Ao proferir
seu voto no caso estoura saco (e haja saco para ser estourado com essa história
sem fim do Mensalão), pronunciando-se a favor dos politiqueiros ladrões, o
ministro das sobrancelhas depiladas disse não lhe interessar a opinião pública.
Mas, se assim é, para que então se depila o ministro depilado, senão para se
fazer bonito ante a opinião pública? Além
disso, teria o ministro depilado coragem de dizer isso caso se encontrasse em
meio àquela multidão de um milhão de pessoas nas ruas?
O ministro
depilado vive num mundo de fantasia e por isso não sabe que o povo não sabe o
poder que tem. Embora iletrado, já tive oportunidade de comparar o poder do povo
ao poder físico de um musculoso gigante, mas de cérebro tão atrofiado que o
tornava alvo de todo tipo de escárnio e zombarias por parte de pessoas maldosas
e também de cérebro tão diminuto quando o dos politiqueiros defendidos pelo
ministro depilado. Do mesmo modo, dentro da minha insignificância intelectual,
a observação da vida durante quase oitenta anos me levou à conclusão da
soberania popular ao contemplar a significativa cena do filme O Gladiador, quando
um rei poderoso, e não apenas um ministro depilado, teve de abaixar o facho com
medo de uma revolta popular, e desistir de realizar seu intento de matar um
herói que detestava, mas que o povo adorava. Teria o ministro depilado coragem
bastante para escarnecer da opinião pública e defender os criminosos cuja ação
produz choro e mais choro nos corredores dos hospitais, se do lado de fora da porta
do tribunal por onde ele vai sair estivesse imensa multidão na qual se
encontrassem pais e mães dos mortos por falta do dinheiro roubado pelos ladrões
que contam com a defesa do ministro luzidio e depilado? Quem paga as finas
iguarias, roupas e sapatos da melhor qualidade, escola dos filhos, salão de
beleza para envernizar e depilar o ministro depilado? Não é o público? Então, é
muita ingratidão do ministro depilado desprezar quem lha paga tudo isso. É ou
não é? Inté.
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