira é mais importante do que seu futuro. Pense nisso. Inté.

 

 

 

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