É verdade
não ser impossível mudar o Brasil de pocilga para país honrado, embora seja
difícil pela quantidade de pessoas que procuram a todo custo impedir que isto
aconteça. Os próprios brasileiros inclusive, imbecilizados que estão, trabalham
contra seu próprio país como fizeram ao apoiar o movimento patrocinado pelo
governo americano em 1964 que matou aqueles que lutavam pela dignidade de seu
torrão natal. É por isso que é extremamente desagradável para quem pensa ter de
viver no meio de quem não pensa. A realidade brasileira corresponde a uma
situação equivalente àquela em que uma pessoa chamada Brasil está se afogando e
alguém que tenta lhe atirar uma corda salvadora fica impedido de fazê-lo pela
ação contrária de um montão de outras pessoas que desejam ver a morte do
desafortunado Brasil. Em um arremedo de livro que escrevi atabalhoadamente por
não saber escrever, denominado A Inferioridade do Brasileiro, descrevi estas
pessoas como integrantes de uma classe desclassificada moralmente a quem
denominei de Prostitutos da Consciência, em virtude de receberem dinheiro em
troca do trabalho nefasto de manter o povo capacitado apenas para pensar em
bobagens e putarias. Se na prostituição tradicional só há imoralidade para os
puritanos, na Prostituição da Consciência a imoralidade é real porque só
baixeza pode ser encontrada lá. É constituída de criminosos da pior espécie
porque assassinam o futuro das próximas gerações. Vendem suas consciências aos
ricos e a alma ao satanás para manter a mente do povo ao nível de latrina. Velhos
da cabeça branca e peito safenado não se acanham de afirmar que o esporte educa
ou que as peladas dão bom resultado porque de lá saem bons jogadores. É para
isso que a imprensa publica ronaldinho (com minúscula) ganhando mordidinha no
beiço e daniela mercury (com minúscula) querendo ficar grávida de sua amante, o
que só poderia acontecer se por debaixo da saia de sua marida houver coisa
diferente do que há nas outras mulheres. E olha que se trata de uma velha já
avó de um neto que crescerá com que cabeça?
É com tal
finalidade que as emissoras de rádio e televisão recebem montanhas de dinheiro tirado
do suor dos trabalhadores idiotizados para gastar mais da metade de suas
transmissões em brincadeiras e imoralidades como Fazenda e BBB. Nenhuma
emissora passa mais de trinta minutos sem falar em algum tipo de brincadeira ou
indecência. Quem ouve uma determinada música repetida à exaustão, acaba
desapercebidamente solfejando aquela música, o que se explica pelo fato de ter
ela sido tão martelada em sua mente que fica lá grudunhada. É com base nesse
princípio que a Prostituição da Consciência atua incessantemente na tarefa
maligna de imbecilizar com baixarias, anulando a capacidade de raciocinar. O
efeito deste trabalho maldito pode ser observado quando pais de família não se
incomodam em ver gastos extraordinários em terreiros para execução de
brincadeiras, cujos executores recebem salários astronômicos e até viram reis,
enquanto escolas que deveriam fazer de seus filhos pessoas civilizadas são
sucateadas, hospitais são transformados em vale de lágrimas, presídios que
deveriam ressocializar os infelizes excluídos da sociedade os embrutecem ainda
mais.
A última
cena terrivelmente entristecedora da ação da Prostituição da Consciência que
presenciei no domingo, oito de setembro, na televisão, quase me levou ao
vômito. Foi patrocinada por Jô Soares e um energúmeno qualquer. O quadro visava
restabelecer a figura detestável para quem pensa do repulsivo Pelé, tão ignorante
que pensa sermos todos também ignorantes. Como há pessoas não ignorantes entre
a massa bruta dos adoradores de energúmenos como ele e o gorducho feioso
ganhador de mordidinha no beiço, ficou descabriado ao perceber sua burra
mancada ao pedir que voltassem para suas casas aqueles jovens que protestavam
inteligentemente contra os desmandos e em defesa do futuro de seus filhos.
O triste
quadro patrocinado por Jô Soares, apresentador de um programa chatíssimo, que
apresentou certa vez uma mulher cuja especialidade era confeccionar pênis de
madeira, apresentou desta vez, um sujeito que afirmava ter tido todas as portas
abertas ante uma dificuldade que estava encontrando para realização de seu
intuito ao anunciar ser da terra do pelé (com minúscula). Ante tal estupidez,
ouviu-se o alarido de aplausos programados porque não é possível haver só idiotas
como espectadores. Aquele quadro é de fazer chorar. A cena desqualifica nosso
país e qualifica o povo do país onde teria ocorrido o fato como também
integrantes de manada. Como só vi o final e não tenho coragem de me inteirar
por inteiro do assunto com medo do vômito. Ainda assim, deu para perceber
tratar-se de Prostituição da Consciência.
Só bicho
escuta tamanha imbecilidade sem ficar indignado. Um país que tem escritores
como Machado de Assis, Mário de Andrade, Casimiro de Abreu, Monteiro Lobato,
Manoel Bandeira, Lima Barreto, Paulo Freire, Oswaldo de Andrade, e, aqui entre nós, os professores e escritores Ubirajara Brito, Durval Lemos Menezes e Evandro Gomes Brito, o escritor Edmilson Santos Mover, e tantos
outros, ser reconhecido no exterior pela figura de um iletrado escoiceador de
bola seria de entristecer se não se tratasse de cena forjada pela ação da
Prostituição da Consciência que passa também a contar com a participação do Jô
Soares, cujos livros, como disso e Millor Fernandes de referência ao livro de
Sarney o Marimbondo de Fogo, é desses livros que quando a gente larga não quer
mais pegar.
Atenção,
jovens: dediquei minha velhice a tentar ensiná-los a pensar. Não sejam como o
burro de carroça que não precisa saber o que faz. Vocês precisam saber que
esses reis e rainhas da brincadeira são fabricados com o dinheiro dos impostos
que vocês pagam e que são os mais elevados do mundo apenas para não deixar que
vocês pensem e descubram estar tudo errado. Em terra alguma um iletrado
escoiceador de bola, ou um cantador de porcaria, ou chofer que dirige em alta
velocidade, ou chofer de avião bufador de fumaça colorida, ou o pipocar de
fogos também coloridos, ou enfiar bola numa cesta dependurada num poste, ou
fazer uma bolinha trafegar de um lado para outro sobre uma rede, ou apostar
montanhas de dinheiro em cavalos corredores, ou no cachorro que chegar
primeiro, ou no galo ou canário que furar primeiro o olho do outro galo ou
canário, ou do sujeito que passa a vida nadando para chegar primeiro do outro
lado da piscina, enfim, nenhuma brincadeira é mais importante do que seu
futuro. Pense nisso. Inté.
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